Novo-rico ou gigante?

Chelsea surpreende Manchester City e é campeão europeu pela segunda vez

Leandro Miranda Do UOL, em São Paulo Alex Livesey - Danehouse/Getty Images

E aconteceu de novo: o Chelsea é campeão da Europa. Assim como em 2012, quando um time no qual ninguém apostava derrubou os favoritos Barcelona e Bayern de Munique no caminho para o título, novamente o time azul de Londres triunfa no papel de azarão — mesmo sendo um dos clubes mais ricos do planeta. A taça veio com uma vitória por 1 a 0 diante do Manchester City, em Portugal.

Com duas Ligas dos Campeões na estante, o Chelsea se credencia a deixar de ser considerado um "novo-rico" para entrar de vez no clubinho dos grandes. Desde 2003 sob o comando do bilionário russo Roman Abramovich, o clube já tem uma geração inteira de jovens que nunca conheceram o time modesto, de meio de tabela; só o bicampeão europeu com poder para contratar alguns dos melhores do mundo.

A ironia, é claro, é que a vitória na final foi em cima do City, da família real de Abu Dhabi — talvez o símbolo máximo no futebol atual de como o Chelsea não quer mais ser visto. Depois de deixar pelo caminho o gigante Real Madrid na semifinal, maior campeão do torneio, não poderia haver adversário mais apropriado na decisão.

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Alex Livesey - Danehouse/Getty Images

Quanto custou cada jogador que iniciou a final (em milhões de euros)

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A vingança dos "descartados"

O Paris Saint-Germain bateu na trave no ano passado tentando o sonho de finalmente conquistar a Liga dos Campeões, perdendo a final para o Bayern de Munique. E dois personagens que foram considerados desnecessários para a sequência do projeto do time francês deram a resposta da melhor forma possível: conquistando o troféu por outro clube na temporada seguinte.

Thiago Silva e Thomas Tuchel foram determinantes para a temporada de sucesso do Chelsea. O zagueiro brasileiro mostrou que, aos 36 anos, ainda é uma das referências em sua posição; não sentiu o ritmo forte da Premier League e comandou a defesa azul mostrando a classe e a firmeza de sempre.

Já o técnico alemão, muito contestado PSG por supostamente não dar padrão de jogo ao time, fez exatamente isso no Chelsea e teve um impacto quase automático em sua chegada, aliando um sistema defensivo forte a um ataque cheio de dinamismo e velocidade. De quebra, ainda vê seu sucessor em Paris, Mauricio Pochettino, passando pelo mesmo calvário. Será que o problema lá é treinador?

Destaques dos colunistas

Quem brilhou no título do Chelsea

Matthew Ashton - AMA/Getty Images

Pelo 3º ano consecutivo, Liga vai para um técnico alemão

Depois de Jürgen Klopp (Liverpool, em 2018/19) e Hansi Flick (Bayern de Munique, na temporada passada), chegou a vez de Thomas Tuchel conquistar o título da Liga dos Campeões e consolidar a recente hegemonia dos treinadores alemães na competição interclubes mais importante do planeta.

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Divulgação

Thiago Silva é 9º zagueiro brasileiro a levar Champions

Thiago Silva disputou 33 jogos e chegou à final deste sábado como tilular. Destaque do time na campanha do título, ele conquistou a Liga dos Campeões pela primeira vez depois de 12 temporadas em alto nível na Europa, com Milan (2009-2012), PSG (2012-2020) e agora pelo Chelsea (2020-2021).

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O que diz o xerife brasileiro

Ano passado, batemos na trave, com o Tuchel. Esse ano, de maneira heroica ele chegou no meio da temporada e mudou o time. Tem uma coisa que aprendi com o Tite, que é o merecimento e nós merecemos. Muita gente não deu a gente como favorito, mas faz parte. Muita gente gosta de um jeito de jogar, outros de outro. Na final tudo se iguala

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Thiago Silva, zagueiro o Chelsea

Opinião sobre a decisão

Por que o Chelsea levou a melhor sobre o City

Valerio Pennicino - UEFA/UEFA via Getty Images

André Rocha: Guardiola é indecifrável na hora das decisões

Pep Guardiola mais uma vez prova que é um treinador essencialmente de ligas, por pontos corridos. Nas partidas decisivas, a impressão é de tensão para manter o controle e minimizar as aleatoriedades do jogo pelo caráter eliminatório. Também uma necessidade de deixar uma assinatura no duelo tático e estratégico.

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Alexander Hassenstein - UEFA/UEFA via Getty Images

Menon: a decisão da Liga dos Campeões foi muito ruim

O jogo foi ruim. Não tem justificativa jogadores tão caros e um treinador imortal como Guardiola apresentarem jogo tão fraco. Podem buscar explicação na tática. Podem dizer que houve entrega. Que final é assim mesmo. Que não se pode dar espaço. Eu dispenso os eufemismos.

