Eles fizeram o Brasil dançar

Dorival Júnior relembra as histórias da "Santosmania" e 2010, com helicópteros, travessuras e muitos gols

Eder Traskini e José Edgar de Matos Do UOL, em Santos e São Paulo Santos FC

"Reuni os jogadores embaixo de uma mangueira que temos lá no centro de treinamento do Santos e falei: 'Quero falar uma coisa para vocês aqui, hoje, no nosso primeiro dia de trabalho. Esse time pode marcar a história do Santos Futebol Clube'."

Bastaram alguns minutos de Neymar, Ganso, Robinho e cia. para o técnico Dorival Júnior se sentir confiante e arriscar essa ousada previsão, como revela ao UOL Esporte.

O potencial para encantar o Brasil já estava ali, formado pelo Santos, quando Dorival chegou ao CT Rei Pelé no início da temporada 2010. Potencial que foi realizado com a contribuição de figuras experientes como Durval, Giovanni e, especialmente, Robinho. A mescla de talento e química, juventude e liderança impressionou o chefe logo de cara.

Não demorou para a intuição do treinador se tornar concreta. Aquele Santos se transformou numa equipe que venceu, encantou e divertiu. Foram goleadas no gramado acompanhadas de ostentação de carisma fora dele para se tornarem o time da moda no país. Até Jô Soares se rendeu.

Dez anos depois, Dorival Júnior relembra aquelas histórias com orgulho. Os títulos do Campeonato Paulista e da Copa do Brasil contam no seu currículo com destaque, mas as sensações causadas por esse time talvez sejam mais relevantes.

Como futebol e comportamento tomados por irreverência, foi um Santos que pôs em evidência o talento de Ganso, recuperou a alegria de Robinho e, claro, projetou Neymar, ainda muito jovem, já como o maior jogador do país.

A grande verdade é que aquela equipe fez o Brasil inteiro aprender, aqueles que não sabiam, a dançar. Era prazeroso você ver uma equipe como o Santos jogando. Eu sinto muito orgulho, muita satisfação de poder ter participado desse momento."

Santos FC

Veja a entrevista com Dorival na íntegra

Ricardo Saibun/Santos FC

Beatlemania santista

Se, para Dorival, o Santos fez o brasileiro reaprender a dançar com o futebol, podemos dizer que o time acabou envolto por uma euforia similar à "Beatlemania".

Em pouco tempo, o país parou para conhecer melhor o time, que se tornaria campeão do Paulistão e da Copa do Brasil. Aos poucos, Dorival já seria apenas um dos milhares de espectadores que observavam aquele fenômeno com encanto. A cadad vitória, a cada comemoração, a cada traquinagem, a repercussão só aumentou. A ponto de, mesmo antes de erguerem taças, atraíam multidões. Passar despercebido em suas andanças Brasil afora virou missão impossível.

"Nós não descíamos do ônibus com centenas de pessoas no entorno. Era uma coisa que marcava pra todo mundo. Na saída de um hotel, na entrada de um aeroporto ou no vestiário, o carinho que eles tinham", afirmou o treinador. "Foi a única equipe de esporte coletivo que foi em todos os programas. Participou de toda a programação de todas as emissoras. Até no Jô [Soares, à época apresentando prestigiado talk-show na Globo], um programa que, dificilmente, recebe mais do que três pessoas naquela bancada."

A magia de Neymar e os passes impossíveis de Ganso ganharam notoriedade, repetidos à exaustão na TV. Robinho voltou a voar, para deleite de Dunga, técnico da seleção, que o tinha como peça-chave a caminho da Copa na África do Sul. Os resultados foram majoritariamente positivos.

Aquela equipe tinha o carinho de todo o público. A gente via torcedores do Palmeiras, do Flamengo, do Cruzeiro chegando, querendo tirar foto com nossos jogadores. Eles nos tinham uma segunda equipe e vinham falar: 'O meu único prazer em ver futebol é ver o Santos jogar'. Aquilo enchia todos nós de muito orgulho."

