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A amizade de Phelps: como ele ajuda astros do esporte contra a depressão

Phelps ajuda astros do esporte como Tiger Woods e Grant Hackett - Chris Graythen/Getty Images
Phelps ajuda astros do esporte como Tiger Woods e Grant Hackett Imagem: Chris Graythen/Getty Images

Do UOL, em São Paulo

28/09/2017 04h00

O lado de maior atleta olímpico da história de Michael Phelps é mundialmente famoso, mas nem todo mundo sabe que, atualmente, o ex-nadador tem sido fundamental na vida de algumas pessoas que lutam contra a depressão. Principalmente quando se trata de outras estrelas do esporte. O americano, que já admitiu ter vontade de morrer, hoje usa sua experiência para auxiliar nomes como Tiger Woods e Grand Hackett.

Phelps já foi preso duas vezes por dirigir após usar substâncias proibidas, entre remédios e álcool. Entrou em depressão e precisou ficar internado para se recuperar. Agora, enquanto segue em sua luta pessoal, também ajuda pessoas como o golfista Tiger Woods e o ex-nadador Hackett.

O contato mais próximo com Woods começou em maio deste ano, quando o golfista também foi preso por dirigir sob efeito de remédios restritos e maconha. Phelps fez contato com Woods por meio de um amigo em comum, o comentarista de golfe Notah Begay, que conheceu o ex-nadador ao encarar o alcoolismo.

“Phelps pode oferecer uma ajuda honesta e direta, algo que só atletas do calibre dele podem fazer. Atletas com o nível deles de conquistas têm centenas de pessoas por perto tentando vender algo ou fazer alguma coisa por eles, e é difícil filtrar tudo isso e decidir o que é melhor”, opinou Begay ao “The New York Times”.

Na visão do comentarista, por ter vivido muitas glórias no esporte e ter conhecido o lado duro da fama e da depressão, Phelps tem uma função muito especial com outros esportistas que passam pela mesma dificuldade.

“Eu quero conseguir ir a público e dizer: ‘sim, eu conquistei grandes coisas na piscina, mas também sou um humano’. Enfrento as mesmas lutas que muitas pessoas nesse restaurante”, disse Phelps em conversa com um repórter do “The New York Times” e o australiano Grant Hackett.

Hackett dominou a prova dos 1.500m na natação entre 1997 e 2007, conquistando duas medalhas de ouro em Olimpíadas (2000 e 2004) e quatro títulos mundiais. É apontado como um dos maiores fundistas da história da natação, e conquistou isso mesmo enfrentando problemas pulmonares.

Mas depois de se aposentar das piscinas, Hackett passou a lidar com ansiedade e depressão. Pai de gêmeos, viu seu casamento acabar, ficou mais distante dos filhos e passou a se tornar manchete negativa nos jornais, culpa do álcool e dos remédios que consumia em excesso.

Em fevereiro deste ano, Hackett foi visitar a família na Gold Coast, na Austrália, e seu pai teve que chamar a polícia depois que o ex-nadador teve um ataque de fúria. Liberado pelas autoridades, sumiu por algumas horas e deixou a família em alerta. Ele disse que estava escondido depois da humilhação de ser levado algemado pelos policiais.

Quando ficou sabendo do ocorrido, Phelps foi atrás de Hackett oferecer ajuda. E o australiano aceitou. Viajou aos Estados Unidos e foi para uma clínica de reabilitação. O próprio Phelps dirigiu o carro até lá. Nas duas saídas a que tinha direito, foi para a casa de Phelps, onde o ex-nadador e sua mulher, Nicole, o ajudam com conversas “terapêuticas”, como eles definem.

Hoje, Hackett é frequentador tão assíduo da casa dos Phelps que, segundo ele, já recebe até cartas no endereço. “É difícil quando você fez algo que todo mundo diz ser extraordinário, mas como pessoa você não é”, desabafou Hackett. “Não importa se você é Tiger Woods ou [o cantor] Joe Blow, somos só pessoas tentando lidar com seus problemas”, completou o australiano.