Só a diretoria

Como Alexandre Mattos saiu da 'academia do bairro' para se tornar executivo mais popular do futebol brasileiro

José Eduardo Martins e Thiago Fernandes Do UOL, em São Paulo e Belo Horizonte Bruno Ulivieri/AGIF

É horário nobre da Globo. O Palmeiras se prepara para preencher sua cota de grade comercial da TV parceira e aciona uma das agências de propaganda mais prestigiadas do país. Eles preparam uma peça publicitária de cerca de 30 segundos. Tempo de sobra para dar exposição a Dudu, grande contratação da época? Ou quem sabe apelar ao vínculo afetivo com o São Marcos?

Não, obrigado. A pedido do então presidente Paulo Nobre, Alexandre Mattos foi escolhido. Era o sinal mais claro de sua popularidade emergente entre os palmeirenses. Quem acompanhou o desenvolvimento de sua relação com os cruzeirenses não podia se dizer surpreso. No universo da Raposa, era bastante natural flagrar o executivo distribuindo autógrafos.

Aplicador de chapéus, agressivo no mercado e, sim, midiático. Para dar conta de tudo isso, Mattos tem um trunfo bem sabido nos bastidores da bola: é bom de lábia. O mesmo recurso que fez um professor de Educação Física, dono de uma rede de "academias de bairro" em Belo Horizonte abrir uma tão esperada porta no futebol em 2005 para participar da administração do América-MG. Dez anos antes do comercial palmeirense e de ser chamado em redes palestrinas de "Mittos".

Você sabe que esse negócio de mito... Que eu não me acho mito nenhum, não sou nada. Sou só um trabalhador que erra e acerta. Tenho muitos acertos e muitos erros. Graças a Deus, acho que com mais acertos do que erros."

Há quem não aprove os métodos empregados ou os holofotes recebidos por Mattos. Mas não dá para dizer que seja também uma figura polarizante. Nem dá para negar que, nesta segunda década de pontos corridos, com quatro títulos do Brasileirão conquistados, ele se tornou o dirigente mais popular do país.

As pessoas falam: 'Trabalha com dinheiro'. Nada, no Cruzeiro foi tudo com muito sacrífico. No Palmeiras, [quando chegou] não existia isso. O que veio foi o projeto, que decolou, todas as pessoas se uniram, e, aí, chegou nos patamares financeiros que o Palmeiras vai ter de legado por muitos e muitos anos."

Em entrevista exclusiva ao UOL Esporte, o dirigente contou passo a passo, em —detalhes, mesmo— como deixou as academias para entrar no meio do futebol, revelou bastidores de algumas célebres negociações que conduziu, como Dudu no Palmeiras e Dedé no Cruzeiro, e contou qual é o seu projeto de trabalho com Jorge Sampaoli no Atlético-MG. Leia abaixo e também ouça a íntegra da entrevista em nosso podcast.

Bruno Ulivieri/AGIF

Ouça a entrevista na íntegra

Na correria, fazendo de tudo um pouco

Se hoje Mattos é um executivo do futebol, podemos classificar o início de seu trabalho no América-MG, há 15 anos, como um assessor não remunerado. Exerceu mais de uma função, em setores, distintos até chegar ao mais elevado cargo na hierarquia do futebol: o de diretor-executivo.

O clube vivia um período de crise, permitindo atrasos salariais de até sete meses. Mas isso não era problema para Mattos, que perseguia esse tipo de chance, ume vez que não teve sucesso no sonho de se tornar jogador. No fim, talvez tenha sido a melhor forma de ingressar no mercado e recorrer território, cumprindo uma espécie de estágio, como pupilo de Antônio Baltazar, então superintendente-geral do clube

"Corri atrás, me dediquei. Trabalhei em praticamente todos os setores do América-MG. Entrei em absolutamente tudo. Eu, realmente, visto a camisa. As coisas foram acontecendo, eu fiquei lá por sete anos, muito honrosos pra mim", disse.

O América-MG vivia, talvez, sua maior crise institucional. Foi um aprendizado espetacular, de entender como trabalhar com futebol. Ali, eu comecei a desmembrar uma relação com atletas, com comissão técnica, conselheiros, estatutários, presidência, o mercado, os outros clubes, agentes. Acho que é um caminho que o profissional tem que ter

Pelo América-MG, aliás, teve a chance de vencer o seu primeiro título nacional: a Série C do Campeonato Brasileiro 2009. Ele também conduziu o clube de volta à elite do futebol nacional. Um retrospecto que chamou a atenção do Cruzeiro.

