BRT olímpico do Rio tem buracos e trecho fechado antes mesmo de estar pronto

Vinicius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro

  • Vinicius Konchinski/UOL

    Ônibus do BRT Transoeste passa por desvio devido a buracos em pista recém-construída

    Ônibus do BRT Transoeste passa por desvio devido a buracos em pista recém-construída

A interdição do Engenhão surpreendeu a população do Rio de Janeiro há dez dias. O fechamento do estádio fez muitas pessoas se perguntarem: como uma construção feita para os Jogos Pan-Americanos de 2007 pode ter falhas tão graves em tão pouco tempo? O caso do Engenhão, entretanto, não é único entre obras feitas para eventos esportivos do Rio. Na cidade, um corredor de ônibus prometido para a Olimpíada de 2016 nem foi concluído ainda, mas já passa por reparos.

O BRT Transoeste foi projetado para ligar bairros da Zona Oeste (Recreio, Santa Cruz e outros) com a extensão do metrô que está sendo construída. A obra foi dividida em lotes. Os primeiros foram inaugurados em junho de 2012, criando a primeira pista para tráfego exclusivo de ônibus da região da Barra Tijuca, bairro que abrigará a maior parte das competições dos Jogos Olímpicos de 2016.

Meses depois da inauguração, entretanto, o BRT começou a apresentar problemas. Hoje, já está passando por obras para fechamento de buracos na pista e para reconstrução de uma pequena ponte, cujo asfalto cedeu. Tudo isso nove meses depois da abertura do corredor de ônibus.

"Isso aqui é problema todo hora, amigo", diz Walberson Neris, 22 anos, que vende lanches em frente à Estação Mato Alto do BRT Transoeste. "Foi feito 'nas coxas'. É só buraco e reclamação."

É bem na altura da Estação Mato Alto que o BRT está em obras. Lá, o corredor de ônibus é a principal alternativa de transporte público para quem precisa ir sentido Centro do Rio. De lá ao ponto final do corredor, o Terminal Alvorada, a viagem dura cerca de uma hora, segundo os usuários. Isso, porém, se a pista do BRT não estivesse parcialmente fechada.

Por causa dos reparos, os ônibus do BRT são obrigados a desacelerar, sair do corredor exclusivo e dividir espaço com os carros. Já os carros têm de reduzir a velocidade e andar por desvios. Dependendo do destino de cada motorista, o caminho chega a ficar 8 km mais longo do que o normal.

"O trânsito fica parado no final do dia", conta Walberson. "Parece que a prefeitura não faz nada direito."

PISTA ESTÁ SENDO RECONSTRUÍDA APÓS PROBLEMAS

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    Na região da Estação Mato Alto do BRT Transoeste, parte da pista está sendo refeita, obrigado os ônibus a dividir espaços com carros

Construção bilionária

A obra do Transoeste está orçada em R$ 1,008 bilhão. Começou em agosto de 2010 e só deve estar completamente concluída no primeiro semestre de 2016, ou seja, meses antes da Olimpíada do Rio. Quando estiver pronta, será por ela que boa parte dos turistas e torcedores virá da Zona Sul à região do Parque Olímpico da Rio-2016.

A construção está sendo tocada por duas empresas: Odebrecht e Sanerio. Cada uma delas trabalha em um trecho do corredor exclusivo de ônibus. Ambos já tiveram problemas.

Em janeiro, um túnel construído pela Odebrecht por causa do BRT foi interditado por quatro dias. Uma rocha acima da passagem se deslocou. Causou uma pane elétrica e a queda do revestimento do túnel. Após quatro dias, a pista foi liberada.

Ainda em janeiro, outros problemas. De acordo com a Secretaria Municipal de Obras, "vícios construtivos" foram encontrados em trechos construídos pela Sanerio. Buracos e falhas na pista do corredor para os ônibus apareceram, inclusive, na região da Estação Mato Alto, que já está em obras novamente.

Na época, a prefeitura culpou a Sanerio. Já o presidente da empresa, Luis Carlos Matos, chegou a declarar que os problemas teriam sido causados porque as obras foram aceleradas no final de 2012, devido à eleição municipal. A Prefeitura do Rio rebateu e disse que empreitada seguia seu cronograma.

Procurada pelo UOL Esporte, a Sanerio informou na quinta-feira que não se pronuncia mais sobre os problemas no BRT. Após as divergências com a prefeitura, qualquer questionamento sobre a obra deve ser direcionado à administração municipal, de acordo com a empresa.

REPAROS EM PONTE FECHAM TRECHO DO BRT TRANSOESTE

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    Uma pista do BRT Transoeste está interditada para a reparos em uma ponte, cujo asfalto cedeu

Respostas

A Secretaria Municipal de Obras informou, em nota, que os problemas verificados no BRT foram e serão todos reparados pelas construtoras responsáveis, sem custo aos cofres públicos. O tempo que levará para que a pista em reparos seja liberada não foi informado pelo órgão.

A Secretaria Municipal de Transportes disse que o tráfego será normalizado "tão logo as obras estejam concluídas". Disse também que os reparos não causaram qualquer alteração para os usuários do BRT, no percurso ou mesmo tempo de viagem.

Não é isso que pensa Paulino Eloy,  de 33 anos. Ele usa o BRT para ir da Barra a Santa Cruz todos os dias. Para Paulinho, as obras "atrapalham demais a viagem". "Demora mais", resumiu. "Esse BRT é muito desorganizado. Espero que esse conserto seja para resolver de vez o problema."

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