Santos de 2010 encantava o Brasil há uma década

Helicópteros voando, mas o campo ficou organizado

As vitórias, o talento e a alegria fizeram o Santos ganhar popularidade e visbilidade. A extensão, natural, então foi um avanço no campo dos negócios. Como podemos notar no surgimento de novos patrocinadores em seu uniforme no decorrer da temporada.

"Em abril, você terminava um treinamento, e no campo do lado tinha um helicóptero pra levar um jogador pra um lado, um jogador pro outro. Era as atividades de marketing do clube. A gente respeitava porque eram autorizados pelo presidente e pela diretoria" disse Dorival.

Neymar, Ganso e o goleiro Rafael chegaram a participar de um episódio de "Malhação", da Globo, além da emblemática entrevista ao "Programa do Jô", que contou com nove atletas do elenco santista.

O interessante é que Dorival afirma não ter tido trabalho para manter os atletas com os pés no chão, mesmo que muitos deles estiveram desfrutando de um sucesso estrondoso pela primeira vez. Esse frenesi não interferiu na rotina do time —uma façanha e tanto para todos os envolvidos.

"No dia seguinte, no horário normal, eles estavam ali pra treinamentos. Aqueles que sempre ficavam aprimorando: nós sempre cobrávamos muito isso ao final do treinamento. Dez jogadores ali, cinco aqui, os demais podem ir. No dia seguinte, os que saíram antes ficavam para um trabalho complementar. Profissionalmente, nós não tivemos prejuízo nenhum", lembra Dorival.

Ricardo Nogueira/Folhapress Ricardo Nogueira/Folhapress

Desempenho avassalador, agressivo, mas futebol 'simples'

Ao escutar de seu treinador que o time poderia fazer história pelo Santos, parece que os jogadores realmente levaram aquilo a sério. Logo na estreia, um 4 a 0 sobre o Rio Branco, pelo Paulistão. E as goleadas não pararam por aí: 5 a 0, 6 a 3, 10 a 0, 9 a 1, 8 a 1?

Mais do que os placares elásticos, o técnico sempre incentivava o futebol ofensivo e demonstrava isso com as substituições. Em diversos jogos, o treinador tirava um zagueiro para colocar mais um atacante mesmo já vencendo de goleada. Zé Love na vaga de Pará, Maikon Leite no lugar de Arouca, Giovanni na vaga de Edu Dracena, Madson para saída de Durval...

O resultado não poderia ser diferente: 129 gols em 47 jogos até o título da Copa do Brasil, o segundo da temporada, já que o Peixe já havia faturado o Paulistão.

Por trás de toda a magia exibida em campo, Dorival, ressalta um detalhe que, segundo ele, é pouco lembrado quando se fala do Santos de 2010: a simplicidade. Repleto de jogadores com habilidade para decidir, o comandante santista pregava um futebol direto que levasse a bola até o terço final do campo, onde, aí sim, a individualidade teria chance de brilhar.

Era um time extremamente simples. Com um futebol jogado com simplicidade e objetividade, você consegue atingir ótimos resultados. Há mais chance de as coisas darem errado justamente quando uma equipe, em campo, abre mão de simplificar jogadas que poderiam te levar ao gol adversário

Dorival

Nossos jogadores, de um modo geral, gostam do último toque, da última finta. Aquela equipe, não. Ela deixava pra individualizar em momentos muito importantes. Quando o camarada estava dentro da área, aí sim, ele usava sua individualidade, sempre procurando o companheiro mais bem colocado

Dorival

Você pode ver: fizemos alguns gols em que entrávamos fintando o adversário, mas sempre havia um ou dois companheiros numa ótima colocação pra finalizar tabém. Isso foi a maior marca daquele time. Eu falava com eles que nós tínhamos a obrigação de conduzirmos a equipe até o último terço de campo

Dorival

Adriano Vizoni/Folhapress Adriano Vizoni/Folhapress

O 'não' de Ganso e a rusga com Neymar

As duas estrelas da companhia protagonizaram episódios distintos durante o ano. Foram dois momentos de tensão em meio a toda aquela euforia. Um deles custou caro a Dorival.

