Preconceito, assédio e aborto: patinadora encarou todo mundo e foi campeã
Ela é conhecida como a rebelde da patinação artística no gelo por ter enfrentado preconceito e ignorado imposições de sua federação. Foi mãe solteira, deixou seu país em busca de privacidade e se tornou bicampeã mundial. A japonesa Miki Ando passou por tudo isso antes dos 25 anos e virou um marco entre os atletas da modalidade.
Hoje aposentada de competições oficiais, prestes a completar 27 anos, Ando deixou o Japão aos 15. O motivo: já uma estrela da patinação, esporte popular no país, não aguentava o assédio da mídia e o exagero dos fãs. “Era seguida até no shopping, não podia ter uma vida normal”, contou ela.
A japonesa se mudou para os Estados Unidos e viu sua carreira decolar. Tornou-se bicampeã mundial em 2007 e 2011, além de ganhar etapas do Grand Prix e outros torneios, incluindo o tricampeonato japonês. Mas o desafio fora do gelo era tão grande quanto dentro.
A federação japonesa é conhecida por suas exigentes regras de comportamento. Talentosa, Miki Ando ignorou a cartilha de como deveria se vestir e agir. Passou a trabalhar com técnicos estrangeiros (namorou um deles, russo) e no caminho para tentar a inédita medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Inverno precisou tomar uma decisão: fazer um aborto ou deixar a patinação de lado.
Escolheu a segunda opção. “Patinar é minha vida e me trouxe até aqui. Foi difícil resolver tudo mentalmente na hora e odiei pensar que poderia dizer adeus (ao bebê), mas escolhi a vida do bebê em detrimento da patinação”, revelou em 2013, após dar à luz sua primeira filha.
A mídia japonesa começou a bombardear Miki Ando por não ser casada e sequer revelar o nome do pai de sua filha. Até hoje a identidade dele é mantida em segredo. Tal postura fez com que a federação japonesa de patinação fosse questionada se falhou ao passar valores para Miki Ando. Ela, mais uma vez, ignorou. E, para completar a “rebeldia”, hoje namora um patinador espanhol três anos mais novo.
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