O que os At(h)leticos têm

Rodada deixa Furacão e Galo como principais perseguidores ao líder Palmeiras no Brasileirão; Felipão despista

Do UOL, no Rio de Janeiro VICTOR MONTEIRO /W9 PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Não estamos brigando por título".

A frase acima poderia ser de um técnico cujo time está com baixo desempenho no Brasileirão, flertando com rebaixamento ou um meio de tabela insosso.

Mas não é o caso.

Luiz Felipe Scolari e o Athletico estão dois pontos atrás do Palmeiras, após a 15ª rodada. O Furacão e o xará Atlético-MG, empatados na tabela, são hoje os principais perseguidores ao líder. E, mesmo assim, o discurso no lado paranaense é de que a briga realista ainda não é pela taça, mesmo que eles tenham acabado de derrotar o Palmeiras no Allianz Parque, com um time misto.

"A campanha é muito boa, mas brigar pelo Brasileirão é um pouco mais difícil. Temos equipes mais bem preparadas que a nossa. Podemos continuar fazendo esse trabalho para ver se conseguimos seguir em frente", disse o treinador.

Raposa felpuda no futebol, Felipão pode estar sendo cauteloso ou só despistando, como estratégia para evitar a pressão. A vitória no sábado mostra que o Athletico não é apenas mais um participante na Série A deste ano. A fase é ótima. São 13 jogos de invencibilidade, considerando todas as competições. No Brasileirão, nove partidas sem derrota.

Já a versão 2022 do Atlético-MG é menos empolgante do que a do ano passado, que teve título brasileiro e da Copa do Brasil. Mas o time de Turco Mohamed não para de reforçar um elenco já muito forte (Pedrinho e Alan Kardec foram anunciados há pouco).

De fato, as pretensões dos dois Atléticos, embora empatados hoje, eram diferentes ao início do Brasileirão. E com características distintas, eles são, sim, protagonistas — mesmo que Felipão negue. Mas de que forma?

VICTOR MONTEIRO /W9 PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Marcello Zambrana/AGIF

O dedo de Felipão

É preciso contextualizar as 15 rodadas do Athletico neste Brasileirão e dividi-las em dois. Uma época pré e pós-chegada de Scolari.

A estreia de Felipão foi só na sexta rodada, com derrota para o Fluminense, inclusive — a mais recente na Série A. Antes, o Furacão sofreu: levou 4 a 0 do São Paulo na estreia e demitiu Alberto Valentim. Depois, já com Fábio Carille, perdeu para o próprio Atlético-MG. Continuou lanterna. O esboço de recuperação com Carille não foi consistente. O trabalho durou 21 dias. E veio Felipão. Aí, a guinada aconteceu.

O Athletico hoje não é um carrossel. Contra o Palmeiras, especificamente, foi eficiente ofensivamente, apesar de permitir chances de gol do adversário. Abel Ferreira, técnico do Palmeiras, elogiou essa combinação.

"Uma equipe eficiente e feliz, com um goleiro que foi extremamente competente. Soube sofrer, teve a estrelinha do jogo. Não adianta chutar dez vezes e não fazer, enquanto o adversário chuta um e faz", disse o português, referindo-se a Bento, titular da meta do Furacão.

Os números do Brasileirão reforçam esse ponto de vista sobre o jogo no Allianz Parque. O Palmeiras é o time que mais chuta na Série A: média de 18 finalizações por jogo. Por outro lado, o Athletico é o segundo time que mais permitiu finalizações até aqui: média de 15,8 por partida, segundo o Footstats. Só perde para o Cuiabá no quesito: 17 chutes sofridos/ jogo.

Mesmo assim, o Athletico tem a quinta melhor defesa do Brasileirão, com 15 gols sofridos (quatro só na longínqua primeira rodada). O Palmeiras, por exemplo, levou três gols a menos (12). Nos últimos dez jogos, o Athletico levou oito gols, mas fez 17 e compensou essa exposição. Ah, e vale ficar de olho em Vitor Roque, atacante de 17 anos que abriu o placar diante do Palmeiras.

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Os gols da vitória do Athletico sobre o Palmeiras

Se o mundo tivesse pessoas como ele, estaria muito melhor. É um treinador que conhece o futebol brasileiro, sabe como é que se ganha.

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Abel Ferreira, Técnico do Palmeiras, sobre Felipão

Pedro Souza/Atletico

Um Galo ainda com lastro

Embora não seja tão avassalador como o time de Cuca em 2021, o Atlético-MG ainda é muito forte ofensivamente. São 24 gols em 15 rodadas, um desempenho que só é inferior ao do Palmeiras — que fez 27.

