Diante de mim e meus colegas do UOL, o maior jogador da história do futebol estava há pouco mais de uma 1 hora respondendo a respeito de temas diversos, de esporte e atualidade. De repente, Pelé - sim, a lenda viva, um dos rostos mais fotografados do século 20 - desconcerta o entrevistador que conhecera naquela mesma tarde o chamando pelo nome.

Neste momento, sucederam-se breves segundos de distração, mas o entrevistador que aqui escreve enfim se recompôs e conseguiu terminar a missão daquela tarde, dia 31 de janeiro de 2017, ao lado dos colegas Samir Carvalho e Vinícius Mesquita.

Dois dias depois, num prazo incomum nos padrões de redações e conteúdos mais extensos, a entrevista com Pelé em texto e vídeo estava publicada no UOL. Sempre complicado oferecer um verniz novo a um personagem tantas vezes ouvido e lido. Mas, naquela edição, procuramos destacar do todo o Edson, a parte mais humana, destacando reflexões de Pelé sobre vida e morte.

Já perto dos 80 anos, o tricampeão mundial também se mostrou conectado a temas relevantes da atualidade. Pelé falou à reportagem de como se vê no debate sobre racismo e sobre o poder do voto no país.

Meses antes da entrevista, em 2016, Pelé acabou não conseguindo participar da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos do Rio, em razão de dificuldades de locomoção. No nosso papo com o Rei em Santos, os problemas físicos do artilheiro aposentado seguiam evidentes.

Mesmo assim, o ídolo tentou evitar ser fotografado e filmado naquela tarde usando bengala - como bem lembrou esses dias Fabrício Venâncio, um dos cinegrafistas e produtores de vídeo do UOL durante a sessão. Mas Pelé não se furtou de falar sobre os aborrecimentos da condição.

"Na realidade, o que incomoda mesmo é impossibilitar de você bater um 'dois toques', de jogar um tênis, que era o meu passatempo quando eu estava de folga, e até de viajar também, porque é bem incômodo viajar com as cirurgias. Para quem não tá muito a par, mas eu já falei algumas vezes, eu joguei 30 anos, né, 25 anos no Santos, mais cinco anos lá no Cosmos. E nunca fiquei no banco como eu fiquei agora. Quase um ano e meio que eu tô no banco, porque a primeira cirurgia não deu certo, do fêmur, aí teve que fazer uma nova cirurgia", relatou.

Três anos depois, os problemas parecem persistir. Ontem, o UOL noticiou que um médico amigo do Rei há 42 anos sugeriu um tratamento a base de testosterona para Pelé conseguir reforçar a musculatura e melhorar a capacidade de locomoção.