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Conheça o headis, o ping-pong que usa a cabeça em vez de raquetes

Maurício Dehò

Do UOL, em São Paulo

17/03/2014 06h00

Imagine que você está com os amigos no fim de semana, louco de vontade para jogar bola. Não há campos ou quadras disponíveis, apenas uma mesa de ping-pong. O que fazer, se render mesmo ao ping-pong? Poderia ser, mas um grupo de alemães resolveu fazer diferente. Pegou sua bola e resolveu dar uma variada no “tênis de mesa”. Em vez da raquete, passou a usar a cabeça para pontuar. E gostou tanto que o idealizador da ideia está aí até hoje, querendo espalhar a modalidade até pela “terra do futebol”.

O nome é headis (head é cabeça, em inglês) e o cara por trás dessa ideia maluca é René Wegner. Ele, que é de Kaiserslautern, na Alemanha, estudava ciências do esporte na universidade quando se viu naquela situação descrita no começo do texto. E resolveu capitalizar.

“Eu sou torcedor do Kaiserslautern e cresci numa cidade com muito futebol. Você tem de curtir futebol crescendo aqui... No meu caso, praticava só por diversão, gostava mais de skate e outros esporte. Em 2006 surgiu o headis, foi um acidente”, conta Wegner.

“Vi a mesa de ping-pong e falei: ‘vamos lá tentar’. Não dava para jogar com a mão, era muito sem graça, então sugeri: ‘hei, vamos tentar com a cabeça?’. Nos divertimos muito e eu passei a usar o que estudei em esporte para criar a modalidade. No começo a meta não era fazer um esporte, era só pela zoeira. Ninguém nunca acreditou que alguém fosse se interessar”, adicionou o alemão.

Com os amigos ficando interessados e passando a participar das brincadeiras mais frequentemente, Wegner organizou a modalidade. As regras criadas são bem semelhantes às do tênis de mesa. A bola é de borracha e pesa cerca de 100 g. A grande diferença, que dá dinâmica ao jogo, é a chance de tocar, se apoiar totalmente e até se jogar na mesa para dar uma espécie de voleio ou smash.

Em 2008, o alemão começou a levar para outras universidades o headis e isso gerou atenção na imprensa. Em 2010, já havia aparições na TV e em eventos maiores, culminando na chance de apresentar a alguns grandes clubes de futebol suas ideias.

“O Borussia Dortmund, o Hannover  e alguns outros times começaram a usar como um método de treinamento. Fizemos workshops baseados num estudo de que praticar o headis de fato melhora os cabeceios. Analisamos garotos de 15 e 16 anos que treinaram toda semana e que, no fim, melhoraram no futebol”, defendeu Wegner.

A partir daí, os criadores conseguiram organizar um Mundial e passaram a espalhar o jogo. O próximo passo é o Brasil, usando as vésperas da Copa do Mundo para atrair alguns holofotes para o headis.  René Wegner tem um representante no Brasil apresentando o esporte para algumas comunidades em Goiânia e em seguida fará o mesmo em São Paulo. O próprio criador programa para maio uma viagem, para cuidar ele próprio de uma divulgação mais intensa.

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Headis rumo ao Brasil

“Queremos apenas levar às pessoas o headis. Não precisa de raquete, não precisa de técnicas, é apenas jogar. É um jogo divertido, que todo mundo pode tentar. Queremos levar a muitos países, já temos franquias na República Tcheca, Suíça, Bélgica, Inglaterra... Mas não é só negócios, é para as crianças terem um novo esporte para se divertir. É o que queremos no Brasil”, explica René Wegner.

Sobre a Copa, Wegner diz que assistirá e explica que apesar de usá-la a seu favor, é cético em alguns pontos de sua organização.

“Eu acho que todo o Brasil está em atenção por causa da Copa, é uma época boa para irmos. Mas queremos mostrar que eles põe muito dinheiro em estádios e tudo mais e que às vezes não precisa de tudo isso para divertir as crianças. Não é que eu boicote a Copa, eu assisto e gosto, mas se eu pudesse escolher, eu não colocaria todos esses bilhões num país para uma competição esportiva. Eu colocaria uma parcela para construir melhoras. Vai gastar 1 milhão, então gaste 100 mil para outros assuntos: saúde, educação... É o que penso”, defendeu o alemão.

As regras do headis

  • As regras do headis são próximas do tênis de mesa. Mas uma delas é particularmente estranha, porque René simplesmente errou. Ele pensava que na modalidade com raquetes havia três chances para o serviço. E implantou isso. "No headis você tem três chances para sacar... Eu não sabia que no tênis de mesa eram duas. Foi um erro meu", ri ele. No regulamento consta ainda que as partidas são disputadas em melhor de três sets, cada um com duração de 11 pontos. Diferentemente do tênis de mesa, pode-se tocar na mesa e até se jogar ou debruçar-se sobre ela, o que possibilita voleios e smashs. Outra diferença é que o headis não se leva a sério. É normal os jogadores adotarem apelidos e até jogarem torneios fantasiados. Tudo em nome da diversão.