Palmeiras x Flamengo

Final da Libertadores será disputada hoje, às 17h, no estádio Centenário, no Uruguai

Diego Iwata Lima e Leo Burlá Do UOL, em Montevidéu Nicolás Celaya/Xinhua

Final "Nutella", estádio raiz

Primeira final única "de verdade" será em estádio de quase 100 anos

A decisão da Copa Libertadores de hoje (27), em Montevidéu, no Uruguai, é a primeira em que a Conmebol mostra seu lado mais moderno, inovador e, para quem gosta dos rótulos, "Nutella". É a primeira vez que o mais importante torneio da América do Sul faz sua final em jogo único e sem grandes incidentes. O jogo está marcado para as 17h no estádio Centenário, em Montevidéu, no Uruguai.

A primeira nesses moldes foi em 2019. A princípio, seria realizada em Santiago, no Chile, mas o país foi tomado por protestos contra o governo de Sebastián Piñera no mesmo período. A partida, então, foi transferida às pressas, semanas antes, para Lima, no Peru. O que se viu fora de campo foi uma corrida para mudança de itinerários de times e torcedores. O Flamengo venceu o River na ocasião.

A segunda final "Nutella" foi a do torneio de 2020, disputada em janeiro de 2021 por causa da pandemia. Se o estádio em Lima estava lotado, a decisão no Maracanã teve dois times brasileiros e apenas convidados nas arquibancadas. Sem público, o Palmeiras venceu o Santos.

Agora, os dois últimos campeões decidem quem será o próximo a erguer a taça. O modelo europeu, de uma semana completa de eventos no local do jogo e apenas uma partida para definir o campeão, é igual ao da Champions League. O rótulo "Nutella" ganha ainda mais força com o preço para estar nas arquibancadas. Os ingressos mais baratos custaram R$ 1100. E para ir do Brasil até o Uruguai, os pacotes custavam em média R$ 12 mil —toda a rede hoteleira de Montevidéu, por exemplo, estava com lotação máxima semanas antes do dia do jogo.

O local escolhido para receber esse evento, porém, não poderia ser mais raiz.

Como a pandemia apresenta índices mais confortáveis atualmente, o estádio Centenário terá casa cheia. Serão cerca de 60 mil pessoas nas arquibancadas, com 48 mil ingressos vendidos, além dos convidados. E é sempre bom lembrar: o Centenário é a melhor representação do imaginário que a Copa Libertadores criou nos torcedores.

Inaugurado na Copa do Mundo de 1930, foi palco do Uruguai campeão mundial (uma vez) e da Copa América (quatro vezes). Ao contrário do Maracanã, que em suas diversas reformas foi ganhando ares de arena moderna, com cadeiras em todos os lugares, telões e feição de teatro, o estádio uruguaio manteve suas arquibancadas de cimento, nunca fez uma reforma para instalar cobertura e é feliz com a memória de que foi palco de uma Copa disputada há quase 100 anos.

Nicolás Celaya/Xinhua

O que você precisa saber para a decisão

Alexandre Vidal / Flamengo

Como assistir?

O SBT e o grupo Disney, com a Fox Sports, são os donos do direito de transmissão da Libertadores.

No SBT, o comando da transmissão é de Téo José, com comentários de Mauro Beting e Washington, reportagem de André Galvão, Fernanda Arantes e Flavio Winicki. Nadine Basttos irá analisar a arbitragem e Mauro César Pereira, colunista do UOL, fará entradas especiais.

Na Fox, a narração será de João Guilherme, com comentários de Paulo Calçade e Zinho. Carlos Eugênio Simon será o responsável pela análise de arbitragem.

A torcida brinca com isso, e também com o fato de eu ter criado o apelido 'Rony Rústico' no mesmo período em que o Rony deslanchou no Palmeiras. Mas é só coincidência. A torcida do Flamengo começou a pegar um pouco no meu pé depois de um texto de um colunista maldoso, que disse que o SBT esnoba o Flamengo. Como alguém pode esnobar um time como o Flamengo?