Paulo Henrique Ganso se recusou a ser substituído na final do Paulista de 2010 contra o Santo André, para surpresa do treinador. No fim, um conselho de Robinho foi decisivo para que o comandante mudasse de ideia e que a negativa do meia não virasse um problema, num confronto bem complicado.

Meses depois, porém, a rusga com um de seus craques desembocou em crise. A consequência de uma discussão com Neymar foi a demissão do técnico. O camisa 11 não gostou de não ser autorizado a bater um pênalti durante um jogo contra o Atlético-GO e discutiu duramente com Dorival ainda no gramado, com palavrões proferidos e tudo mais. Com a colaboração de Renè Simões, técnico do adversário —"estamos criando um demônio"—, a cena foi uma das marcantes do início de carreira de Neymar, servindo de munição para detratores.

Sobre o episódio, Dorival revela que só tem um arrependimento:

No momento em que finaliza uma partida, você fala com o atleta ainda com o sangue quente. Eu abordei o Neymar dessa forma. Então, isso, pra mim, foi um erro. O erro acontecido em campo foi dele, Neymar, e ele sabe disso. O erro dentro do vestiário foi meu —no caso, não poderia ter abordado. Deveria ter deixado passar, no dia seguinte."

"Como eu sempre fiz na minha carreira, eu chamo o camarada na minha sala e nós vamos conversar olhando nos olhos um do outro. Eu acho que esse seria o caminho correto. Agora, não mudaria em nada a minha posição a partir dali, com relação à punição, tanto é que eu falei pra ele, naquele dia mesmo. Ele foi me pedir desculpas. Eu falei: 'Ney, não tem problema. Não deveria, mas acontece. Porém, não vou deixar de te punir'", conta.

Dorival afirma que sugeriu à diretoria a suspensão do jovem atacante por duas partidas. A partir daí, o retorno ao time seria condicionado ao seu comportamento.

"Ele falou: 'Você pode fazer o que você achar conveniente, até porque eu errei'. Mas a diretoria não me deixou puni-lo, porque achava que uma punição administrativa, multando, seria o suficiente. No futebol, não é assim. Eu tentei mostrar ao presidente. Porém, houve ali um mal-entendido porque depois desse episódio tudo estava certo com o Neymar", diz.

O técnico tinha o apoio do elenco por uma punição firma a Neymar. Antes do jogo seguinte, os atletas se reuniram para falar com o presidente sobre o assunto. Edu Dracena, Arouca, Marquinhos, Roberto Brum e outros estavam presentes. Sem sucesso.

"Você está à frente de um grupo. Amanhã, um outro menino qualquer poderia fazer a mesma coisa que o Neymar. De repente, eu iria puni-lo? E por que não havia punido, então, o Neymar? Jogador observa muito esse tipo de situação. Ele pode ficar quieto, mas lá na frente, daqui a dez dias, um mês, um ano, ele pode te jogar na cara", destaca Dorival.

Divulgação/Santos FC Divulgação/Santos FC

O impacto e a consciência de Robinho

Um dia inesquecível para o santista. Ao som de mais um ídolo da cidade, o saudoso Chorão, do Charlie Brown Jr, Robinho desceu de helicóptero no gramado da Vila Belmiro acompanhado por Vossa Majetade, Pelé. Era o retorno de um dos mais célebres "Meninos".

Robinho chegou por empréstimo, do Manchester City (ING), por seis meses. Tempo suficiente para erguer duas taças. Mais que isso: agora fazendo as vezes de veterano, o atacante deu suporte para Neymar e Ganso brilharem. Em diversos sentidos: como mentor, mas principalmente como um catalisador para o time em campo.

O 'Rei da Pedaladas' ganhou, de bom grado, a camisa 7 com a qual fez história e era utilizada, até então, por Neymar. O garoto que começava a trilhar seu caminho ao estrelato nunca escondeu que tem Robinho como referência. O atacante que atuava pela seleção brasileira na época mudou automaticamente seu comportamento quando chegou ao clube que o revelou. Primeiro, dentro de campo.

