"O Zé Maria faleceu? Eu não sabia... Puxa, você me nocauteou aqui."
Fernando Martins, representante do boxe brasileiro na Olimpíada de Montreal-1976, não foi o único pego de surpresa com a notícia.
O problema é que a morte de Zé Maria, ex-campeão brasileiro de boxe e ex-técnico do Corinthians, não é notícia do jornal de hoje, nem de ontem. Aos 71 anos, ele partiu em 15 de novembro de 2018. Mas muita gente não soube, diz a sua irmã, Gina: "Poucos amigos compareceram ao velório, nem todos ficaram sabendo. Não deu tempo."
É uma morte anônima de quem não deixou viúva ou filhos. Além do funeral esvaziado, não houve destaque na imprensa. Um post no blog do jornalista Flávio Prado e não muito mais do que isso. Nesses tempos de farta produção de conteúdo em que tudo vira notícia é até estranho que a morte de Zé Maria tenha passado batida assim. A família tem uma resposta: "O Zé não era dessas pessoas que costuma ficar bajulando ninguém", conta o irmão Norival.
É a vida deste homem que construiu um legado sob os olhos de ninguém — e que morreu em circunstâncias controversas e ainda sob investigação da Justiça — que o UOL Esporte revisita nesta reportagem. Sua morte, suas lutas dentro ou fora do ringue, a fama de revelador de talentos como Dener, a passagem pelo Corinthians no ano do primeiro título brasileiro, a campanha para deputado, o futebol de várzea e tanto mais. Zé Maria agora é história.