O trabalho de Turco Mohamed tem instabilidades, mas o Galo perde pouco no Brasileirão: foram só dois jogos até agora — mesmo número que dos palmeirenses e do Internacional. Não fossem os seis empates, o cenário na Série A poderia ser distinto.

O Atlético tem por característica ser um time dominante. Tanto que é o dono do maior percentual de posse de bola do Brasileirão (55,74%). O Fluminense de Fernando Diniz aparece em seguida (55,62%).

Segundo o Wyscout, o Galo é o time que mais busca jogadas de 1 x 1 e drible no Brasileirão. A média por jogo é de 29,3 ocasiões, tendo em Hulk a principal fonte (87 de um total de 485). Só Igor Paixão, do Coritiba, tenta mais dribles do que o atacante do Galo. Hulk, inclusive, já somou sete gols no Brasileirão.

A vitória no fim de semana foi sobre o Juventude. O calendário tem feito com que o Atlético e outros times, como o Corinthians, rodem o elenco. Isso tem impacto no desempenho geral no Brasileirão. Pelo menos o Galo buscou os pontos que reduziram a distância em relação ao Palmeiras.

No mercado, algumas movimentações recentes geram ainda mais expectativa pelo que vem por aí para o Atlético-MG. Nesta janela, o clube anunciou, por exemplo, o meia Pedrinho e o atacante Pavón.

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Marcelo Gonçalves/Fluminense
Fred se emociona após fazer o gol que fechou a goleada do Fluminense sobre o Corinthians: 4 a 0

O enredo perfeito no quase adeus de Fred

O cenário do G4 poderia ser diferente se o Corinthians tivesse usado o time principal, em vez de um combinado de reservas. Mas o enredo foi a oportunidade ideial para o atacante Fred, do Fluminense, no jogo que serviu como pré-despedida. No próximo fim de semana será a aposentadoria dele.

No Maracanã, o jogo com maior carga de emoção da rodada. A torcida encheu o estádio, o Fluminense goleou, com direito a um gol derradeiro de Fred na noite de sábado — ele tem 199 pelo clube. A comemoração foi proporcional à idolatria da torcida por ele.

Chorando, Fred remeteu a momentos incertos da carreira nos quais encontrou apoio no tricolor. Foi a principal entrevista da rodada.

"Se alguém fosse escrever, o roteiro não seria tão perfeito".

Além de Fred, em si, o Flu parece um time que merece atenção nas próximas rodadas. Segundo o atacante, o tricolor "hoje, tem o melhor futebol do Brasil" e o técnico Fernando Diniz "veio para ser campeão".

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Quando estava mais abandonado, enfraquecido, no chão ou na lona, a única torcida que acreditou em mim foi a do Fluminense. Até quando não acreditei em mim, a nossa torcida acreditou, estendeu a mão e me tirou do buraco. Depois da Copa (2014). Em 2009, que foi um título para nós, a torcida tirou a gente do buraco. Antes de voltar para o Fluminense, vivi momentos de muita tristeza, de querer abandonar a carreira. E o Fluminense, na pessoa do Mário foi lá na roça, lá na fazenda. Eu estava me escondendo pelo rebaixamento do Cruzeiro, estava envergonhado, nunca tinha sido rebaixado, e o Mário confiou em mim e nesse projeto de reconstrução do clube. Hoje está sendo emocionante no meu penúltimo jogo, eu entrar e acabar fazendo gol.

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Fred, Atacante do Fluminense

Robson Mafra/AGIF Couto Pereira teve apagão antes do Coritiba x Fortaleza; jogo atrasou 45 minutos

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O tempero da rodada

Reencontro de atacantes com os times que os formaram

Ettore Chiereguini/AGIF

Gabigol e a torcida do Santos

Vale a pena prestar atenção sempre que Gabigol volta a Santos. Desta vez, ele começou no banco. Viu Pedro abrir o placar, Vinicius Zanocelo empatar e entrou no segundo tempo para dar a vitória ao Flamengo na Vila Belmiro. Cria do Peixe, ele foi provocado por torcedores ao longo do jogo, mesmo fora de campo. Aí, quando balançou as redes, não perdeu a chance de rebater as alfinetadas que vieram antes da arquibancada. Até fingiu que tiraria a camisa na comemoração, o que causaria sua expulsão. Mas ficou só no fingimento. Melhor para o time de Dorival Júnior.

