Entre uma conversa e outra durante as tradicionais jogatinas de baralho dos momentos de descontração nas competições, João Fonseca comentava com os amigos sobre a importância de cursar faculdade antes de mergulhar no tênis profissional.
Ele queria estudar nos Estados Unidos, conhecer o esporte universitário e só depois pensar na possibilidade de seguir carreira no esporte. João nadava contra a maré no assunto, enquanto os companheiros pensavam o contrário. "A gente tem que ter um plano B", dizia o carioca aos colegas tenistas.
Em fevereiro do ano passado, João assinou uma carta de intenção para fazer faculdade na Universidade da Virgínia, que tem um dos melhores programas de tênis do país e é a número 1 do ranking da NCAA — a liga de esportes universitários dos EUA - na modalidade.
O garoto, então, mapeou algumas possibilidades na própria mente. Poderia estudar um semestre e trancar o curso para voltar ao Brasil. Também pensava em ficar um ano inteiro por lá, talvez.
Tivesse insistido nos planos americanos, dificilmente veríamos a estreia avassaladora do tenista no Australian Open de 2025, em que se tornou o brasileiro mais jovem da história a ganhar uma partida de simples na chave principal do torneio ao bater um top-10 do ranking mundial. Para começar, se tivesse ingressado na vida universitária, não teria ranking para disputar um Grand Slam.
Mas Fonseca também não teria conquistado o ATP Next Gen Finals, torneio que reuniu, em dezembro, os melhores tenistas de até 20 anos do circuito profissional de 2024 —já que ele não teria disputado a temporada inteira. Na Arábia Saudita, João se tornou o primeiro sul-americano a levantar o troféu da competição e foi o segundo mais jovem campeão do evento, atrás do italiano Jannik Sinner, atual número 1 do mundo.
Mas o que fez João mudar seus planos? A resposta está no Rio Open de 2024 e nas três noites mágicas que o fizeram acreditar que o momento de apostar em si mesmo tinha chegado.