Quem vai ficar com Messi?

O argentino prometeu ir embora do Barcelona, mas ninguém sabe ao certo como será seu futuro

Rafael Reis Colunista do UOL Jose Breton/Pics Action/NurPhoto via Getty Images

Depois de 17 temporadas, 148 partidas, 119 gols, quatro títulos, várias atuações épicas e também alguns vexames inesquecíveis, Lionel Messi pode disputar hoje seu último jogo de Liga dos Campeões da Europa com a única camisa de clube que vestiu desde que se tornou profissional.

A menos que o Barcelona consiga reverter a goleada por 4 a 1 sofrida contra o Paris Saint-Germain, há três semanas, em pleno Camp Nou, e assim conquiste a classificação para as quartas de final, o argentino não deve mais atuar na Champions pelo time catalão.

Isso, claro, se o hexacampeão de prêmios de melhor jogador do planeta realmente cumprir a bombástica promessa feita na virada da temporada passada para a atual: a de ir embora do Barça assim que seu contrato chegar ao fim, em junho.

Ainda restam três meses e meio para o encerramento desse vínculo, mas o mundo do futebol não para de discutir o que será de Messi a partir do meio do ano. O silêncio sobre o futuro que o craque adotou nos últimos meses só ajuda a alimentar esse cenário de incertezas.

Algumas coisas são certas: apesar de já estar a caminho dos 34 anos, o argentino certamente ganhará uma nova fortuna no time que escolher defender no segundo semestre. Mas será que ainda vale a pena para um clube gastar rios de dinheiro para tê-lo em seu elenco?

Jose Breton/Pics Action/NurPhoto via Getty Images
REUTERS/Vincent West

Vexames no Barcelona

É difícil encontrar algum fã de futebol que não trate Messi como um dos melhores jogadores do século (para não dizer de todos os tempos). Mas é cada vez mais comum achar quem pense que já não é mais tão certo assim colocá-lo no Olimpo da Bola atual.

As críticas se intensificam a cada novo fracasso do Barcelona. Afinal, desde que perdeu a companhia de Xavi, Iniesta e Neymar, o camisa 10 nunca mais conseguiu levar o time culé ao título mais importante de todos, o da Liga dos Campeões.

Pelo contrário, nas últimas temporadas, o astro argentino vem vivenciando um vexame atrás do outro no torneio continental. Em 2017/18 e 2018/19, perdeu mata-matas que estavam "ganhos" contra Roma e Liverpool, respectivamente. Na temporada passada, veio o fundo do poço: o histórico 8 a 2 aplicado pelo Bayern de Munique no jogo único das quartas.

Os resultados com a Argentina tampouco servem como alento. Apesar de já estar caminhando para a reta final de sua carreira, o craque ainda não conseguiu tirar sua seleção de um jejum de títulos que já vai completar 28 anos. E os resultados mais recentes, como a eliminação nas oitavas da Copa do Mundo-2018 e o terceiro lugar na Copa América-2019, não indicam que essa fila está perto de acabar.

Apesar de continuar sendo o principal goleador do Barcelona, Messi já não é mais aquele cara que consegue fazer 73 gols em uma única temporada (seu recorde pessoal, em 2011/12), desmonta sozinho defesas adversárias e decide jogos semanalmente.

Evolução de Messi

Ainda vale a pena contratar Messi?

Sempre vale a pena contratar Messi. Até que ele se aposente, sempre vai valer a pena. Não só pelo que ele faz em campo, mas também por tudo que gera de publicidade e merchandising. Se você tiver uma boa administração, ele será um bom negócio."

Chino Nazziconi, correspondente da TyCSports em Barcelona

Por mais que o futebol atual esteja cada dia mais físico e tático, talento sempre irá decidir partidas e campeonatos. Messi não irá se matar de correr para marcar no seu novo time e nem obedecer a rígidas obrigações de posicionamento. Mesmo assim, vai resolver várias situações difíceis com passes e finalizações preciosas. Por isso, não há dúvida que vale a pena investir no seu futebol."

Rafael Reis, colunista do UOL

Quanto custa Messi?

De acordo com reportagem publicada pelo jornal catalão "El Mundo Deportivo", em janeiro, o último contrato do craque com o Barcelona, assinado em 2017 e válido por quatro anos, prevê pagamento de até R$ 3,8 bilhões

David Ramos/Getty Images

Messi ajudará futuro clube a expandir marca

A pandemia da covid-19 causou um pesado dano no Mercado da Bola. Sem o dinheiro das bilheterias e com outros contratos suspensos ou com valores reduzidos, os clubes perderam faturamento e tiveram que limitar também a grana investida na chegada de novos jogadores.

Só que esse corte de custos vale para quase todo mundo, não para Messi. O primeiro motivo é que seu próximo time não terá de pagar sequer um centavo ao Barcelona pelos direitos econômicos do craque. Evidentemente, esse dinheiro "economizado" acabará indo para os bolsos do camisa 10, parte como salários e outra parte como prêmios por assinatura do contrato.

Além disso, os principais candidatos a futura camisa do argentino não estão muito preocupados com a saúde financeira imediata. Querem Messi para dar retorno dentro de campo, claro, mas também para expandirem suas marcas ao redor do planeta, ainda que, em um primeiro momento, essa negociação seja deficitária.