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Getty Images

Mattos: Kanté é o protagonista e inspira mais que o Chelsea

O Chelsea não é daqueles times de futebol encantador que te faz parar em um fim de semana para assistir. E Kanté é o melhor jogador da final diante do City. Pela segunda vez seguida, a Liga tem um meio-campista como protagonista, como ocorreu com Thiago Ancântara com o Bayer de Munique em 2020.

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Gao Jing

Neymar e Mbappé: na trave de novo com o PSG

Depois de quase conquistar a Europa em 2020, o PSG ficou mais longe da taça desta vez, parando na semifinal diante do Manchester City. O devastador ataque formado por Neymar e Mbappé não foi suficiente para compensar um elenco desequilibrado, especialmente em posições defensivas, e um coletivo que ainda não se mostrou à altura dos principais concorrentes.

Houve momentos mágicos, dribles, arrancadas, tabelas e golaços. A vingança contra o Bayern nas quartas de final foi o auge da campanha. Mas não bastou. Pochettino deu liberdade total à dupla de ataque enquanto os outros nove jogadores defendiam, mas acabou sufocado pela superioridade do conjunto do City na semi.

Resta saber se a dupla segue junta. Neymar renovou com o PSG, mas Mbappé tem contrato acabando no ano que vem — pode ser a última chance de fazer dinheiro com ele. Por outro lado, tem a possibilidade de chegar um tal Lionel Messi...

Jonathan Moscrop/Getty Images e REUTERS/Gonzalo Fuentes

Um mundo sem Messi e CR7

Dentro de alguns anos, os jogadores que definiram uma geração terão que parar de jogar. E nesta Liga dos Campeões, já foi possível ter um "gostinho" de como será a elite do futebol sem Lionel Messi e Cristiano Ronaldo: pela primeira vez desde 2005, nenhum deles chegou sequer às quartas de final.

Mesmo mantendo um nível individual excepcional, ainda mais considerando que são jogadores de 34 e 36 anos, Messi e CR7 não conseguiram levar Barcelona e Juventus além das oitavas. Com seus times vivendo sérios problemas coletivos e até institucionais, além de comandos técnicos muito questionados, eles foram eliminados, respectivamente, por PSG e Porto.

Sem o argentino e o português, o palco das fases finais ficou para atores mais jovens, como Mbappé, Haaland, Neymar e De Bruyne. A transição já está acontecendo.

Divulgação

Campeão cai sem seu craque

E Lewandowski? Bem, o atual melhor do mundo não pôde ajudar o Bayern de Munique a defender seu título. O artilheiro teve mais uma temporada individual fantástica, com incríveis 48 gols em 40 jogos. Mas, machucado, ficou fora dos dois duelos contra o PSG nas quartas de final, quando o time alemão foi eliminado.

Mesmo com o polonês em campo, porém, o Bayern não conseguiu atingir o mesmo nível de desempenho da temporada passada, quando foi incontestavelmente o melhor time do mundo. O trabalho do técnico Hansi Flick sentiu o desgaste, e o comandante deixou o cargo ao fim da temporada para comandar a seleção alemã.

Sem brilhar nas fases mais decisivas da Champions, Lewa provavelmente não vai conseguir manter o prêmio de melhor do planeta nesta temporada. Que comece a caçada pela Bola de Ouro...

Os brasileiros que se destacaram

  • Neymar

    Seis gols, três assistências, jogadas fantásticas. Não tem muito como fugir do lugar-comum: Neymar fez mais uma excelente Champions, apesar de não ter conseguido brilhar tanto nos duelos da eliminação do PSG contra o City.

    Imagem: AFP
  • Ederson

    Não é exagero dizer que a importância de Ederson para o modelo de jogo do City é tanto por sua habilidade incomum com os pés quanto pelo que pode fazer com as mãos. O goleiro conseguiu aliar solidez e ousadia na mesma medida.

    Imagem: Reprodução/Facebook
  • Casemiro

    Em uma temporada na qual o Real Madrid não se mostrou dominante como já foi, Casemiro foi um dos poucos pontos do time que mantiveram a excelência. Referência defensiva e um dos líderes de um elenco multicampeão.

    Imagem: Reprodução/Instagram
  • Thiago Silva

    Em meio às contratações milionárias de Werner e Havertz no Chelsea, o zagueiro chegou sem tanto alarde, mas logo se tornou peça indispensável no trio de zaga montado por Thomas Tuchel. Aos 36, segue na elite.

    Imagem: Divulgação
Sebastian Widmann/Getty Images

O artilheiro-prodígio

O artilheiro da Liga dos Campeões jogou em um time eliminado nas quartas de final: Erling Haaland, o prodígio do Borussia Dortmund, marcou dez gols e terminou com dois a mais que Mbappé. Para muita gente, aliás, a disputa entre os dois, foi uma prévia da rivalidade que dominará o futebol mundial após a eventual saída de cena de Messi e CR7.

A previsão pode ser um pouco ousada demais, mas o fato é que essa foi a Champions que consolidou Haaland entre os melhores atacantes do mundo atualmente. Aos 20 anos, o norueguês une uma potência física fora do comum com técnica na finalização e cabeça sempre fria. Já passou a marca dos 100 gols como profissional. Alguém quer duvidar?

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