Téo José, narrador do SBT

O último jogo do Palmeiras que narrei foi em maio de 2013. Um jogo no Pacaembu contra o Tijuana pela Libertadores. De lá para cá, se vão mais de 8 anos. No Fox Sports, onde trabalhei nesse período, pelo fato de ser carioca, a direção entendia que devia narrar jogos dos cariocas. Fiz muito jogos no Rio e a maioria foi do Flamengo. Então, obviamente, tenho mais identificação com a torcida do Flamengo por isso.

João Guilherme, narrador da Fox Sports

Como chegam os times

Staff Images

Mauro: técnicos precisam da vitória e bom trabalho na final

Ettore Chiereguini/AGIF
Veiga e Scarpa, dupla que pode entrar em campo hoje

Os preferidos de Abel

Quando o Palmeiras chegou às finais da Copa Libertadores e da Copa do Brasil no início do ano, o time titular do técnico Abel Ferreira mudava dependendo do rival. Danilo, Gabriel Menino e Patrick de Paula eram os coringas que se revezavam entre os titulares para anular os pontos fortes dos adversários —o melhor exemplo foi o confronto contra o River Plate na Argentina.

Neste ano, Abel Ferreira encontrou, já no final da temporada, há um time favorito —a exceção é Mayke, que entra na vaga do suspenso Marcos Rocha. Felipe Melo deve mesmo começar jogando, reconquistando o lugar que por muito tempo deixou de ser dele, ao lado de Danilo. E no ataque, Rony joga como referência. Ele é um dos três que podem jogar no setor (Deyverson e Luiz Adriano são os outros), mas de longe o que mostra mais "trabalho", como gosta de dizer Abel.

A dúvida fica entre Gustavo Scarpa e Zé Rafael. Um dos dois deve ficar fora do jogo. Scarpa é o principal garçom e o dono da melhor bola parada da equipe. Mas não é tão eficiente sem a bola, algo que Abel cobra muito. Já Zé, se jogar, terá outro papel. Caberá a ele se concentrar mais na marcação, deixando Danilo mais solto para encostar no ataque e cair pela direita.

Thiago Ribeiro/AGIF
Andreas Pereira: chave para a dinâmica do meio-campo

Flamengo 100%. Ou quase

Se Abel tem um time favorito, mas é complicado cravar qual é, com Renato Gaúcho o time ideal não parece ser nenhuma dúvida. Desde as chegadas de David Luiz e Andreas Pereira, ele indicou que montaria sua equipe ideal com Diego Alves no gol, Isla e Filipe Luis nas laterais, Rodrigo Caio e David Luiz na zaga, Arão e Andreas Pereira no meio e o quarteto ofensivo com Everton Ribeiro, Arrascaeta, Bruno Henrique e Gabigol.

Com Andreas, o Fla ganha em passe, bola parada e arremates de meia distância. O zagueiro, por sua vez, traz mais solidez defensiva e tem a qualidade da bola mais longa, que quebra linhas do rival. No mais, a equipe é formada pelos mesmos jogadores que vêm conquistando taças nos últimos anos.

O problema são as lesões. Esse time aí em cima jogou junto por um tempo muito curto —nem um tempo inteiro. Com muitas lesões afligindo o elenco, o Flamengo teve que apelar para um revezamento intenso de peças. E parece ter dado certo. O time chega para a decisão com todos os seus jogadores disponíveis e, salvo um problema de última hora, o Fla entra em campo com o time dos sonhos dos torcedores.

A maior incógnita é Arrascaeta, que se recupera de uma complicada lesão na coxa e ainda não atuou em uma partida completa desde que voltou a campo.

As chaves para a vitória

Marcello Zambrana/AGIF
Staff Images/Conmebol

Weverton

Numa escola que formou Oberdan Cattani, Valdir de Morais, Leão, Sérgio, Diego Cavalieri e Marcos, Weverton, juntamente com Prass, cavou para os goleiros forasteiros um lugar no panteão de ídolos. O acreano de 33 anos é peça fundamental com as mãos e os pés. Inicia jogadas lançando companheiros com a mesma destreza que defende bolas disparadas cara a cara. Num jogo único e possibilidade de decisão final nos pênaltis, pode passar pelas mãos dele a conquista de mais uma Libertadores para o Palmeiras.

