Pra sempre na memória

Preconceito, foto histórica e reverência: momentos marcantes de Paris 2024

Rafaela Polo do, UOL, em São Paulo Pascal Le Segretain/Getty Images

As Olimpíadas de Paris contaram muitas histórias em seus 17 dias de duração. Algumas felizes, outras nem tanto. Mas para quem é amante do esporte o importante é estar por dentro de tudo. UOL fez uma retrospectiva para relembrar os momentos mais marcantes dos Jogos Olímpicos.

Pascal Le Segretain/Getty Images
Richard Pelham/Getty Images Richard Pelham/Getty Images

Imane Khelif em meio a preconceito

A lutadora de boxe argelina teve uma participação conturbada nas Olimpíadas de Paris. Após uma atleta italiana desistir depois de 46 segundos de luta, ela enfrentou todos os tipos de preconceitos. Nascida, crescida e criada como mulher, ela foi excluída do último campeonato mundial da modalidade por, supostamente, apresentar níveis elevados de testosterona.

A eliminação criou a fake news de que ela seria uma mulher trans e a polêmica foi tanta que o presidente do COI, Thomas Bach, disse em entrevista que não iria tolerar comportamentos como o da italiana Angela Carini (que supostamente abandonou a luta por considerar injusto enfrentar Imane) e que questionamentos sobre o gênero da atleta eram inaceitáveis.

"Temos duas lutadoras que são mulheres, nasceram mulheres, foram criadas como mulheres, têm passaporte feminino e competem, há muitos anos, como mulheres", disse. Ele também se referiu à atleta tailandesa Lin Yu-ting, outra que teve seu gênero questionado.

Mas nada disso abalou Imane Khelif: ela conquistou medalha de ouro em sua categoria. Yu-ting, também.

Jerome BROUILLET / AFP  Jerome BROUILLET / AFP

Medina 9,90

O surfista Gabriel Medina conseguiu surfar o tubo perfeito nas oitavas de final da competição. Além da onda, o que marcou o momento foi a foto do fotógrafo Jerome Brouillet, que rodou o mundo. É tradição de Medina pular da prancha ao fim de um tubo e o momento foi registrado com precisão. Parece que ele está flutuando.

A conquista da maior nota da competição, 9,90, contudo, não foi o suficiente para que ele levasse a medalha de ouro para casa. Em sua semifinal, o mar quase não tinha onde, deixando o atleta sem opção de pontuação. Com isso, ele acabou disputando - e ganhando - a medalha de bronze.

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Hannah Mckay/Reuters Hannah Mckay/Reuters

Rebeca é a rainha

Ao subir ao pódio para receber o ouro pela apresentação no solo, Rebeca foi surpreendida pelas americanas Simone Biles, que ficou com a prata, e Jordan Chiles, que levou o bronze. Na hora em que a brasileira subiu no degrau mais alto, as colegas a reverenciaram.

A imagem seria linda de qualquer maneira, mas por se tratar de um pódio apenas de mulheres negras se tornou histórica.

Contudo, no penúltimo dia de Olimpíadas, uma reviravolta: a romena Ana Barbosu entrou com um recurso para revisão de nota, o que daria a ela a medalha de bronze. A CAS (Corte Arbitral do Esporte) concedeu e tirou de Chiles a medalha.

Kim Kyung-Hoon/REUTERS Kim Kyung-Hoon/REUTERS

As sapatilhas de Mijaín

Quem é Michael Phelps, da natação, e Carl Lewis, do atletismo, perto do cubano Mijaín López? O atleta de luta greco-romana tornou-se o único atleta em todas as modalidades a conquistar cinco medalhas de ouro em cinco edições consecutivas de Jogos Olímpicos: Pequim, em 2008, Londres, em 2012, Rio, em 2016, Tóquio, em 2021 e agora Paris, em 2024. Ele está na categoria acima de 130 quilos e vendeu o chileno Yasmani Acosta por 6 a 0 na final.

A cena icônica, da foto acima, é uma tradição do esporte: sempre que se aposenta, um lutador tira as sapatilhas e as deixa no centro do tapete de luta. Poucos, porém, fazem isso no maior palco de todos, os Jogos Olímpicos.

Reuters Reuters

Golden Slam do Djoko

As Olimpíadas de Paris marcaram a quarta participação de Novak Djokovic em Jogos Olímpicos. E essa valeu. Ele ganhou de Rafael Nadal, Stefanos Tsitsipas e Carlos Alcaraz para ficar com a medalha de ouro no tênis individual. Agora, pode dizer que ganhou todos os torneios mais importantes do mundo.