Washington Alves/Divulgação Washington Alves/Divulgação

Hora de tomar decisões, pelo bi

Quando Alexandre Mattos chegou à Toca da Raposa em 2012, o cenário não era dos mais animadores. Algo que talvez seja facilmente esquecido considerando que, nas duas temporadas seguintes, o Cruzeiro seria bicampeão brasileiro —o último a levar a taça em anos consecutivos.

Sem dinheiro, o clube chegou a dever três meses de salário e irritou os jogadores, que entregaram uma carta à imprensa para se queixar da situação. "Isso que o Cruzeiro tinha uma tradição de mais de 20 anos sem atrasar. Por isso, tinha na época um teto salarial de contratação de R$ 50 mil quando eu cheguei", relembra.

Foram dois anos e dez meses de Cruzeiro absolutamente intensos, de tomadas de decisão, de responsabilidade. Apesar de ser vitorioso e de muita alegria, mas pra fazer aquilo foi de uma dificuldade enorme. As pessoas, às vezes, não sabem. Eles só veem o resultado final: 'Tá convivendo com a vitória'. Pra chegar naquilo ali foi bem difícil."

No primeiro ano, então, o caminho foi puxar o freio e arrumar a casa, enfrentando uma pressão. "O [técnico] Marcelo Oliveira nem assumiu, e [os torcedores] já fizeram carta, nariz de palhaço", diz. A falta de dinheiro não desviou, contudo, a atenção ao mercado, em busca de oportunidades. Mattos afirma que, já no segundo semestre do ano, começou a sondar vários nomes.

O Cruzeiro viveu anos de auge, mas, hoje, ainda tenta se conciliar com a ideia de que vai disputar a Série B. A derrocada é associada a uma gastança no decorrer da década. Mattos espera não ser associado a esse desarranjo.

"Diferentemente do que muita gente fala, quando eu saí do Cruzeiro, o meu legado foi um time que, depois, até ganhou duas Copas do Brasil com 60%, 70% de jogadores que eram da minha época e com recurso financeiro. Saí em dezembro de 2014 vendendo R$ 150 milhões em jogadores... Éverton Ribeiro, Lucas Silva, Goulart, Egídio, Nilton, alguns que eu tô lembrando, agora."

Ale Cabral/AGIF Ale Cabral/AGIF

Como buscar e seduzir reforços, segundo Alexandre Mattos

Reprodução/Instagram

Criatividade

"Liguei pro empresário do Dudu e falei: 'Me dá a oportunidade de conversar com o Dudu'. Ele falou: 'O Dudu tá vindo pra São Paulo'. Bem mineirinho, mandei fazer uma camisa número 7, que eu sabia que o baixinho gostava, escrito Dudu. Eu falei: 'Vou ter que entrar na alma desse cara, senão não vai dar'. Ele tomou um susto e eu fui falando. Tirei a camisa, e o baixinho quase chorou de emoção: 'Gostei, quero você'", afirma.

Bruno Ulivieri/AGIF

Convencimento

"A última contratação minha, a do Luiz Adriano tinham três dias pra fechar a janela, e o Luiz Adriano nem imaginava vir pro Palmeiras. Conversei com o empresário dele, que topou, e eu falei: "Bota ele na linha comigo". Convencer o cara lá na Rússia, já em pré-temporada, com esposa russa, pensar em fazer ele voltar em três dias. Ao mesmo tempo, ele com dois anos de contrato, ou seja, o Spartak nem imaginava perdê-lo", conta.

Daniel Vorley/AGIF

Entrosamento

"Tudo começa com uma demanda técnica. A demanda técnica vem do campo, e o campo quem comanda é a comissão técnica. O treinador coloca: 'Olha, precisamos disso'. Obviamente, a análise de desempenho procura também um outro nome. Depois de ter o nome, vem o processo negocial, vem o business, dinheiro, poder de persuasão. Então, o processo de contratação sempre foi assim nos meus 15 anos de carreira", avalia.

É muito injusto, não comigo, com qualquer executivo, falar: 'Olha, aquele cara é péssimo porque ele contratou três, quatro caras que deram errado'. Não, ele é o pilar que vai fazer a negociação acontecer. Também não é justo o diretor ser tachado de bom, do melhor do mundo, porque uma contratação do jogador A, B ou C deu certo. As escolhas vêm de um critério técnico, uma demanda técnica.

Alexandre Mattos

REINALDO CANATO/UOL

O Palmeiras? Que tal, então, o Flamengo?

