Uma pessoa pode passar a vida inteira sem aprender quase nada. Tipos assim são comuns no futebol. O zagueiro Betão NÃO é um desses.
O futebol apresentou a alegria de ser capitão do time do coração aos 21 anos. No Corinthians, ainda foi campeão brasileiro e, na sequência, sentiu a dor do rebaixamento. Ficou com tanta vergonha que passou uma semana sem sair de casa. A profissão colocou o zagueiro ao lado de homens honrados que ajudaram em momentos críticos como escolher entre a faculdade e a carreira de boleiro, e de homens nem tão respeitosos assim que tentaram lucrar em cima de uma transferência.
Também houve casos de racismo.
Betão ainda experimentou companheirismo e tudo mais que acontece na trajetória profissional da maioria das pessoas. Teve inteligência para processar tudo numa caminhada que levou ao autoconhecimento. Aprendeu a distinguir o que gosta e o que não gosta. Desta maneira, soube quais decisões tomar para uma vida feliz.
Betão deixa o relógio e a corrente de ouro para outros boleiros. Jogador do Avaí, quer continuar morando em Florianópolis depois da aposentadoria para conseguir andar de chinelo de dedo e bermuda no meio dos manezinhos da ilha que não reparam em como a pessoa está vestida.
Para Betão, não é só futebol. É escola de vida.