Era o duelo entre o finalista mais velho da história do torneio olímpico de simples, Djokovic, com 37 anos, com o mais jovem, Alcaraz, de 21. O sérvio se junta ainda a um seleto grupo de tenistas que conquistaram o chamado Golden Slam —títulos dos quatro Grand Slam e o olímpico.

Com a confirmação da medalha, o sérvio foi abraçar a família e os membros da comissão técnica, ainda aos prantos. Muito emocionado.

Kim Hong-Ji - 30.jul.24/Reuters Kim Hong-Ji - 30.jul.24/Reuters

Selfie das coreias

Paris criou uma tradição em seu pódio: uma selfie entre os vencedores. Durante a competição de tênis de mesa, um marco histórico: as chinesas chamaram as atletas das Coreias, Norte e Sul, para participarem juntas da foto.

As duplas Ri Jong-sik e Kim Kum-yong (Norte) e Lim Jong-hoon e Shin Yu-bin (Sul) ficaram com a prata e o bronze, respectivamente. O ouro ficou com Wang Chuqin e Sun Yingsha, da China. E a foto, que é um reflexo do que significa o espírito olímpico, foi muito comentada em todo o mundo.

Brian Snyder/REUTERS Brian Snyder/REUTERS

Dream team

Os americanos do basquete vieram grandões, mas foi por pouco que não tomaram uma grande rasteira da Sérvia na semifinal do basquete masculino. O Dream Team (na tradução livre, time dos sonhos), ficou atrás no placar por quase todo o jogo.

A virada veio com a ajuda de duas grandes estrelas da NBA. Stephen Curry, do Golden State Warriors, marcou 36 pontos e LeBron James, do Los Angeles Lakers, ajudou a virar o placar faltando alguns minutos para o final.

A Sérvia deu combate, mas o jogo acabou 95 a 91 para os americanos. Na final, os EUA venceram a França por 98 a 87 para ficar com o ouro.

Michael Reaves/Getty Images Michael Reaves/Getty Images

"Imagine all the people"

A final do vôlei de praia feminino teve uma grande treta na rede. A canadense Brandie Wilkerson e a brasileira Ana Patrícia se estranharam e o juiz precisou entrar em quadra para separar as duas.

A discussão aconteceu no terceiro set. A canadense gritou após mandar uma bola para fora, e Ana Patrícia respondeu. As duas discutiram próximas à rede e rolou até dedo na cara uma da outra. Para melhorar o clima, o DJ decidiu tocar a música do John Lennon "Imagine", o que até rendeu algumas risadas de quem estava lá.

Após a conquista do ouro, o Instagram da Brandie foi inundado de comentários com piadas e reclamações sobre a sua falta de fair play. Porque, diga-se de passagem, brasileiro não leva desaforo para casa.

REUTERS/Hannah Mckay

Colonoscopia de graça

O ginasta Carlos Yulo ganhou dois ouros: no solo e no salto. Até essa edição, as Filipinas tinham apenas uma medalha olímpica. Mas o que surpreendeu mesmo foi a gratidão do país.

Yulo ganhou US$ 173 mil do comitê olímpico e US$ 52 mil da câmara de deputados e todo tipo de empreendimento ofereceu benefícios. Restaurantes deram refeições grátis, uma marca de biscoitos ofereceu seus produtos até o fim da vida do atleta. Um consultório prometeu até colonoscopias e consultas com gastroenterologistas de graça a partir do momento em que ele completar 45 anos (ele tem 24 anos).

Quinn Rooney/Getty Images

Os ouros de Marchand

O nadador francês León Marchand deve ter ficado com dor no pescoço por carregar o peso de suas vitórias. Ele levou quatro medalhas de ouro e uma de bronze nos Jogos Olímpicos de Paris e se tornou um queridinho da nação.

Os franceses chegaram a mudar a letra do hino nacional para homenageá-lo. O trecho, provavelmente, mais famoso da canção é "Aux armes, citoyens, formez vos bataillons, Marchons, marchons!" ("Às armas, cidadãos, formem seus batalhões, marchem, marchem!"). Na nova letra, o "marchem" foi substituído pelo seu sobrenome.

Piroschka Van De Wouw/Reuters

Medalha dos refugiados

Aqueles que fugiram de seus países, por medo e em busca de segurança, também têm o direito de participar das Olimpíadas. O Time de Refugiados fez história em Paris e até conquistou uma medalha.

A boxeadora Cindy Ngamba ficou com o bronze na categoria até 75 kg. Nascida em Camarões, ele fugiu para o Reino Unido por causa de sua orientação sexual. Em sua terra natal, ser gay é crime e pode dar até cinco anos de prisão, além das multas.