Mattos atingiu o topo no Cruzeiro com a conquista do bi do Brasileirão. Mas, ao fim de 2014, ele decidiu que era o momento de buscar novos desafios, até pelos anos "intensos" que viveu por lá.

O irônico é que, à época, o clube que viria a rivalizar com o Alviverde também tinha uma porta aberta. "No meio de 2014, agosto pra setembro, não me recordo, já veio uma possibilidade do Flamengo", afirma. Mas sua intuição o levou para outro endereço, mesmo que os conselhos que buscou recomendassem o contrário.

Muita gente me aconselhou a não ir. O mercado dizia isso, para ser sincero, os jogadores diziam isso, os empresários diziam isso, os outros presidentes, diretores que a gente tinha amizade diziam isso. O próprio doutor Gilvan [presidente do Cruzeiro] falou: 'Se tiver o Flamengo, não vá agora pro Palmeiras, que os italianos são difíceis'".

O Palmeiras, no entanto, em seu entender, poderia ser visto como um gigante adormecido.

"Sou um cara muito agitado, gosto de desafios. O Palmeiras é um clube com 16, 17 milhões de torcedores, um clube pesado, um clube que é o maior vencedor nacional, mas que vinha de 12 anos de muita dificuldade, não conseguia ter o protagonismo que sempre teve. Eu queria entender aquele clube."

"Aí, veio o presidente Paulo Nobre, com o Palmeiras. Eu gostei do Paulo, tive uma empatia muito forte e a gente foi atrás."

Daniel Vorley/AGIF Daniel Vorley/AGIF

A revolução alviverde

Não demorou muito para que Alexandre Mattos tivesse um diagnóstico sobre o Palmeiras. E, se fosse adiante com a operação, ele sabia que teria de mexer com a estrutura arraigada do clube. O início da parceria com Paulo Nobre —que praticamente lhe deu carta branca e toda a proteção necessária— foi um terremoto nas estrutura palmeirense.

O clube tinha 89 jogadores profissionais ao fim de 2014, e apenas nove permaneceram. A onda de mudanças também teve grande impacto no estafe que trabalha em torno do elenco.

A gente teve que fazer uma revolução e comprar as brigas com quem tinha que ser comprado. O Palmeiras também tinha muita dificuldade estrutural. A gente precisava fazer uma troca. Quando você faz essa troca, principalmente, na base, você quebra os paradigmas, você chama toda aquela coisa do mal para cima de você."

Em alguns casos, caíram profissionais de forte relacionamento político dentro do clube.

"Olha, trocar o departamento médico do Palmeiras foi uma luta, uma luta, uma insanidade. São pessoas que tinham 20 anos de clube, com amizades, não tô discutindo o lado profissional, se são bons ou ruins, até achava bons, mas estavam desgastados", diz. "Assumi várias responsabilidades, tomadas de decisão, sempre blindei as pessoas à minha volta. Se forem ver, 100% de indicação minha está lá."

O Palmeiras, na visão de torcedores e imprensa, já era um dos times mais abonados do país. Mattos, que estava no centro do processo, vê a situação de modo diferente. Até restrição financeira ele enfrentou para deixar a casa em pé e com uma herança que vai além dos títulos.

"Ganhamos títulos, conseguimos receitas. Lembrar que, em 2015, o Palmeiras não tinha dinheiro, não tinha investimento. O Palmeiras tinha uma dívida com o ex-presidente Paulo Nobre de mais de R$ 200 milhões, que nós pagamos, absolutamente, tudo. A Crefisa e a FAM chegaram posteriormente a mim, logo depois, mas foi posteriormente a mim."

O Paulo me pediu algumas coisas, Ele queria, em dois anos, ser campeão brasileiro. Eu falei: 'Olha, nós vamos ter que revolucionar. Nós vamos ter que fazer uma coisa de outra planeta. As pessoas vão se assustar'. E assim foi

Alexandre Mattos

Daniel Vorley/AGIF Daniel Vorley/AGIF

Os dois grandes chapéus

Ainda no Cruzeiro, o dirigente ganhou notoriedade pelas contratações ousadas. Não à toa ao contratar Dedé, à época no Vasco, foi chamado de Alexandre Mittos, uma junção do sobrenome — Mattos — com a palavra Mito — apelido do zagueiro. Embora não seja o maior fã da alcunha recebida da torcida cruzeirense, ele explica como se tornou um ícone para os torcedores.

