Alunos de direito são acusados de jogar banana para atleta negro em torneio
Alunos do curso de direito da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) foram punidos depois que vieram à tona denúncias de atos racistas durante um torneio esportivo universitário realizado no fim de semana, em Petrópolis (RJ).
As agressões racistas aconteceram no sábado e no domingo, durante partidas dos “Jogos Jurídicos Estaduais”, de acordo com estudantes que assinaram um manifesto nesta segunda-feira. De acordo com eles, uma integrante da delegação da PUC-Rio jogou uma casca de banana em direção a um atleta negro da Universidade Católica de Petrópolis. As duas universidades se enfrentavam pelo campeonato de futebol.
Indignado, o atleta tirou a camisa e postou uma foto segurando a casca. Para se preservar, ele preferiu não revelar seu nome.
A Liga Jurídica Estadual do Rio, entidade que organiza os Jogos Jurídicos, confirmou a ofensa e relatou outros dois casos. Em nota, a Liga disse que no domingo, durante a final do torneio de basquete masculino entre PUC-Rio e UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), parte da torcida da PUC-Rio imitou macacos diante dos alunos negros da UERJ. No mesmo dia, uma aluna da UFF (Universidade Federal Fluminense) também foi chamada de “macaca” por torcedores da PUC-Rio.
As denúncias ganharam grande repercussão nas redes sociais durante o fim de semana.
As três agressões motivaram a Liga a punir a delegação da PUC-Rio, que perdeu 12 pontos na classificação geral do torneio (o que lhe tirou o título) e ficará impedida de participar de competições em 2018 e em 2019.
A punição ocorreu depois de pressão pelos fundadores da campanha “Jogos sem racismo”, criada depois de casos de preconceito ocorridos em edições anteriores.
“Os jogos jurídicos universitários sempre foram um ambiente desconfortável pra pessoas negras”, disse Mariana Carlou, estudante negra de 21 anos do quinto período de direito da UERJ. “As atitudes racistas são recorrentes. Mas depois desses episódios a gente viu que era impossível pôr panos quentes, não podíamos deixar passar.”
Mariana afirmou que depois das agressões, os alunos negros que participavam dos jogos, se reuniram para um protesto e para mostrar solidariedade aos ofendidos. Eles deram as mãos em torno de uma quadra poliesportiva e entoaram as palavras de ordem: “Povo preto unido, povo preto forte, que não teme a luta, que não teme a morte.”
“Ficamos desestabilizados, tristes. A gente só conseguiu chorar, mas nos juntamos e fizemos um novo ato, para exigir uma resposta, e foi por isso que a Liga resolveu agir”, disse Mariana.
Procurada, a direção da PUC enviou uma nota oficial, na qual diz que tomou conhecimento das denúncias via redes sociais e que está apurando a responsabilidade dos envolvidos. A universidade criou uma comissão de professores que terá um prazo de 15 dias para averiguar o caso.
“Permanecemos fieis ao pioneirismo na promoção da diversidade e da igualdade racial, pois foi a PUC-Rio o berço dos pré-vestibulares comunitários para negros e carentes, a primeira instituição particular brasileira a instituir política de acesso e permanência de alunos negros e carentes, mediante concessão de bolsas de estudo, auxílio financeiro para custeio de despesas de alunos bolsistas”, escreveu a universidade.
A reportagem procurou também a Atlética da PUC-Rio, mas a presidente da organização estudantil não respondeu às tentativas de contato.
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