Eficiência na balança

Distância entre Atlético-MG e Flamengo premia quem se sai melhor sobre adversários que tiraram pontos do rival

Alessandra Torres/AGIF

A cada olhada que o torcedor do Atlético-MG dá na classificação do Campeonato Brasileiro, rodada após rodada, aparecem mais motivos para acreditar que o título finalmente voltará a ser conquistado após um jejum de quase 50 anos.

Mesmo quando acontecem eventuais tropeços, a resposta do time não demora a aparecer. E isso foi visto, em uma escala de tempo muito menor, na vitória de virada sobre o Cuiabá, pela 28ª rodada. O resultado deixou o Atlético-MG com 11 pontos a mais que o Fortaleza, segundo colocado.

O principal perseguidor ainda é o Flamengo, pois o rubro-negro tem dois jogos a menos. No papel, a distância atual é de 13 pontos, e os dois times fazem confronto direto na próxima rodada, sábado, 19h, no Maracanã. Se o Fla vencer as duas partidas atrasadas e o duelo face a face com o Galo, a distância diminui para quatro pontos.

Mas é interessante observar a diferença de como os dois times "negociaram" os pontos com os adversários que até o momento conseguiram fazer com que eles tropeçassem no campeonato. Isso se aplica, por exemplo, ao Cuiabá. Na semana passada, o time segurou o empate com o Flamengo no Maracanã. Mas o Atlético-MG, diferentemente, conseguiu reagir, apesar de ter sofrido um gol de forma bizarra nos primeiros minutos.

Esse é o tipo de detalhe que ajuda a contar o enredo ao redor da liderança atleticana.

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Pedro Souza/Atlético-MG
Editoria de Arte

Após 28 rodadas, 13 times conseguiram tirar pontos de Flamengo ou Atlético-MG. Comparando o desempenho desses dois candidatos ao título com os oponentes que os fizeram tropeçar, dá para perceber um saldo de sete pontos a favor do time mineiro.

O Flamengo, por exemplo, perdeu os dois jogos que fez contra o Fluminense. Somou zero ponto frente ao tricolor. O Atlético-MG pelo menos arrancou um empate na partida pelo primeiro turno e ainda tem outra por fazer.

Contra o Cuiabá, o Galo venceu os dois jogos. O Fla empatou um e ganhou outro. Em mais esse paralelo, são dois pontos a mais para o atual líder do Brasileirão. Para completar, o Galo ainda venceu o rubro-negro no confronto diretor do primeiro turno, o que aumenta a distância entre eles.

Mérito do Atlético-MG foi segurar a distância em momentos em que o tropeço estava rondando ambos os lados. Na data Fifa de outubro, por exemplo, ambos os times somaram sete pontos nos três jogos que fizeram. Ou seja, o empate do Galo com a Chapecoense coincidiu com o empate do Flamengo com o Red Bull Bragantino.

Dos 13 times, o saldo de pontos do Atlético-MG em relação ao Flamengo só é menor em quatro enfrentamentos: América-MG, Fortaleza, São Paulo e Chapecoense. Isso pode mudar porque há casos em que os dois times ainda precisam fazer o duelo do segundo turno contra o adversário em questão. O Fla, por exemplo, nem enfrentou o Atlético-GO ainda. O Galo ainda não jogou contra o Grêmio.

O calendário é um ingrediente relevante nesse contexto. Um mau momento pode ter mais peso, já que a tabela do Flamengo em novembro tem jogos mais encavalados do que o normal.

Como foi a virada do Atlético-MG sobre o Cuiabá

Thiago Ribeiro/AGIF

Mais do que resultados, uma questão tática

A diferença entre Atlético-MG e Flamengo na tabela é espelho do que tem acontecido dentro de campo nas últimas rodadas, independentemente dos desfalques de cada lado. A questão é que o Galo mostra um repertório tático para sair de situações complicadas que tem faltado ao concorrente.