Staff Images / CONMEBOL

Dudu

O maior ídolo da torcida palmeirense fez apenas uma partida magistral desde que retornou ao time. Aconteceu na volta das oitavas de final da Libertadores, nos 3 a 0 contra o São Paulo. Desde então, porém, o Palmeiras evoluiu bastante. Abel encontrou uma formação que potencializava a letalidade de Dudu com a velocidade de Rony e o poder de decisão de Veiga, aliados à precisão dos passes de Scarpa. Se o quarteto se repetir, de repente caberá ao jogador de linha há mais tempo ligado ao clube a primazia de dar ao time sua terceira Libertadores.

Alexandre Vial/CRF

Arrascaeta

É claro que jogadores como Bruno Henrique, Gabigol e Everton Ribeiro animam o torcedor e preocupam rivais. Mas a peça-chave rubro-negra é Arrascaeta, o maestro do time. Não é à toa que, depois que Arrascaeta se machucou defendendo o Uruguai, no dia 8 de outubro, o Fla demorou a se encontrar. Foram dez partidas em 30 dias e apenas quatro vitórias. Hoje recuperado da lesão na coxa, o camisa 14 volta ao principal palco de seu país para tentar o bicampeonato da Libertadores.

Jorge Rodrigues/AGIF

Michael

A notícia ruim de Arrascaeta, porém, teve um ponto positivo. Michael. O atacante está em alta desde a chegada de Renato, mas foi com a vaga na escalação aberta pela lesão de Arrascaeta que ele se firmou. Hoje na briga pela artilharia do Brasileirão, ele marcou seis dos seus 12 gols no mês de novembro. Apesar da fase, deve ser usado ao longo da partida. Atacante de velocidade e dribles insinuantes, pode ser vital se encontrar, do lado esquerdo do ataque flamenguista, a marcação de Mayke, que volta de lesão.

+ opinião

UOL

Alicia Klein: 'O Palmeiras chega inteiro, e o Flamengo não chega igual'

Ler mais
Arquivo pessoal

André Rocha: 'Acredito que o Flamengo tente fazer um início avassalador'

Ler mais
Divulgação/Fox Sports

RMP: 'Acho que o Abel Ferreira vai tirar um coelho da cartola para a final'

Ler mais
Uol

Lavieri: 'Abel tem tirado as pedras no sapato do Palmeiras. Falta o Fla'

Ler mais

Quem pode surpreender

Reprodução/Instagram

Palmeiras: Wesley e Verón

Dois jogadores capazes de alterar totalmente a dinâmica do jogo estarão no banco do Palmeiras. Os pontas Wesley e Gabriel Veron têm, no drible, suas principais virtudes, algo que pode ter peso grande num jogo que promete ter poucos espaços e brechas para infiltrações na área. Veron, afinal, foi o responsável pela jogada que colocou o Palmeiras na final, contra o Galo, após ficar um minuto em campo.

Thiago Ribeiro/AGIF

Flamengo: Pedro

Após retornar de uma artroscopia no joelho em menos de um mês, o atacante Pedro é arma das mais poderosas no banco de reservas de Renato. Atacante técnico e de estilo refinado, é um tipo de jogador diferente de Gabigol e Bruno Henrique e que pode decidir o jogo com um simples toque --já são 18 gols na temporada. A depender do andamento da decisão, pode ser usado para colocar um peso extra na defesa alviverde.

Os técnicos

Marcello Zambrana/AGIF
Cesar Greco

Abel: comandante de esquadra

Se a intensidade do treinador ganhasse jogos, o Palmeiras não perderia nunca. Abel Ferreira, 42, em sua segunda temporada no Palmeiras, é um dínamo à beira do campo, nas coletivas de imprensa e, conforme já se viu em filmagens de bastidores, também nas preleções.

