A agonia que ainda resta

Briga contra o rebaixamento se estica até a última rodada do Brasileirão. Vagas na Libertadores se embaralham

Do UOL, no Rio de Janeiro Ettore Chiereguini/AGIF

Trezentos e setenta jogos se passaram. O campeão já está definido: Atlético-MG, que já guardou a taça e tudo. Vice e terceiro colocado, também: Flamengo e Palmeiras entraram de férias, na prática. Mas não é pouca coisa que resta para a última rodada do Brasileirão 2021.

Tirando três times da ponta de cima e dois da rabeira, há dose de aflição distribuída entre 15 dos times envolvidos na competição. O volume dessa dose, claro, vai variar de acordo com o cenário que a 38ª rodada reserva. Sobretudo para aqueles cuja esperança já poderia ter sido sepultada na 37ª, como é o caso dos torcedores do Grêmio.

O clube gaúcho é um dos quatro ainda envolvidos diretamente na briga contra o rebaixamento. Além dele, o conterrâneo Juventude está na zona da degola, enquanto Bahia e Cuiabá, com os resultados da rodada, colocaram a cabeça para fora da água — mas estão longe de respirarem aliviados. Juventude e Bahia estão empatados com 43 pontos. O Grêmio tem 40, enquanto o Cuiabá ficou com 46.

A luta pela sobrevivência ficou mais restrita com os resultados da rodada. A perspectiva mudou para Santos e São Paulo, por exemplo. Ao mesmo tempo em que se livraram da hipótese de Série B, eles foram catapultados para o sonho derradeiro de vaga na Libertadores — o Brasileirão é "generoso" e vai classificar até quem ficar em oitavo.

Descobrir quem estará na competição continental é um exercício mais complicado, tamanho é o perde-ganha dos envolvidos: hoje, as vagas de sexto a oitavo, que estão indefinidas, seriam de Red Bull Bragantino, Fluminense e América-MG.

Ler mais
Ettore Chiereguini/AGIF
Ettore Chiereguini/AGIF

De onde o Grêmio vai tirar forças?

Por incrível que pareça, é uma façanha o Grêmio está vivo até a última rodada deste Brasileirão. O desempenho ruim ao longo da competição, refletido nos resultados e na permanência praticamente constante na zona de rebaixamento, já credenciaram o tricolor gaúcho à mesma sentença recebida por Sport e Chapecoense: ida à Série B em 2022.

Só que há uma reação derradeira. Uma tentativa. Um esforço final que transita entre um espasmo de quem vê o pior logo adiante e uma salvação em Porto Alegre que, se vier, será épica. O adversário na rodada final é o já campeão Atlético-MG, que, além da ressaca pelo título, está de olho nos jogos da final da Copa do Brasil, domingo (12) e na quarta-feira seguinte (15).

O fato é que o Grêmio já poderia ter sido rebaixado no fim de semana, mas escapou porque o Juventude perdeu para o São Paulo. O próprio time de Mancini ao menos não foi derrotado pelo Corinthians. A torcida do clube paulista, inclusive, estava faminta por "dar o troco" de 2007, quando viu o Corinthians ser rebaixado após o empate com o Grêmio, na última rodada.

Por tudo o que aconteceu de errado no ano, o discurso de alguns dirigentes gremistas parece delírio. Mas a matemática insiste em ainda dar razão a eles, embora o time só possa alcançar o Bahia e não mais o Cuiabá.

"Enquanto tem bambu, tem flecha. Dependemos de outros adversários, coisa que eu não queria, porque a gente não sabe o que pode acontecer. Mas eu não joguei a toalha ainda. Esse gostinho ninguém terá. O Grêmio é muito grande. E não duvidem da imortalidade", disse o vice de futebol, Denis Abrahão.

Ler mais

Chance é chance. Eu acredito muito nisso ainda.

Ler mais

Vagner Mancini, Técnico do Grêmio

Os gols que mantiveram o Grêmio com chance de ficar na Série A

Rodrigo Coca/Agência Corinthians

Disputa Corinthians x Fortaleza reflete nas duas pontas

A definição do quarto lugar do Brasileirão parece algo marginal diante da tensão que envolve a turma que ainda não sabe se irá à Libertadores e, sobretudo, os que ainda tentam a permanência na Série A. Mas a coincidência da tabela faz com que o duelo particular de Corinthians e Fortaleza pela quarta posição tenha um impacto direto na definição dos rebaixados.

"Quarto e quinto têm diferença, temos cinco dias de trabalho duro para buscar o G-4. Vamos ter mais quatro dias de bom treinamento para terminar nosso campeonato", promete o técnico Sylvinho.

Nessas últimas duas rodadas, o Corinthians que já empatou com o Grêmio — jogo que teve um golaço de Renato Augusto — enfrentará na quinta-feira o Juventude, em Caxias do Sul. O time anfitrião pode até escapar com um empate.

