Sábado, oito da manhã. A venezuelana Adriana Camargo já está de pé, com a lista de compras em mãos e a caminho do supermercado. Ela precisa abastecer o estoque do café e restaurante que inaugurou há menos de um ano em frente ao Allianz Parque. Quando o jogos acontecem durante a semana, a a carga horária de Adriana é dobrada, pois de segunda à sexta ela trabalha em uma empresa de recursos humanos e tecnologia. A imigrante, ex-atleta regional de escalada esportiva da Venezuela, cozinheira e empreendedora soma adjetivos e horas de trabalho para construir e manter a vida em outro país.
Em vez da escalada, um outro esporte pauta a vida de Adriana atualmente: o futebol. Quando o Palmeiras joga em casa, na zona oeste de São Paulo, ela garante as vendas da semana instalando uma churrasqueira na calçada e servindo um prato típico do seu país aos torcedores: arepas recheadas com linguiça.
"As pessoas passam por aqui e não prestam atenção, essa foi uma boa maneira de vender mais e também apresentar algo da minha cultura aos brasileiros e criar uma conexão", conta. "A maioria não conhece, fica curiosa, e acaba repetindo".