Clubes de orçamento mais apertado (ou responsável, como alguns preferem), aqueles que basicamente vivem do dinheiro que arrecadam por si só e não dependem de novos aportes feitos por seu proprietário ou empresas ligadas a ele, parecem estar fora da disputa.

Quem quer Messi?

Divulgação

Manchester City

Foi o primeiro interessado. Já tentou ter Messi na última janela de transferências e certamente vai fazer uma nova investida agora. Tem Guardiola, amigo pessoal do camisa 10, e conta com o dinheiro da família real de Abu Dhabi. Além disso, pode oferecer um plano de carreira ao jogador para se transferir para outro time do grupo, o New York City, nos Estados Unidos, daqui a alguns anos.

AFP

Paris Saint-German

Dinheiro não é problema para o emir do Catar, Tamim bin Hamad al-Thani, dono do PSG. O país ganharia o melhor garoto-propaganda possível para a Copa do Catar, em 2022. Se for para a França, Messi se reencontrará com Neymar e pode dividir vestiários com Kylian Mbappé. A chance de se divertir ao lado de outros craques é um dos maiores atrativos do PSG.

Divulgação

Futebol dos EUA

Não existe uma franquia ao certo que esteja oficialmente interessada em Messi, só alguns rumores que apontam que o Inter Miami, presidido por David Beckham, está no páreo. Mas a MLS (Major League Soccer) sabe que o argentino gosta da ideia de passar os últimos momentos da carreira nos EUA e que não existe alguém no planeta que possa impulsionar mais o soccer que ele.

Qual é a melhor opção para Messi?

Divulgação

Julio Gomes

Depende do que ele quer. Se for pelo desafio esportivo, o melhor é conhecer a Premier League pelas mãos de Guardiola. Se ele estiver com preguiça nesse fim de carreira, a melhor escolha para Messi é jogar no PSG e ir se divertir com os amigos em jogos fáceis

Arquivo pessoal

Rodolfo Rodrigues

Messi vai começar a próxima temporada com 34 anos, mas ainda tem totais condições físicas e técnicas para atuar num time de ponta. Acho que o Manchester City seria a melhor opção, caso a decisão dele seja ter um desafio forte pela frente.

Tentar vencer e convencer na Premier League ou na própria Liga dos Campeões [é uma atração]. No Manchester City, ele poderia ainda ter uma transição mais fácil para atuar na MLS, onde já disse que pretende jogar no fim de carreira. Outra opção interessante seria o PSG e atuar, quem sabe, ao lado de Mbappé e Neymar, e ter uma temporada tranquila, marcando muitos gols e dando espetáculo na Liga Francesa."

Rodolfo Rodrigues

Qual clube mais se beneficiaria com Messi

O clube que mais se beneficiaria seria o PSG, em termos de expansão de marca mundo afora. Uma constelação dessas seria algo extraordinário e de grande alcance. Esportivamente, acho que nenhum dos gigantes da Europa se beneficiam muito por ter Messi. Cria uma situação estranha no vestiário e sem o ganho esportivo que o Messi de anos atrás daria."

Julio Gomes, colunista do UOL

Nesse sentido seria o Real Madrid! A contratação mais bombástica da história. Mas o cenário atual não favorece. Outra grande jogada de marketing seria atuar ao lado de Ronaldo na Juventus. Além do PSG e do Manchester City, são poucos os que conseguiriam bancar o projeto Messi. Talvez Manchester United, Liverpool e Chelsea. Bayern Munique até seria outro, mas dificilmente Messi se encantaria com a Bundesliga."

Rodolfo Rodrigues, colunista do UOL

David Ramos/Getty Images David Ramos/Getty Images

Ainda há espaço no Barcelona?

Será que depois de todo o desgaste da relação entre Messi e Barcelona ainda há clima para uma reconciliação definitiva, a assinatura de um novo contrato e a continuidade dessa parceria que, contando os tempos de base, já dura mais de duas décadas?

Os torcedores culés apostam que sim, assim como os homens que vão conduzir o futuro do clube. Todos os três candidatos que concorreram na eleição para presidente do Barça, no último domingo, incluindo o vencedor Joan Laporta, colocaram a permanência do astro como prioridade para o mandato.

A aposta na Catalunha é que os problemas de relacionamento de Messi não eram com a entidade Barcelona, mas sim com a antiga gestão, liderada pelo ex-presidente Josep María Bartomeu, que renunciou depois de campanha do atacante.

Mas, mesmo com o inimigo deposto, o cenário para o argentino na Espanha não é nada bom. Para começar, os últimos resultados colhidos pelo time não são de empolgar ninguém, muito menos alguém tão acostumado a vencer.

Para piorar: a saúde econômica do Barcelona é bem problemática. Com uma dívida de R$ 5 bilhões para quitar até o fim da temporada, o clube não tem dinheiro em caixa para contratar reforços de peso e assim reerguer a equipe e nem para oferecer uma proposta irrecusável ao maior jogador da sua história.

Por tudo isso, o mais provável é que Messi seja mesmo o cara da próxima janela de transferências na Europa e que o mundo da bola passe os meses a seguir se perguntando: quem vai ficar com ele?

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