Abuso sexual a criança de 6 anos faz talento ser ignorado em draft da MLB

Após confessar ter abusado sexualmente de uma criança de seis anos, um jogador universitário tem visto muitas portas se fecharem nos Estados Unidos. Considerado um dos melhores lançadores disponíveis no Draft da MLB, Luke Heimlich foi mais uma vez ignorado pelas franquias nesta semana e não teve seu nome escolhido para a principal liga profissional de beisebol.
Os abusos ocorreram na época em que o jogador era adolescente, entre 2009 e 2011, e viraram escândalo em 2017, quando a confissão de Heimlich veio a público. Na ocasião, o jornal Oregonian citou registros da Justiça para dar o testemunho da criança: certa vez, ela estava na cama da casa de Heimlich quando ele abaixou sua roupa e a molestou. Os documentos explicam ainda que “ela disse para ele parar, mas ele não parou”. A vítima não foi identificada pelo nome, mas é sobrinha do abusador, filha de um de seus irmãos mais velhos.
O crime continuaria longe dos holofotes se Heimlich não tivesse se enroscado com a burocracia, anos depois. Ele ainda era fichado como abusador quando passou a jogar pela Oregon State University, e por este motivo tinha o dever de avisar a Justiça sobre o seu paradeiro. Como não o fez, recebeu uma notificação judicial e teve que lidar com a polícia, o que atraiu atenção da imprensa.
Quando o caso chegou às manchetes, há um ano, Heimlich deixou o time de beisebol da Oregon State University – onde ainda joga – e preferiu não comentar. No mês passado, em entrevista ao New York Times, ele alegou que tudo não passa de “uma situação de família delicada” e insistiu não ter abusado sexualmente de sua sobrinha. “Sempre neguei que qualquer coisa tenha acontecido. Mesmo após confessar, que foi uma decisão que meus pais e eu pensamos ser a melhor para que a família seguisse em frente”, declarou.
A mãe da vítima, por outro lado, opina que “ele não deveria estar apto a jogar”. Ela se divorciou do irmão de Heimlich na época em que as denúncias surgiram e acredita que o abuso será uma ferida aberta enquanto o abusador tiver o benefício da fama. “Isso só vai passar quando Luke estiver fora dos holofotes. Se ele chegar às grandes ligas, estará nos holofotes para sempre e ela [a vítima] será lembrada em qualquer conquista que ele tiver”, lamenta.
Atualmente com 22 anos, Heimlich tinha 16 quando confessou o crime. Ele enfrentou duas acusações, mas uma foi retirada como parte do acordo judicial. O então adolescente ficou em liberdade condicional por dois anos, tomou aulas por ordem do tribunal e ficou nos registros por cinco anos como “infrator sexual nível 1” — designação usada pelo estado de Washington para abusadores considerados de baixo risco para a comunidade e que dificilmente se tornam reincidentes. Heimlich ainda teve que escrever uma carta se desculpando com a sobrinha.
Sucesso no beisebol universitário
Se o abuso sexual vai minando as chances de Heimlich no beisebol profissional, o mesmo não acontece no âmbito universitário. Ele é ídolo da Oregon State, tendo sido essencial para o título regional conquistado no último domingo (3). A equipe está entre os 16 finalistas e segue viva no mata-mata nacional da NCAA — principal torneio do gênero.
Dentro de campo, o currículo de Luke Heimlich é exemplar. Ele é considerado um dos melhores jogadores universitários dos EUA, e foi eleito o melhor lançador de 2017 entre as principais universidades. Os feitos o credenciaram como nome certo na primeira rodada do Draft do ano passado, mas sua confissão chegou ao noticiário dias antes do evento, e ele acabou voltando à universidade para seu último ano. Um ano depois, ele volta a tentar entrar na MLB; por enquanto com o mesmo fracasso.
Este é o último ano de Heimlich no esporte universitário, portanto ele perdeu sua última chance de ir à MLB por meio do Draft, que terminou na última quarta-feira (6). Em 2018, 1.204 jogadores foram selecionados por este processo, o que torna bastante improvável que os jogadores do nível de Heimlich sejam descartados. Ainda há a possibilidade de ele ser contratado à parte em uma espécie de acordo de agente livre, mas o posicionamento das franquias da liga parece bem claro neste caso.
Talento não falta a Luke Heimlich; seu grande problema são as consequências do abuso sexual e a publicidade negativa em torno do time que ousasse contratá-lo. Após um crime desta natureza, o fato de ele ter cumprido suas obrigações judiciais é suficiente? Para os times da MLB, não.
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