Organizadores da Copa e do Rio 2016 desistem de projetos de Eike Batista

Vinicius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro

O empresário Eike Batista sempre foi um entusiasta da realização da Copa do Mundo de 2014 e da Olimpíada de 2016 no Brasil. Tanto é que envolveu-se em seis projetos, todos no Rio de Janeiro, ligados de alguma forma com os dois megaeventos. A crise do agora ex-bilionário, entretanto, comprometeu suas iniciativas. Hoje, organizadores do Mundial e dos Jogos Olímpicos já não contam com pelo menos metade do que foi prometido por Eike para as competições.

As primeiras baixas da lista de projetos são hotéis prometidos por Eike para a Copa do Mundo e a Olimpíada. O empresário resolveu reformar dois edifícios do Rio de Janeiro para receber visitantes: o Hotel Glória, que funcionaria na Copa, e um prédio no bairro do Flamengo, que estaria pronto para os turistas nos Jogos Olímpicos. Atualmente, a Prefeitura do Rio não conta com nenhum deles nem para 2016.

"Os dois hotéis citados não estão sendo considerados para a oferta de quartos da cidade para os Jogos Olímpicos˜, informou a EOM (Empresa Olímpica Municipal), que monitora a criação de cerca de 16 mil leitos para hospédes da Rio-2016.

O Hotel Glória chegou a receber um financiamento de R$ 190 milhões do BNDES para que fosse reformado e estivesse funcionando na Copa. Após atrasos na obra, a data inauguração foi adiada para abril de 2015. Esse prazo, entretanto, foi anunciado antes de a petroleira de Eike, a OGX, entrar na Justiça com um processo de recuperação econômica. Hoje, a obra está parada.

Também está parada a transformação do Edifício Hilton Santos em um hotel para a Rio-2016. O prédio pertence ao Clube de Regatas Flamengo e foi arrendado à empresa REX, de Eike. O Flamengo informou que já recebeu os pagamentos pelo arredamento. A reforma, porém, nem começou.

Outro projeto que já está fora da lista preparativos para a Olimpíada é a reforma da Marina da Glória. O espaço, que será sede das competições de vela dos Jogos, seria totalmente revitalizado para a Rio-2016. Após brigas judiciais por causa da concessão municipal do local a Eike, a reforma ficou em segundo plano. Estruturas temporárias serão usadas nas competições. "Para receber a competição de vela dos Jogos Olímpicos Rio 2016, a Marina da Glória precisa de poucas adequações", complementou a EOM.

Em execução

Eike também está envolvido com a recuperação do local de competições de remo na Rio-2016: a Lagoa Rodrigo de Freitas. Ele fez uma parceria com prefeitura e governo do Estado para melhorar as condições da água do espaço, a qual ainda está de pé. O município e o Estado informaram que Eike cumpriu com suas partes no acordo. Usando um projeto pago pelo empresário, a prefeitura pretende dar continuidade à despoluição da lagoa. O Comitê Organizador dos Jogos Rio-2016 informou que ela já estaria apta a receber as competições caso a Olimpíada fosse hoje.

O estádio do Maracanã também já está pronto para receber a Copa do Mundo e a Olimpíada se elas fossem hoje. Entretanto, o entorno da arena deve passar por reformas até 2016. Quem deve fazer esses investimentos é a concessionária Maracanã S/A, da qual Eike Batista é sócio minoritário. Segundo a empresa, a crise do empresário não afetou os planos da companhia.

Por fim, Eike também é sócio de um consórcio responsável pelo projeto do Porto Olímpico. A iniciativa visa a revitalizar uma área do Rio para a Olimpíada. No local, serão construídos um centro de convenção, um hotel e prédios de apartamentos. Na Olimpíada, isso será usado no apoio à organização e abrigo para árbitros e mídia. A EOM informa que a obra "segue normalmente o cronograma".

Procurado pelo UOL Esporte, ninguém do Grupo EBX, conglomerado de empresas de Eike, respondeu à reportagem. O Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio-2016 ratificou que não vê qualquer prejuízo a Olimpíada ligado à crise de Eike. O BNDES, banco que financiou a reforma do Hotel Glória, já declarou que não apoiou a reforma do hotel diretamente por causa da Copa.  

RIO-2016 JÁ CUSTÁ R$ 29,2 BI E ESTOURA CUSTO ESTIMADO NA CANDIDATURA

  • Faltam três anos para o início da Olimpíada de 2016, e o evento ainda não tem um orçamento oficial. O que já se sabe, contudo, é que os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro custarão mais do que o informado no dossiê de candidatura da capital fluminense à sede do megaevento.

  • Apesar de uma boa parte das obras necessárias para a Rio-2016 não ter um custo definido, os projetos relacionados ao evento que já têm, no mínimo, um orçamento inicial custarão R$ 29,2 bilhões. Em 2008, o comitê de candidatura do Rio à cidade-sede da Olimpíada estimou que R$ 28,8 bilhões fossem necessários para a preparação para os Jogos.

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