Processo semelhante aconteceu entre os palmeirenses quando ele fechou a contratação de Dudu, sem alarde. Logo que chegou ao clube, o dirigente deu força ao apelido ao frustrar os planos dos rivais Corinthians e São Paulo, que disputavam o jogador. Aqui, ele dá os detalhes:

Em 2013, quando fui ao Rio, estava todo mundo desacreditado. O Paris Saint-Germain tinha acabado de tomar não. O Bayern de Munique também tomou um não. O Dedé tinha uma ligação muito forte com o Vasco e negou coisas grandes de fora. Fui lá pra ficar um dia no Rio, e fiquei 13. Chegou um momento em que eu não podia mais voltar sem o Dedé. Estava usando investidores, parceiros. Tive que convencer os caras lá a botar mais dinheiro. Foi uma insanidade. Depois de tudo, o Vasco, numa dificuldade, tinha penhora. A gente teve que esperar um acordo do Vasco com o Romário. Eu lá no Rio, sentado. Isso demorou 13 dias, mas gerou uma expectativa muito grande. Não à toa, eu não lembro ao certo, mas tinha, se eu não me engano, duas, três, quatro mil pessoas no aeroporto. Ali, tinha uma faixa grande, até engraçada, eu fiquei feliz, mas falei: "Opa, não, calma, menos". Ali tinha que o Mittos contratou o Mito. Ali, começou essa coisa e, depois, a torcida do Palmeiras

Mattos, sobre Dedé

Se você pegar o momento, pergunto pra vocês: alguém imaginava o Palmeiras tentando o Dudu? Não é nem imaginar o Dudu no Palmeiras, mas o Palmeiras tentar o Dudu. Por incrível que pareça, eu consegui ser tão rápido e tão intenso que tanto o Dudu quanto o empresário dele não conseguiam nem pensar em falar não.A decisão ocorreu na manhã de uma sexta-feira. A caminho do CT, escutei a Jovem Pan, que debatia se seria: São Paulo ou Corinthians. O funcionário do clube que me levava falou: 'Porra, será que um dia o Palmeiras vai, pelo menos, disputar? A gente vai ter o orgulho de ver?' Ali bateu no coração. Liguei pro empresário dele e dei sorte que ele estava com uma dificuldade. Uma dificuldade no Corinthians, outra no São Paulo. Ele falou: 'Você tá louco'. O Dudu tomou um susto, e eu fui falando, falando, falando, falando, falando. "Você vai ser o craque, vai pra seleção". Eu fui pra Academia de Futebol, chamei o Paulo Nobre na minha sala, disse pra ele: 'Eu tenho aqui um presente pra nós'

Mattos, sobre Dudu

Reprodução

A perseguição e a queda

O casamento com o Palmeiras começou a entrar em crise no ano passado. A pressão no clube chegou a um patamar elevadíssimo. Era como se Mattos e o técnico da vez fossem reféns do próprio sucesso desfrutado pelo clube desde 2016.

Depois da queda na Copa Libertadores, para o Grêmio, em agosto do ano passado, praticamente toda partida do Alviverde tinha um protesto contra o dirigente. Felipão já havia caído, e os ânimos não se acalmavam. Até mesmo a principal organizada, a Mancha Verde adotou uma postura de contestação. Mancha, que é aliada da conselheira (e patrocinadora) Leila Pereira - uma antiga entusiasta do seu trabalho. A ofensiva da organizada chegou a cruzar até mesmo a linha entre o profissional e o pessoal.

"O meu cargo é um cargo muito visado, principalmente, com o Palmeiras de hoje. Talvez aquele Palmeiras de 2015 ninguém quisesse. Hoje, não. Hoje, é um cargo extremamente visado, que há uma notoriedade e essa questão política, sem dúvida alguma... Eu acho que exageraram em algumas vezes."

A saída do Alviverde aconteceu após uma derrota justamente para o Flamengo, no segundo turno. Na ocasião, o técnico Mano Menezes também fora demitido. O desempenho avassalador dos rubro-negros sob o comando de Jorge Jesus também foi um comparativo ingrato para os palmeirenses.

O saldo dos cinco anos de trabalho é visto de maneira positiva pelo dirigente, que não se arrepende da maneira que conduziu o trabalho no Palmeiras, nem mesmo de contratações como a do colombiano Borja [custou 13 milhões de dólares, sendo o atleta mais caro da história do clube].

"O Borja foi unanimidade. Eu não tenho arrependimento de nenhum negócio. Arrependimento eu não tenho porque ou foi um momento, ou foi uma necessidade, como eu já destrinchei contratação aqui, um pedido técnico. Arrependimento eu não tenho. Eu sei que tem erros e tem acertos, mas arrependimento, principalmente, em contratações eu não tenho. Sinceramente, do fundo do meu coração, nenhuma."