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Heber Gomes/AGIF

Luciano afiado em Goiânia

Outro episódio da famosa "lei do ex" aconteceu em Goiânia. Luciano fez os dois gols da vitória do São Paulo sobre o Atlético-GO, clube pelo qual se profissionalizou, em 2012. Luciano não fazia gol pelo Brasileirão desde a quinta rodada, em 9 de maio, diante do Fortaleza. Mas fez quatro gols em menos de uma semana, já que balançou as redes duas vezes na quinta-feira, pela Sul-Americana, diante da Universidad Católica. Calleri passou em branco, ainda é o artilheiro do Brasileirão, mas agora ganhou a companhia de Cano, do Fluminense, com 9 gols.

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A visão dos colunistas

Keiny Andrade/UOL

O campeonato está como o diabo gosta

Derrotas de Palmeiras e Corinthians acirram briga por primeiras posições. Como de todos os times que estão no topo do Brasileiro o mais provável é a continuidade de Palmeiras e Galo na Libertadores e, mais possível, a do Furacão que a do Corinthians, talvez a eliminação pelo Boca habilite o alvinegro a brigar na parte de cima da tabela.

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UOL

São Paulo vai passar o Corinthians

Faço aqui uma aposta com vocês: o São Paulo ultrapassará o cambaleante Corinthians em quatro rodadas, no máximo! A melhor notícia para os são-paulinos foi a volta do bom nível de Luciano, imprescindível para a equipe de Ceni. Com o atacante mais conectado ao time, é bem provável que o Tricolor deslanche no Brasileirão.

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Uol

Gabigol é fundamental ao futebol

Gabigol foi vaiado no aquecimento. Recebeu ofensas homofóbicas. Gabigol foi chamado por Dorival aos 21 do segundo tempo, após o gol de empate do Santos, de Zanocelo. Gabigol é assim. Artilheiro, ótima técnica para finalizar e passar, briguento, irresponsável, encarador, irônico. Não passa despercebido. Eu queria no meu time.

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Foram bem

  • Cano

    Ele não para. Não se cansa de fazer o L. O atacante do Fluminense fez mais dois gols nesta rodada, tendo o Corinthians como vítima. Agora é um dos artilheiros do Brasileirão, ao lado de Calleri.

    Imagem: Thiago Ribeiro/AGIF
  • Pedro

    Foi titular diante do Santos e deixou o seu. Atuação muito boa. Movimentação consciente, dando opção no pivô para tabelas no ataque. Foi importante para a vitória do Flamengo na Vila Belmiro. Reverência.

    Imagem: Ettore Chiereguini/AGIF
  • Vitor Roque

    Nem parece que tem 17 anos. Frio, decisivo e, até agora, promissor. O atacante abriu o placar para o Athletico na vitória sobre o Palmeiras. Velocidade a serviço do Furacão costuma dar certo, casa com o estilo do time.

    Imagem: Divulgação/Sit eoficial do Athletico
  • Luciano

    Estava com a pontaria afiada e foi oportunista para fazer dois gols na vitória do São Paulo -- um de pênalti -- sobre o Atlético-GO. Parece ter renascido na temporada. Vai ser importante que mantenha o ritmo ao lado de Calleri.

    Imagem: Heber Gomes/AGIF

Foram mal

  • Robert Renan

    O zagueiro do Corinthians não esteve bem diante do Fluminense. Falhou em bolas paradas que geraram dois dos quatro gols tricolores no Maracanã. Atuação dele resumiu a jornada do time.

    Imagem: Divulgação/Site oficial do Corinthians
  • Pedro Raul

    Perdeu um caminhão de gols na derrota do Goiás para o América-MG. A falta de pontaria teve reflexo no resultado apertado de 1 a 0, que deixou o time na zona de rebaixamento.

    Imagem: Divulgação/Site oficial do Goiás
  • Piquerez

    O uruguaio perdeu a disputa pelo alto que gerou o primeiro gol do Athletico e cometeu o pênalti que causou o segundo. Foram os lances capitais da partida.

    Imagem: Ettore Chiereguini/AGIF
  • Titi

    O zagueiro do Fortaleza deu mole logo nos primeiros minutos do jogo contra o Coritiba, errando na marcação de Léo Gamalho. Isso já jogou carga pesada sobre os ombros do time logo de cara.

    Imagem: Divulgação/Site oficial do Fortaleza

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