É horário nobre da Globo. O Palmeiras se prepara para preencher sua cota de grade comercial da TV parceira e aciona uma das agências de propaganda mais prestigiadas do país. Eles preparam uma peça publicitária de cerca de 30 segundos. Tempo de sobra para dar exposição a Dudu, grande contratação da época? Ou quem sabe apelar ao vínculo afetivo com o São Marcos?
Não, obrigado. A pedido do então presidente Paulo Nobre, Alexandre Mattos foi escolhido. Era o sinal mais claro de sua popularidade emergente entre os palmeirenses. Quem acompanhou o desenvolvimento de sua relação com os cruzeirenses não podia se dizer surpreso. No universo da Raposa, era bastante natural flagrar o executivo distribuindo autógrafos.
Aplicador de chapéus, agressivo no mercado e, sim, midiático. Para dar conta de tudo isso, Mattos tem um trunfo bem sabido nos bastidores da bola: é bom de lábia. O mesmo recurso que fez um professor de Educação Física, dono de uma rede de "academias de bairro" em Belo Horizonte abrir uma tão esperada porta no futebol em 2005 para participar da administração do América-MG. Dez anos antes do comercial palmeirense e de ser chamado em redes palestrinas de "Mittos".
Você sabe que esse negócio de mito... Que eu não me acho mito nenhum, não sou nada. Sou só um trabalhador que erra e acerta. Tenho muitos acertos e muitos erros. Graças a Deus, acho que com mais acertos do que erros."
Há quem não aprove os métodos empregados ou os holofotes recebidos por Mattos. Mas não dá para dizer que seja também uma figura polarizante. Nem dá para negar que, nesta segunda década de pontos corridos, com quatro títulos do Brasileirão conquistados, ele se tornou o dirigente mais popular do país.
As pessoas falam: 'Trabalha com dinheiro'. Nada, no Cruzeiro foi tudo com muito sacrífico. No Palmeiras, [quando chegou] não existia isso. O que veio foi o projeto, que decolou, todas as pessoas se uniram, e, aí, chegou nos patamares financeiros que o Palmeiras vai ter de legado por muitos e muitos anos."
Em entrevista exclusiva ao UOL Esporte, o dirigente contou passo a passo, em —detalhes, mesmo— como deixou as academias para entrar no meio do futebol, revelou bastidores de algumas célebres negociações que conduziu, como Dudu no Palmeiras e Dedé no Cruzeiro, e contou qual é o seu projeto de trabalho com Jorge Sampaoli no Atlético-MG. Leia abaixo e também ouça a íntegra da entrevista em nosso podcast.