Ale Cabral/AGIF Ale Cabral/AGIF
Tuddo Comunicação

Brexit

Desgastado, Mattos deixou o Palmeiras em dezembro de 2019. Com alguns convites de clubes do Brasil, inclusive do próprio Cruzeiro, aceitou um desafio inusitado: a proposta do Reading, da Inglaterra.

Porém, o sonho europeu, ainda mais tão perto da liga nacional mais badalada do mundo, foi destruído pela dificuldade para obtenção do visto de trabalho no Reino Unido, mesmo antes da pandemia do novo coronavírus. A saída do país da União Europeia já era um obstáculo.

"Chegaram no meu nome. Um investidor chinês, o mister Dai [Yongge, proprietário do clube], foi muito enfático comigo: 'Gostei, quero você. Quero que você cuide do Reading e faça o intercâmbio com os outros três clubes do grupo". Um projeto ousado, um centro de treinamento espetacular, gigantesco", afirmou.

O diretor de futebol já trocava informações com os gestores do Reading e se preparava para iniciar o projeto no local. Mas tudo esfriou no início de março.

"Conversava com o treinador duas, três vezes na semana, com o CEO, já estava entendendo os projetos do grupo lá na Bélgica, trocando informações. Aí veio a dificuldade do visto. Começou pelo fato de a Inglaterra ter saído da União Europeia. As burocracias ficaram mais lentas. Depois, começou essa pandemia", diz.

"Alguns problemas do próprio clube. Em cinco anos, teve três donos diferentes. Em cada troca, era uma dificuldade. Forneci toda a documentação, precisei fazer uma prova de inglês dificílima, fui aprovado, tudo o que se pedia. As coisas que eram pra ser em 40, 45, 60 dias, já estavam passando e, sinceramente, não iam estar resolvidas, muito menos agora, que tá tudo parado", desabafa.

Antes de desistir da ida à Inglaterra, teve convites de três clubes brasileiros. O Cruzeiro, que tentou a sua contratação visando a disputa da Série B, e outros dois da elite do futebol nacional. "Prefiro não falar nomes. É desnecessário", diz.

Bruno Cantini / Agência Galo Bruno Cantini / Agência Galo

Duas chamadas atleticanas: o presidente e Sampaoli

A burocracia da Premier League abriu uma brecha para o Atlético-MG. O presidente Sérgio Sette Câmara, a quem se refere como amigo, fez o convite. Em meio à incerteza da mudança para a Europa e diante de pedidos até do técnico Jorge Sampaoli, que fez contato por meio de telefonema, Alexandre Mattos decidiu voltar a Belo Horizonte para comandar o futebol na Cidade do Galo, no início de março.

"O Sampaoli me ligou duas, três vezes e conversou muito: 'Olha, quero muito que você venha pra esse projeto, também'. As coisas foram culminando pra essa vinda e essa felicidade, hoje, de estar num clube que eu tenho certeza que tá se organizando e planejando pra encontrar o patamar que outros estão hoje", afirma.

Em pouco mais de dois meses, Mattos ainda não não anunciou reforços, mas já encontrou tarefas árduas, como domar o "leão" Sampaoli em meio à pandemia do novo coronavírus.

O Sampaoli é intenso. É um profissional ansioso, que vive aquilo ali. Eu brinco que é um leão que tá enjaulado, agora, em casa, porque não consegue sair pra fazer o que ele quer, que é trabalhar, montar o time. Ele quer ser campeão, ele quer estar na parte de cima, ele quer ser protagonista. Às vezes, a gente precisa frear um pouco, às vezes, precisa dar tempo ao tempo para as coisas acontecerem."

Sampaoli conseguiu, no ano passado, de certa forma desafiar o poderoso Flamengo e também pôs o Santos à frente do Palmeiras. O desempenho obviamente foi notado pelo novo chefão atleticano. Agora eles estão do mesmo lado. Será que o Galo vai ter chance de entrar na briga? Mattos sabe a expectativa que o cerca.

"Entendo que há equipes que, hoje, estão prontas. Não só Flamengo e Palmeiras. Eu acho que o Internacional é muito forte, o Grêmio é fortíssimo, eu acho que o próprio São Paulo já vem de um trabalho de mais de um ano, e a maioria dos jogadores está lá há bastante tempo, o próprio Corinthians. O Atlético-MG vai tentar estar nesse bolo, e, obviamente, nós vamos tentar juntos."

Bruno Cantini / Agência Galo / Atlético Bruno Cantini / Agência Galo / Atlético

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