O jogo contra o Cuiabá, por exemplo: na rodada passada, o Flamengo teve um gol anulado de forma polêmica, é bem verdade, mas, no geral, foi um time sem cartas na manga para superar um adversário que se fechou e reduziu os espaços no campo defensivo. O Atlético-MG, frente ao mesmo oponente, ainda saiu perdendo, mas imprimiu um volume de jogo suficiente para ir para o intervalo já com o placar favorável.

Enquanto o Fla se esfacela de um lado, até pela temporada desgastante, o Galo é capaz de criar lances como o do empate de ontem (24): uma bola de escanteio curto bem trabalhada que resultou no gol de Hulk. Segundo Cuca, a jogada foi treinada na véspera.

"Tem que ter cabeça fria. Se não tem cabeça fria na jogada do primeiro gol, se você se pressiona por ter tomado o primeiro gol e bate diretamente na área e não faz o gol, você não vai empatar o jogo".

Renato Gaúcho, por outro lado, bate na tecla de que o clube luta em três frentes. A questão é que pode ficar sem elas. Além do Brasileirão, o Atlético-MG muito provavelmente também estará na rota se o rubro-negro alcançar a final da Copa do Brasil. Na Libertadores, a decisão é contra um Palmeiras que deixou o Galo pelo caminho e geralmente se sai bem quando precisa focar em se defender e sair no contra-ataque.

"Não adianta querer tumultuar o nosso ambiente", disse o técnico do Flamengo, após a derrota para o Fluminense no clássico.

Desfalques de jogadores na seleção, no departamento médico... Mesmo assim, o Flamengo em três competições. Está na final da Libertadores, temos 90 minutos para colocar o clube em outra final na quarta-feira e estamos brigando no Brasileiro. Está cada vez mais difícil, mas qual clube joga e vence as três competições? Nenhum time no mundo. Quem tudo quer, nada tem.

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Renato Gaúcho, Técnico do Flamengo

É uma diferença curta. Pode ser sete pontos de diferença e tem confronto direto. Fora de casa. Não me iludo. É bom ter a diferença a favor, mas está longe de estar decidido. Muito longe. É remar jogo a jogo. Goleadas como a de hoje, 1 a 0, 2 a 1, é que vão importar lá no final. Humildade, feijão com arroz, é o que a gente vai fazer lá contra o Flamengo.

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Cuca, Técnico do Atlético-MG

Alessandra Torres/AGIF

Galo agora tem melhor público após volta da torcida

A boa fase do Atlético-MG alimenta a torcida. Isso traz reflexo em termos de ânimo e presença na arquibancada. Contra o Cuiabá, o Galo registrou 30.627 presentes no Mineirão, o maior público do futebol brasileiro no ano (ou seja, desde a volta da torcida aos estádios). Estavam disponíveis 31.085 mil lugares.

Com isso, o segundo maior público passou a ser São Paulo x Corinthians, pelo Brasileirão, com 23.874 torcedores. O terceiro é do Flamengo: 23.080 presentes diante do Barcelona de Guayaquil, pela semifinal da Libertadores.

Por falar público, a rodada do fim de semana marcou o retorno da torcida visitante aos estádios, já que houve liberação por parte da CBF.

E como deu tudo errado para o Fla

A visão dos colunistas

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O que mais teve na rodada

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Jean Motta no caos: entra, faz pênalti e é expulso

Não levou nem dois minutos a participação do meia Jean Mota na partida do Santos diante do América-MG. Ele foi a campo aos 44 minutos do primeiro tempo, substituindo Camacho. Não demorou e ele cometeu um pênalti, levou cartão vermelho direto e viu o time visitante abrir o placar na Vila Belmiro. A esposa do jogador, que deve deixar o clube ao fim do ano, relatou ameaças de morte de torcedores via Instagram. Como o Bahia ganhou da Chapecoense, o Santos entrou na zona de rebaixamento.