"O principal é que Robinho teve uma leitura muita rápida e mudou um pouco o comportamento. Ele mesmo me falou: 'Dorival, preciso me preocupar um pouco em me posicionar, em marcar, ficar um pouquinho mais por trás, tentar organizar um pouco pra dar liberdade pra que eles possam correr na frente'. Eu falei que não o queria com muitas obrigações em campo", diz Dorival.

O treinador vislumbrou a seguinte formação: Neymar mantido na ponta esquerda, e Robinho deslocado para a direita. O experiente atacante teria a responsabilidade de fazer o primeiro combate na saída de bola. Mas, com a bola, ganhava liberdade, para cortar por dentro e fazer as movimentações que sentisse necessárias.

"A maioria das nossas jogadas nascia do lado esquerdo do campo, e o Robinho vinha de fora pra dentro, entrava, recebia o que, hoje, se chama entre linhas. Nesse entre-linhas, ele já recebia girando, isso ele faz como ninguém, e quando ele girava de frente pros zagueiros adversários ou ele punha alguém na cara do gol, ou ele partia pra uma jogada individual. Ele tinha muita liberdade nesse time."

Divulgação/Santos FC Divulgação/Santos FC

Histórias, nossas histórias

Ricardo Saibun/Santos FC

Madson, o vizinho do barulho

É quase unanimidade entre quem conviveu o dia a dia santista de uma década atrás: Madson era o ?mais figura?. O baixinho infernizava todo mundo, inclusive o chefe (e vizinho) nos momentos de descanso. ?Ele morava na cobertura. Lá de cima, ele gritava: "Dorival, você está acordado? Eu quero jogar" [risos]. Em compensação, todas as festas que ele fazia, eu também chegava no dia seguinte e falava: "Hoje, você treina muito mais pela porcaria que você fez porque eram 1h30, 2h e eu ainda estava ouvindo a tua voz lá em cima. Então, hoje, você vai trabalhar dobrado".

Reprodução/www.sombrinha.net

Fundo de Quintal, sem parar

O elenco tinha uma música especial para ambientar o vestiário antes dos jogos. Composição famosa do grupo Fundo de Quintal, a "Amizade" era a trilha sonora do Santos na temporada 2010. "Aquilo virou um hino para a gente naquele ano. É engraçado porque quem esteve naquele grupo e na comissão que não tenha decorado essa música, vou ser sincero com você, deve ter algum déficit, deve ter algum probleminha mais sério", disse o técnico. Nem mesmo a força do tempo irá destruir as lembranças detalhadas daquele time na cabeça do treinador.

Ricardo Saibun/Santos FC

Não esqueçam o Zé Love

Havia um alvo preferencial para as brincadeiras. "O Zé Love sofria de todos os lados. Quando não tinham nada para fazer, eles pegavam o Zé Love, essa é a verdade. Um dia lá, deixaram o Zé Love amarrado em uma trave por uns 40 minutos, cheio de pernilongo, já escurecendo. Amarraram ele com uma faixa, parecia uma múmia colocada na trave. Imagina! Só tiraram ele porque o pessoal da rouparia, acho, passou para levar alguma coisa e viu aquele vulto amarrado na trave. Fazia uns 50 minutos que ele estava lá...[risos]".

Divulgação/SantosFC

O Durval por acaso late?

Nem o zagueirão, talvez o mais sério ou sóbrio jogador do grupo, escapava da rotina de brincadeiras daquele elenco. "Pegavam no pé do Durval, porque ele era muito quieto, não falava. Os jogadores falavam alto que só ouviram a voz do Durval depois de cinco meses. Falavam que não sabiam se o Durval latia ou o que ele fazia [risos]. Este tipo de coisa deixava o ambiente muito tranquilo", contou o treinador sobre o experiente zagueiro que reforçou o Santos e foi titular durante a temporada 2010.

Ricardo Saibun/Santos FC

Um grande encontro de ídolos

Robinho, uma das inspirações de Neymar, e Léo, histórico lateral-esquerdo e outro campeão brasileiro de 2002, não foram os únicos ídolos santistas que encorparam aquele. O clube também trouxe de volta o meia Giovanni, conhecido entre os santistas como "Messias", que quase levou o Santos ao título brasileiro em 1995 — em final marcada por um erro de arbitragem.