Os medalhistas brasileiros

  • Larissa Pimenta (bronze)

    A chave é acreditar: Larissa é bronze no judô depois de muita gente (até uma rival) insistir que ela era capaz.

    Imagem: Wander Roberto/COB
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  • Willian Lima (prata)

    Dom e a medalha de prata: Willian sonhava em ganhar a medalha olímpica, e com seu filho na arquibancada. Ele conseguiu.

    Imagem: Wander Roberto/COB
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  • Rayssa Leal (bronze)

    Tchau, Fadinha. Oi, Rayssa: Três anos depois da prata em Tóquio, brasileira volta ao pódio em Paris e consolida rito de passagem.

    Imagem: Kirill KUDRYAVTSEV / AFP
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  • Equipe de ginástica (bronze)

    Sangue, suor e olho roxo: Pela primeira vez na história, o Brasil ganha medalha por equipes na ginástica artística. E foi difícil...

    Imagem: Ricardo Bufolin/CBG
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  • Caio Bonfim (prata)

    Buzina para o medalhista: Caio conquista prata inédita na marcha atlética, construída com legado familiar e impulso de motoristas.

    Imagem: Alexandre Loureiro/COB
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  • Rebeca Andrade (prata)

    'Paro no auge': Rebeca leva 2ª prata, entra no Olimpo ao lado de Biles, Comaneci e Latynina, e se aposenta do individual geral.

    Imagem: Rodolfo Buhrer/Rodolfo Buhrer/AGIF
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  • Beatriz Souza (ouro)

    Netflix e Ouro: Bia conquista primeiro ouro do Brasil em Paris após destruir favoritas e ver TV.

    Imagem: Alexandre Loureiro/COB
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  • Rebeca Andrade (prata)

    Ninguém acima dela: Rebeca ganha sua quinta medalha olímpica, a prata no solo, e já é recordista em pódios pelo Brasil.

    Imagem: Stephen McCarthy/Sportsfile via Getty Images
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  • Equipe de judô (bronze)

    O peso da redenção: Brasil é bronze por equipes no judô graças aos 57kg de Rafaela Silva.

    Imagem: Miriam Jeske/COB
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  • Bia Ferreira (bronze)

    A décima: Bia Ferreira cai para a mesma algoz de Tóquio, mas fica com o bronze e soma a décima medalha para o Brasil.

    Imagem: Richard Pelham/Getty Images
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  • Rebeca Andrade (ouro)

    O mundo aos seus pés: Rebeca Andrade bate Simone Biles no solo, é ouro e se torna maior atleta olímpica brasileira da história.

    Imagem: Elsa/Getty Images
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  • Gabriel Medina (bronze)

    Bronze para um novo Medina: Renovado após problemas pessoais e travado por mar sem onda, Medina se recupera para conquistar pódio olímpico.

    Imagem: Ben Thouard / POOL / AFP
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  • Tatiana Weston-Webb (prata)

    Ela poderia defender os Estados Unidos, mas fez questão de ser brasileira e ganhou a prata de verde e amarelo

    Imagem: William Lucas/COB
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  • Augusto Akio (bronze)

    Com jeito calmo, dedicação e acupuntura, Augusto Akio chegou ao bronze. Mas não se engane: ele é brasileiro

    Imagem: Luiza Moraes/COB
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  • Edival Pontes (bronze)

    Bronze sub-zero: Edival Pontes, o Netinho, conheceu o taekwondo quando ia jogar videogame; hoje, é bronze na 'categoria ninja'

    Imagem: Albert Gea/REUTERS
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  • Isaquias Queiroz (prata)

    Esporte de um homem só - Isaquias Queiroz segue soberano na canoagem e se torna 2º maior medalhista brasileiro da história olímpica.

    Imagem: Alexandre Loureiro/COB
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  • Alison dos Santos (bronze)

    Piu supera tropeços em Paris, mostra que estava, sim, em forma e conquista seu segundo bronze olímpico.

    Imagem: Michael Kappeler/picture alliance via Getty Images
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  • Duda e Ana Patrícia (ouro)

    Dez anos depois do título nos Jogos Olímpicos da Juventude, Duda e Ana Patrícia são coroadas em Paris

    Imagem: David Ramos/Getty Images, Luiza Moraes/COB e Gabriel Bouys/AFP
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  • Futebol feminino (prata)

    Prata da esperança - Vice-campeã olímpica, seleção feminina descobre como voltar a ganhar e mostra que o futuro pode ser brilhante.

    Imagem: Alexandre Loureiro/COB
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  • Vôlei feminino (bronze)

    Evidências - Programada para o ouro, seleção de vôlei conquista um bronze que ficou pequeno para o que o time fez em Paris.

    Imagem: REUTERS/Annegret Hilse
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