UOL Esporte Tênis
 
13/05/2010 - 13h55

Freguês de Guga em Roland Garros vê brasileiro superior a Nadal

Ana Luiza Rosa
Em São Paulo

Ex-número um do mundo, Yevgeny Kafelnikov protagonizou ao lado de Gustavo Kuerten uma das maiores rivalidades do tênis no final dos anos 1990. Ele foi o rival que mais jogou contra o brasileiro no circuito profissional - foram 12 confrontos, com sete vitórias para Guga. Três dessas partidas foram cruciais para os principais títulos de Kuerten, que precisou derrotar o russo em todas as vezes que conquistou o título em Roland Garros (1997, 2000 e 2001).

“Freguês” de Guga no torneio francês, o ex-número um do mundo está no Brasil para a disputa da etapa brasileira do circuito de veteranos da ATP, que acontece entre os dias 13 e 16 deste mês em São Paulo, e pode reviver uma das partidas com Guga em agosto, quando acontece a 2ª edição da Semana Guga Kuerten.

  • Ana Luiza Rosa/UOL

    Kafelnikov pode reviver duelo com Gustavo Kuerten

  • Michael Probst/AP Photo

    No final dos anos 1990, dupla protagonizou grande rivalidade do tênis (foto acima feita em em 1999)

Mesmo passados quase dez anos do último jogo entre os dois, na Masters Cup de Sydney, Kafelnikov, aposentado em 2004 e com mais de 23 milhões de dólares acumulados em prêmios na carreira, não se cansa de elogiar o algoz e garantiu em entrevista exclusiva ao UOL Esporte: em sua melhor forma, o brasileiro venceria Rafael Nadal.

UOL - Nas quatro principais conquistas de Gustavo Kuerten (três em Roland Garros e uma na Masters Cup de Lisboa) ele teve que derrotar você. É frustrante ou satisfatório fazer parte dos melhores momentos da carreira de Guga como um tenista batido por ele?

Kafelnikov - Acho que é satisfatório, porque ele estava jogando o seu melhor, era o número um. A única das derrotas que eu lamento é a de 2000, quando tinha tudo pra vencer, estava 40 a 15 e o jogo nas minhas mãos e não ganhei. Em 1997 ele jogou muito bem e 2001 também, ele era o melhor.

UOL - Você se lembra de quando falou que o backhand de Guga era como uma pincelada de Picasso?

Kafelnikov - Foi em 2001, me lembro. O jogo que o Guga fazia foi o melhor da minha geração, eu acho, melhor que Nadal é hoje. Guga ganharia do Nadal se jogassem em suas melhores formas. Só não posso comparar com o Borg [o sueco Björn Borg] porque não vi muito do jogo dele.

UOL - O staff de Guga procurou você para participar da partida contra ele na Semana Guga Kuerten, em agosto desse ano?

Kafelnikov - O Guga veio aqui ontem (quarta-feira) e me convidou para participar. Estou considerando a possibilidade. Talvez tenhamos um duelo logo mais.

UOL - Em maio de 1999 você alcançou a liderança do ranking mundial. Qual a sensação de saber que você é o melhor do mundo?

DUELOS ENTRE GUGA E KAFELNIKOV

Ano - Torneio Vencedor
1996 - Stuttgart (ALE) Kafelnikov (6-1, 6-4)
1997 - Roland Garros (FRA) Guga (6-2, 5-7, 2-6, 6-0, 6-4)
1998 - New Haven CT (EUA) Kafelnikov (6-4, 6-4)
1999 - Masters de Indian Wells (EUA) Guga (0-6, 7-6(4), 6-3)
1999 - Masters de Roma (ITA) Guga (7-5, 6-1)
2000 - Roland Garros (FRA) Guga (6-3, 3-6, 4-6, 6-4, 6-2)
2000 - Olimpíadas de Sidney (2000) Kafelnikov (6-4, 7-5)
2000 - Masters Cup de Lisboa (POR) Guga (6-3, 6-4)
2001 - Roland Garros (FRA) Guga (6-1, 3-6, 7-6(3), 6-4)
2001 - Masters de Cincinnati (EUA) Guga (6-4, 3-6, 6-4)
2001 - Aberto dos EUA Kafelnikov (6-4, 6-0, 6-3)
2001 - Masters de Sidney (AUS) Kafelnikov (6-2, 4-6, 6-3)

Kafelnikov - É algo que você sonha desde garoto, não há nada a comparar quando se vê que seu nome está no topo e não há ninguém melhor que você.

UOL - Em 2000, você eliminou o então número 1 do mundo, Guga, e depois se tornou campeão olímpico em Sydney. Quais as lembranças que tem da partida e da conquista da medalha de ouro?

Kafelnikov - Acontece apenas de quatro em quatro anos e é algo que não trocaria por nada, por nenhum dos títulos que perdi em Grand Slam. Coloco essa medalha olímpica no mesmo nível de importância que os títulos que não consegui ganhar, entre eles os que joguei contra o Guga.

UOL - Quem foi o adversário contra quem você tinha mais vontade enfrentar? E qual era o que preferia evitar?

Kafelnikov - Nas estatísticas, eu joguei com Guga mais de dez vezes na carreira e acho que a geração de 1999 era uma das melhores, com Agassi, Sampras... Não posso dizer o jogador que eu preferia jogar, dependeria de que forma eu me encontrava no momento (risos). Estando bem, acredito que poderia jogar com qualquer um.

UOL - Em 2008 você trabalhou nos Jogos Olímpicos de Pequim. Qual a sua atividade atual, além dos torneios de veteranos no tênis?

Kafelnikov - Eu trabalho para o canal de tênis da Rússia desde 2005, um canal pay-per-view que transmite os torneios mais importantes do mundo, além de outros esportes.

UOL - Como você vê os atuais jogadores russos? O que espera deles?

Kafelnikov - Essa é uma questão difícil. Eu acho que as meninas estão bem, mas com os meninos é mais difícil. Com as mulheres estão indo muito bem, com os homens ainda não, mas estou esperançoso de que com os investimentos as coisas vão melhorar.
 

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