Com pouco mais de um ano de clube, o português de Penafiel vai para sua segunda final de Libertadores defender o título que fez dele um ídolo súbito dos alviverdes. Estrategista, pragmático, defensivista. Muitos são os adjetivos que se tenta colar em Abel. Mas o que aparece ter mais aderência é mesmo "vencedor".

Inconformado com as falhas do futebol brasileiro, o treinador comprou brigas com a CBF, com a comissão de arbitragem, com árbitros e até com os dirigentes de seu clube. Tudo em prol de seu time, de seus jogadores e suas conquistas.

Como alguém que entende as limitações e qualidades de seu elenco, o técnico do Palmeiras vem mostrando saber como fazer de um grupo longe do ideal uma equipe competitiva. E demonstra, a cada dia, ter de fato entendido a alma do palmeirense, a cada grito de "Avanti, Palestra!", a cada lembrete de que "todos somos um".

Alexandre Vidal / Flamengo

Renato: questionamentos que não param

Quando Jorge Jesus, o técnico campeão de 2019, deixou a Gávea, toda a torcida do Flamengo tinha um favorito para assumir o cargo. Era Renato Gaúcho. Hoje, com menos de cinco meses no comando do clube, os flamenguistas não se lembram muito bem porque o ídolo gremista despertava tanto desejo.

Torcedores (e comentaristas) questionam o modo de jogar do time, dizem que sua equipe tem problemas táticos e tem gente dizendo até que ele entregou um jogo para o Grêmio para evitar o rebaixamento gaúcho (você pode entender a polêmica aqui, em texto de Renato Maurício Prado.

Os números, porém, são bem positivos. Foram sete vitórias seguidas ao assumir o time, o melhor desempenho da história do Flamengo. Até hoje, o aproveitamento total é de 75% —em menos de cinco meses, Renato já venceu 25 partidas (em três competições). Como comparação, o líder e virtual campeão do Brasileirão, o Atlético-MG, somou 23 vitórias no torneio até agora.

Mesmo assim, o futuro de Renato é incerto na Gávea. Com contrato até o dia 31 de dezembro, ele sabe que a partida no Uruguai é decisiva para selar seu destino. Pelo menos ele sabe como vencer no torneio: Renato é recordista de vitórias na Libertadores, já foi campeão como jogador e técnico pelo Grêmio e foi vice-campeão com o Fluminense.

Posse de Bola

Douglas Lambert/MOV.doc

Abel não está disposto a permanecer mais uma temporada, diz Juca Kfouri

Ler mais
Reprodução/SporTV

Palmeiras tem duas opções para escalação cautelosa na final, diz Arnaldo Ribeiro

Ler mais
Reprodução

Mauro Cezar: Se tivesse um bom técnico, o Flamengo seria o favoritaço na final

Ler mais
UOL

Nós 'tinha' a mente de a torcida do Palmeiras ser a mais violenta? De verdade, a mais violenta! Batemos em todo mundo. Arrastamos o mundo dando bica na bunda dos caras. Começamos com Santo André, os caras do ABC, todos monstros, dizimou o ABC. Eu fui de caminhão pra bater nos gambá. De lá fomos pra zona norte. Pau nos caras. Pegou a zona sul, bem mais pra frente, Grajaú e uma parte mais difícil. Hoje a torcida do Palmeiras tomou todas as quebradas, ela voltou a ser respeitada."

Marcelo Gordão, atual presidente da TUP (Torcida Organizada do Palmeiras), ao podcast Sobre Meninos e Porcos, do UOL.

Ler mais

+ sobre a final

Lucas Figueiredo/CBF

Flamengo busca o tri e defende superioridade em finais contra o Palmeiras.

Ler mais
Divulgação/Site oficial do Flamengo

Palmeiras x Flamengo: Piquerez e Arrascaeta buscam a consagração em casa.

Ler mais
Alexandre Vidal / Reprodução/Instagram

Em clima eleitoral, Landim e Leila têm Libertadores como trunfo político

Ler mais
ALEX SILVA/ESTADÃO CONTEÚDO

Felipe Melo escreve à torcida: 'se for sair, que seja bicampeão'.

Ler mais
Topo