Tudo depende do que o Fortaleza fizer no outro jogo, diante do Bahia. O confronto é na capital cearense. O time do técnico Vojvoda, maior surpresa da competição, envolveu-se na disputa contra a Série B por ter perdido para o Cuiabá, ontem (6). Se tivesse ao menos empatado, a distância do Juventude para o Cuiabá cairia para um ponto e não estaria nos atuais três.

O que conforta o Fortaleza é a vaga assegurada na fase de grupos da Libertadores — pela primeira vez na história. Nos pontos corridos, nunca um time nordestino tinha conseguido vaga para o principal torneio continental via Brasileirão. O representante da região com presença mais recente fora o Sport, em 2009, após ser campeão da Copa do Brasil.

Ler mais

"Corintiano sairia muito insatisfeito, não fosse Renato Augusto"

Técnicos na pressão

AssCom Dourado

Jorginho (Cuiabá)

Chegou ao Cuiabá como substituto de Alberto Valentim, demitido após a primeira rodada do Brasileirão. Em 30 jogos até aqui, foram dez vitórias, 12 empates e oito derrotas. Com Jorginho, o Cuiabá somou 42 dos 46 pontos adquiridos no Brasileirão até aqui. "Para que a gente não tenha nenhum tipo de problema, o ideal é a gente conseguir fazer pelo menos um ponto contra o Santos".

GILSON JUNIO/W9 PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Guto Ferreira (Bahia)

Nesta terceira passagem pelo Bahia, que começou após a demissão do argentino Diego Dabove, Guto Ferreira tem 14 jogos, com cinco vitórias, cinco empates e quatro derrotas. "Precisamos ganhar mais uma. Não tem como. O único resultado que mantém o Bahia é mais um triunfo", comentou o Gordiola, após a vitória sobre o Fluminense, no domingo (5).

Marcello Zambrana/AGIF

Jair Ventura (Juventude)

Substituiu o demitido Marquinhos Santos a partir da última semana de outubro e soma dez partidas do Brasileirão: quatro vitórias, três empates e três derrotas. Quando recebeu a missão, a meta do time já era fugir da zona de rebaixamento. "Temos o menor orçamento do campeonato. Vamos para uma final em casa", avaliou ele, após a derrota para o São Paulo.

CARLOS COSTA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Vagner Mancini (Grêmio)

São 13 jogos na passagem atual pelo Grêmio, que começou após a demissão de Luiz Felipe Scolari. Mancini soma cinco vitórias, seis derrotas e dois empates. O cenário é complicado, mas o time reagiu nessa reta final. No âmbito pessoal, o treinador gremista ainda perdeu a mãe, dona Antonia, que foi sepultada ontem (6) em Ribeirão Preto, interior de São Paulo.

Marcello Zambrana/AGIF

Do nada, Libertadores?!

A embaralhada corrida pelas vagas na Libertadores, seja na fase de grupos ou não, traz concorrentes "retardatários" que, até esta rodada, tinham como maior dor de cabeça fugir do rebaixamento. É o caso de Santos e São Paulo.

O tricolor contou com a ótima atuação de Luciano, com dois gols e uma assistência, para vencer o Juventude no Morumbi. A torcida são-paulina apoiou o jogo inteiro, mas bastou o apito final para que a cobrança viesse. No lado santista, o salto na tabela veio com a vitória fora de casa diante do Flamengo. O gol foi de Marcos Leonardo.

Em termos de pontuação, o Santos leva vantagem sobre o rival paulista e na quinta-feira enfrenta o Cuiabá — que faz contas para fugir da degola definitivamente. O São Paulo, por sua vez, visita o América-MG, louco para ir à Libertadores pela primeira vez.

Essa bipolaridade entre Z4 e Libertadores se explica pelo número de vagas do Brasil nas competições da Conmebol, somados aos títulos continentais que Palmeiras e Athletico conquistaram neste ano.

Ainda que conquistem as vagas almejadas, Santos e São Paulo têm muito o que melhorar para 2022. Ambos necessitam avançar em termos financeiros. As contas ainda estão desequilibradas. Por isso, não se espera investimentos de peso no elenco.

No Peixe, o técnico Fábio Carille teve trabalho para fazer o time sair do Z4. No tricolor, Rogério Ceni está longe de encantar.

Ler mais

O que mais rolou na rodada

Marcelo Cortes / Flamengo

Gabigol perdeu pênalti

Aconteceu um fato raríssimo no Maracanã. Gabigol perdeu um pênalti pelo Flamengo. Ao acertar a trave de João Paulo, do Santos, o atacante rubro-negro chegou ao segundo pênalti desperdiçado pelo clube em 27 cobranças no tempo normal. Ele tinha perdido um também contra o Botafogo, em março de 2020. Durante o primeiro tempo, Gabigol ainda teve uma discussão com João Gomes porque não recebeu um passe dentro da área. O time do interino Maurício Souza não foi bem, como um todo.