Aos 38 anos, Giovanni fez apenas sete jogos naquela temporada, mas sua importância ia muito além do que podia fazer dentro de campo: ele exerceu forte liderança.

"O Giovanni chegou, e as coisas começaram a fluir ainda mais. O Giovanni agrupava todo mundo, com a maneira dele de falar, o exemplo que dava. Aquilo chamava muito a atenção de todos. Foi muito interessante a maneira como se comportou. Por isso que a gente fala o quanto são importantes jogadores referências dentro de uma equipe. Quando você consegue tê-los no número maior que três, quatro, cinco, enfim, você acaba tendo um comportamento muito regular ao longo do ano, nesse sentido. É cada vez mais raro no futebol brasileiro a presença de jogadores que tenham esse tipo de perfil."

Em termos de referências santistas, acrescente aí na lista Serginho Chulapa, auxiliar técnico. O convívio com o passado é algo que impressionou Dorival nessa passagem. Os treinos, jogos e eventos contavam com presença frequente de lendas como Pepe, Edu, Clodoaldo, Dorval, Mengálvio, entre outros.

Por onde andam?

  • Durval

    O bastião da seriedade do Santos do clima leve anunciou a aposentadoria em janeiro de 2020, aos 39 anos. O último clube do zagueiro, que posteriormente ganhou a Copa Libertadores com o Santos, foi o Sport, que defendeu até o fim de 2018.

    Imagem: Fabiano Mesquita/Framephoto/Estadão Conteúdp
  • Roberto Brum

    O ex-volante de 41 anos deixou o Santos depois de 2010 e se transferiu para o Chipre. O primeiro anúncio de aposentadoria veio em 2012, no São Gonçalo, clube para o qual retornou dois anos depois. Atualmente, o ex-atleta é pastor evangélico no Rio.

    Imagem: Divulgação/Santos FC
  • Rodrigo Mancha

    Também volante e titular na final do Paulistão-2010, Rodrigo Mancha se aposentou em julho de 2018. Em janeiro do ano seguinte, conversou com o UOL Esporte após atuar em um campeonato amador no estádio Couto Pereira, em Curitiba. Tem 33 anos de idade.

    Imagem: Divulgação/Taça Kaiser
  • Wesley

    Vendido pelo Santos para Werder Bremen, o meio-campista defendeu os rivais Palmeiras e São Paulo, sem o mesmo sucesso dos tempos de Vila Belmiro. Atualmente com 32 anos, o paulista de Catanduva ainda segue na ativa e veste a camisa do Avaí.

    Imagem: Divulgação
  • Marquinhos

    Avaí foi o último time do meio-campista que se aposentou no fim de 2018 nos braços da torcida no estádio da Ressacada. O último ato dele no clube foi no acesso para a Série A do Brasileirão. Aos 38 anos, hoje em dia é dirigente da própria equipe catarinense.

    Imagem: Divulgação
  • Madson

    Xodó do time de Neymar, Ganso e Dorival Jr., o velocista Madson segue na carreira de jogador profissional. Aos 33 anos, o meia foi anunciado no fim de fevereiro como reforço do São Caetano ao lado de Domingos, também zagueiro com passagem pelo Santos.

    Imagem: Divulgação
Ricardo Saibun/Santos FC

Ele volta?

O trabalho vitorioso —e histórico— automaticamente credencia Dorival Júnior a voltar ao Santos. Como em 2015, por sinal. No ano seguinte, conquistou novamente o Paulistão, com um time bem diferente. Ricardo Oliveira, Lucas Lima e Vanderlei substituíram Neymar, Ganso e Robinho como as estrelas do treinador.

Por sinal, essa segunda passagem pelo Santos acabou sendo a maior de Dorival por um clube desde 2010. Nem no Palmeiras, clube de identificação familiar pela idolatria do tio Dudu e pelo qual jogou, houve tempo para se destacar. Na Academia de Futebol, a leveza anterior deu lugar a um ambiente tenso e uma grande frustração, mesmo depois de ajudar o time a escapar do rebaixamento.