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UOL

Mão de Hulk faz Walter escapar de um frangaço

Seria um frango daqueles. Clássico, com a bola passando entre as pernas do goleiro. Mas a jogada foi anulada, para alívio de Walter do Cuiabá. O que seria o terceiro gol do Atlético-MG, em mais um lance bizarríssimo no Mineirão, acabou sendo anulado porque o atacante Hulk tocou com a mão na bola quando tentava fazer o domínio antes da finalização em direção à meta do Cuiabá. E olha que, do outro lado, Nathan Silva e Everson já tinham protagonizado um lance muito tosco que virou gol contra.

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A instabilidade é de quase todas as equipes, com exceção ao Atlético-MG, que está na frente, ou dos quatro primeiros colocados. O São Paulo empatou muito ao longo do campeonato. Isso atrasa muito. A falta de vitórias atrasa muito. Tivemos situações claras, mas está faltando tranquilidade. Um pouquinho mais de calma

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Rogério Ceni, Técnico do São Paulo, após a derrota para o Red Bull Bragantino

Claro que tenho o apoio da diretoria, do presidente. O que me vale é a palavra deles, que acompanham nosso trabalho todos os dias, sabem a demanda de horas a cada momento que nós estamos no clube. Trabalhei com Tite por muito tempo no Corinthians e na seleção brasileira. Sabemos exatamente o que nós estamos fazendo.

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Sylvinho, Técnico do Corinthians, após o empate sofrido nos acréscimos diante do Internacional

Foto da rodada

Jhony Pinho/AGIF Jhony Pinho/AGIF

Foram bem

  • Lucas Lima

    O meia do Fortaleza desencantou e marcou um golaço na vitória sobre o Athletico, por 3 a 0. Ao abrir o placar, ele interrompeu um jejum que durava desde 11 de março sem balançar as redes (226 dias).

    Imagem: Divulgação/Site oficial do Fortaleza
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  • John Kennedy

    O atacante do Fluminense, de 19 anos, foi o grande nome do clássico contra o Flamengo. Ele marcou dois dos três gols tricolores no Maracanã. Na base, são 11 gols sobre o Fla desde 2019, contando sub-17 e sub-20.

    Imagem: Thiago Ribeiro/AGIF
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  • Gilberto

    O atacante do Bahia abriu o placar diante da Chapecoense e continuou como um dos artilheiros do Brasileirão, agora com 11 gols, ao lado de Hulk e Yuri Alberto.

    Imagem: Jhony Pinho/AGIF
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  • Jair

    O gol de cabeça que deu a virada sobre o Cuiabá sublinha mais uma boa atuação desse que é um dos pilares do meio-campo Atlético-MG, embora menos badalado que Nacho.

    Imagem: Divulgação/Site oficial do Atlético-MG
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Foram mal

  • Gustavo Henrique

    O zagueiro do Flamengo não inspira confiança e foi assim no jogo contra o Fluminense. No terceiro gol, por exemplo, Abel Hernández passou como quis pelo defensor rubro-negro.

    Imagem: Divulgação/Site oficial do Flamengo
  • Pablo

    O atacante desperdiçou chance claríssima, já sem goleiro, diante do Red Bull Bragantino, em um lance no qual se atrapalhou com Luciano, algo que poderia mudar o enredo do jogo fora de casa.

    Imagem: MARLON COSTA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
  • Nathan Silva

    O zagueiro do Atlético-MG complicou a vida do time todo com um erro inacreditável no recuo para Everson, que gerou o primeiro gol (contra) do Cuiabá. Tem sido irregular nas últimas semanas.

    Imagem: Divulgação/Site oficial do Atlético-MG
  • Jean Mota

    Foi o destaque negativo do Santos na rodada, ao ser expulso e cometer um pênalti com menos de dois minutos em campo. Situação complicou a vida do Peixe diante do América-MG.

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