A principal referência de Hadson como treinador é o português Jorge Jesus.

O ex-flamenguista comandou o brasileiro no União Leiria, em Portugal, entre 2005 e 2006. Empresários ligados à negociação na época contam que Hadson estava sem clube depois de três anos na Ucrânia e lances do seu DVD agradaram a Jesus, que na época só tinha um lateral-esquerdo no elenco - o francês Damian Tixier. O ex-BBB lembra que jogou bem pouco.

"Eu fiquei no banco seis meses com ele [Jorge Jesus], mas cresci muito. Ele até falava: 'pô, tu joga muito, tu é espetacular, mas nesse momento não vai jogar'. Quem gosta de ouvir isso? Mas eu treinava bem e sabia que não era por birra, era pelo sistema tático. Eu deixava o time vulnerável porque era muito ofensivo. Mas ali eu entendi o que precisava melhorar", diz.

Uma das maiores lembranças de Hadson é o fato de que Jesus dava muita atenção aos reservas nos treinos: "O vestiário dele era muito bom, o convívio. Ele achava os 11 titulares dele, mas treinava bem mais os outros para se sentirem valorizados e prontos para jogar. Quero levar isso para as minhas equipes."

Depois da passagem pelo União Leiria, Hadson jogou a Segunda Divisão de Portugal pelo Gondomar. Fez até gol. Quando voltou ao Brasil esteve no Paysandu sob o comando de Givanildo Oliveira, outra referência: "É um cara de poucas palavras, treinamentos não muito elaborados, mas que sabe conduzir e me deixou lições."

"Não fiz uma carreira em busca de fama, foi de ganhar dinheiro", responde Hadson, em seu argumento para quem diz que não lembra-se dele no futebol.

Podia ter sido diferente, porque ele atuou por cinco temporadas nas categorias de base do Corinthians, no fim dos anos 1990, e foi companheiro de vários jogadores que estouraram, como Ewerthon, Edu Gaspar, Gil, Kleber e Deco.

Hadson chegou a participar de treinamentos contra o time profissional em uma época de fartura de títulos e ídolos e até disputou a tradicional Copa São Paulo, mas saiu antes de estrear profissionalmente. Também esteve na base do Flamengo e do Remo antes de partir para o Basel, da Suíça. Outros países em que ele atuou além de Portugal e Ucrânia foram Vietnã e Uruguai. No Brasil, ainda rechearam seu currículo Tuna Luso-PA, Boavista-RJ, América-SP, Brasil-RS e Bragantino-PA.

Um grande quase fez parte dessa lista. Depois de uma boa temporada no Sul, Hadson despertou atenção do Vasco em 2011. Houve conversas, mas sua contratação dependia da venda de Márcio Careca, o que não aconteceu. Na ocasião, o ex-BBB acabou parando no Paysandu.

"Eu tenho que agradecer papai do céu pela carreira que eu tive. Com 26, 28 anos, eu fiz meu pé de meia. Parei de jogar aos 34 porque já estava naquela situação de clubes em que você paga para jogar. Então optei por não ficar mais nessa 'sofrência'", diz Hadson, que foi dirigente depois de pendurar as chuteiras.

O Grêmio Barueri já frequentou a elite do Brasileirão, mas uma sequência de problemas e más administrações derrubou o time. A gestão hoje é de uma empresa de gerenciamento de carreiras chamada "O2 Brazil", que planeja a disputa da Segunda Divisão (equivalente à Quarta) do Campeonato Paulista no segundo semestre. É como se fosse um reinício.

Como técnico, Hadson vai ajudar na formação do elenco. O primeiro passo é uma espécie de laboratório na cidade paulista de Peruíbe e depois treinos em Barueri a partir de julho. Ele quer trabalhar com um grupo entre 30 e 32 atletas de até 23 anos.

Eu nunca me vi fora do futebol. Tive esse lado artístico através de reality, mas não quero que as pessoas pensem, 'ah, o cara do Big Brother'. Não, eu não caí de paraquedas, está certo? Quem me conhece sabe que fui profissional, tenho habilitações para ser treinador e agora estou focado nisso. Espero fixar minha carreira e seguir voos grandes."

Hadson diz que será um técnico com "muita referência do futebol europeu" e disciplinador. Afirma gostar do esquema tático 4-3-3, mas tudo depende dos jogadores à disposição. "Respeito as táticas, mas o brasileiro é imprevisível, a técnica nasce com a gente e tem que ser aproveitada."

"Além de ser 'grandão sem medo', eu tenho sonhos gigantescos. Ainda me considero novo para treinador de futebol aos 40 anos e sou honesto, sei que não será fácil. Mas se eu trabalhar direitinho, sei que vou colher coisas boas."