"A sintonia com a torcida é legal. Mas também, né? Ganhou 16 em casa. Se eles me xingassem..."
O comentário até inusitado de Cuca dá a tônica sobre dois aspectos da relação entre o técnico, o time e a torcida do Atlético-MG no Brasileirão. O primeiro é o domínio do melhor mandante do Brasileirão, cujo aproveitamento catapulta o Galo para a distância de 11 pontos em relação ao Flamengo — que ainda tem um jogo a menos. O segundo é uma leveza trazida pela admiração de uma massa que não liga mais para a matemática. Ansiosa para repetir o grito dado em 1971, terminou mais um domingo fazendo ecoar "é campeão" pelo Mineirão.
Os números são incontestáveis. Nos 18 jogos em casa feitos até o momento, só uma derrota e um empate. Nos demais? O roteiro que se viu diante do Fluminense, ontem (28). O ponto é que todo atleticano, ao que parece, já se sente campeão. A linguagem corporal de jogadores e comissão técnica após o apito final fala mais alto do que o discurso protocolar do "falta pouco".
"Faz tempo que a gente vem com o grito pronto para sair, mas como sempre falo, vai sair na hora certa", alegou Hulk.
Mas, pelo contexto, a euforia da torcida não é um devaneio — por mais desconfiado que seja o atleticano. O principal concorrente já tinha dificuldade de encostar. Quanto mais agora que levou um duro baque, perdendo a final da Libertadores para o Palmeiras. Se a ressaca do Flamengo prevalecer na terça-feira e o time não vencer o Ceará, o Galo será campeão assistindo pela TV.