A saída do Palmeiras ocorreu no dia seguinte ao jogo da salvação contra o Athletico. No dia seguinte, o então vice-presidente Maurício Galiotte anunciou o fim do contrato e liberou Dorival Júnior para prosseguir na carreira, meses depois, novamente no Santos.

Dorival Júnior ainda trabalhou no São Paulo e no Flamengo, antes de assumir o Athletico para a temporada 2020. Na Gávea, viveu cenário parecido ao encontrado no Palmeiras: dirigiu a última equipe antes do período de bonança e altos investimentos.

"Ali eu fiz um contrato sabendo que eu estava trabalhando pelos três meses finais da diretoria do presidente [Eduardo] Bandeira. Cheguei a conversar duas vezes com o Marcos Braz, mas numa boa, passando tudo o que estava acontecendo dentro clube", comentou.

"Fizeram a opção correta, acharam que deveriam mudar. Acho que nada mais natural, tanto é que tão tendo muito sucesso", opinou Dorival Júnior, que comandou o Flamengo nos últimos 12 jogos do Brasileirão de 2018.

Como treinador na Gávea, Dorival Júnior acumulou sete vitórias, três empates e duas derrotas. O aproveitamento de quase 70% dos pontos, terminou com o vice-campeonato da Série A e classificou o time para a Libertadores de 2019, competição conquistada pelo rubro-negro sob o comando de Jorge Jesus.

Buda Mendes/LatinContent via Getty Images Buda Mendes/LatinContent via Getty Images

Eles (também) fizeram o país atacar

Nada foi igual ao Santos de 2010 na carreira de Dorival Júnior. Dez anos depois, ao falar daquele time, o treinador volta a destacar a simplicidade, também pelo comportamento com a bola. Como se Robinho, Neymar, Ganso e companhia transportassem aquele futebol da infância para o nível competitivo e profissional. Deu certo, e esse é o legado.

"Eram jogadores que buscavam e transformavam uma partida de futebol numa brincadeira de rua. A verdade era essa. O time jogava uma pelada. Fazíamos uma cobrança para chegarmos ao último terço do campo da maneira mais simples possível. A partir daquele momento, tinha que aparecer o improviso, a finta, a jogada individual...", relembra.

Essa simplicidade com a bola nos pés e a fome de um grupo heterogêneo de jovens e atletas já consagrados no clube, como Léo, são vistos como o grande segredo por Dorival Júnior, a mistura responsável por "ensinar o Brasil a dançar", como disse o treinador no início desta reportagem.

O Santos chegou a criar 37 oportunidades de gol em uma única partida. Isso é um número que inexiste. Ninguém faz isso, hoje. Ninguém fez, talvez. Era um número que chamava muito a atenção. O time fazia um gol, corria atrás do segundo gol, não se importava, às vezes, tomava e ia atrás, tentava fazer outro. Não abria mão do ataque. Do primeiro ao último minuto, não importava como o jogo estava."

Foi dessa forma que o seu Santos, de 2010, encontrou seu cantinho especial na memória de uma torcida que viu seu clube ser hegemônico nos anos 1960. Dorival não se atreve a por seu time nesse patamar. Mas reitera seu orgulho pela contribuição a alguns meses mágicos.

"Você só pode fazer uma avaliação a partir do momento em que o Pelé tenha parado de jogar. Aquele momento do Santos foi divino, com Pelé e companhia, que, por sinal, nos ajudavam e muito, no nosso dia a dia. Aqueles ex-jogadores estavam com frequência dentro do centro do treinamento do Santos. É muito interessante como eles vivem a história do Santos. Coutinho, seu Pepe, tantos outros... Eu falei muito para nossa equipe, que eles guardassem isso, porque eles poderiam fazer algo histórico. E foi, graças a Deus, o que aconteceu."

Ricardo Nogueira/Folha Imagem/Folhapress Ricardo Nogueira/Folha Imagem/Folhapress

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