Ler mais
Gabriel Machado/AGIF

Palmeiras com o sub-20

Com o time principal de férias, inclusive o técnico Abel Ferreira, o Palmeiras recorreu ao sub-20 quase por completo e ainda assim empatou com o Athletico, na Arena da Baixada. No 0 a 0, a exceção foi o goleiro Vinícius Silvestre e o volante Matheus Fernandes. Quem ficou à beira do campo foi o técnico Paulo Victor Gomes. Ele trabalhou há até pouco tempo na CBF, como técnico e assistente das seleções de base. "Esse grupo conta com jogadores de muita personalidade, que conheço desde os 13, 14 anos".

Ler mais

A visão dos colunistas

Uol

Grêmio: não adianta gestão racional com futebol mambembe

O padrão da gestão do futebol brasileiro é precário em todas as áreas, especialmente nas finanças. Por isso, quando um clube adota todas as premissas administrativas corretas, como o Grêmio, é um oásis. Mas a lição do Brasileiro-2021 é que não adianta se não for acompanhado de metodologia empresarial no futebol.

Ler mais
Uol

São Paulo escapa do rebaixamento. Vai escapar do golpe?

Uma derrota ou mesmo um empate poderia manchar a gloriosa história do clube. Agora, pode até chegar à Libertadores ou à Sul-Americana. Mas o perigo não acabou. Se o time escapou, o clube ainda corre riscos. O inimigo é interno. Um grupo de conselheiros pretende mudar o estatuto de forma a tornar o clube ainda menos democrático.

Ler mais
UOL

O Fla sempre treme diante do Santos! Culpa do vento?

O resultado não surpreendeu quem conhece a história do futebol. Acontece que o Fla sempre foi um dos maiores fregueses do Peixe. Sempre que encontra o Alvinegro praiano o Rubro-Negro "pipoca". E hoje não seria diferente, não é mesmo? No Maracanã, o time de Fábio Carille deu uma sova na "seleção da Gávea".

Ler mais

E o Galo? O Galo ganhou

Fernando Moreno/AGIF Fernando Moreno/AGIF

Foram bem

  • Renato Augusto

    O meia fez um golaço no empate do Corinthians diante do Grêmio. Chegou ao quarto gol com a camisa do clube, todos em chutes no ângulo. Prova de que é muito diferenciado.

    Imagem: ANDRÉ ANSELMO/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
  • Hulk

    O artilheiro do Brasileirão chegou à marca de 19 gols no campeonato no jogo festivo diante do Bragantino. Ele ainda deu passe de letra para outro gol do Galo, feito por Zaracho.

    Imagem: Fernando Moreno/AGIF
  • Luciano

    O atacante roubou a cena no Morumbi a favor do time de Ceni. Foram dois gols e participação em mais. Assim, não teve como o São Paulo perder para o Juventude. Xô, rebaixamento.

    Imagem: Marcello Zambrana/AGIF
  • Gilberto

    O atacante do Bahia fez uma ótima partida diante do Fluminense. Balançou as redes duas vezes e deu uma injeção de ânimo no tricolor para lutar pela permanência na Série A.

    Imagem: Jhony Pinho/AGIF

Foram mal

  • Luccas Claro

    O zagueiro do Fluminense teve uma partida horrorosa diante do Bahia, na Fonte Nova. Falhou nos dois gols e comprometeu a tentativa de vitória fora de casa.

    Imagem: RODNEY COSTA/ESTADÃO CONTEÚDO
  • Gabigol

    Para além do pênalti perdido, Gabigol teve uma atuação terrível na derrota do Flamengo para o Santos. Ele desperdiçou outras duas boas chances diante do goleiro João Paulo.

    Imagem: Marcelo Cortes / Flamengo
  • Rodrigo Dourado

    Bobeou e perdeu a bola na jogada que gerou o gol da virada do Atlético-GO sobre o Internacional. Uma mistura de apatia e desconcentração que resume o momento atual do colorado.

    Imagem: Gabriel Machado/AGIF
  • Kannemann e Geromel

    O aspecto negativo não é técnico, mas disciplinar. A dupla de zagueiros do Grêmio levou o terceiro amarelo diante do Corinthians e está suspenso para o último jogo do ano.

    Imagem: Lucas Uebel/Grêmio

+ Especiais

Samerson Gonçalves/UOL

Ídolo do Atlético-MG, Dadá Maravilha diz que era melhor em fazer gol que Hulk

Ler mais
JOAO COTTA/TV Globo/Divulgação

Ana Thais Matos enfrentou pobreza e machismo até virar referência na TV

Ler mais
Fernando Moreno/AGIF

Atlético-MG desbanca dupla Flamengo-Palmeiras com alto investimento, brilho de Hulk e volta de Cuca

Ler mais
Alex Ramos/CBF

CBF concentra arbitragem em CT para aliviar pressão na reta final do Brasileiro

Ler mais
Topo