13h27 - 12/08/2003 Craque desempregada leva Brasil à final do futebol feminino
Por Tatiana Ramil
SANTO DOMINGO (Reuters) - Principal jogadora da seleção brasileira de futebol feminino e autora de dois gols da vitória do Brasil sobre Argentina nesta segunda-feira, a meia-atacante Marta está sem clube há quase um ano.
O time brasileiro se classificou para a final dos Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo após vencer as argentinas por 2 x 1. Marta marcou os dois gols, sendo a artilheira do Brasil no torneio, com cinco gols.
"A equipe tem condições de render mais. Erramos muitos passes hoje, mas vamos jogar com muita garra para ficar com o ouro", disse a jogadora sobre a decisão contra o Canadá, que venceu o México por 3 x 2. A final será quinta-feira.
Marta, de 17 anos, é alagoana de Dois Riachos e joga futebol desde os 7 anos, depois de ter começado no futebol de salão.
Por falta de estrutura do futebol feminino, a jogadora canhota, que atua com a camisa 10, está sem clube desde novembro de 2002. Ela atuava no Santa Cruz, de Belo Horizonte, mas agora só faz jogos esporádicos.
"Dificilmente a gente encontra boa estrutura no Brasil. É raro ter torneios. O Campeonato Brasileiro já não tem há dois anos porque os clubes não investem", declarou.
Marta mora em um apartamento do Santa Cruz e recebe 200 reais por mês, pagos pela presidente do clube. "Ela tira do bolso dela por gostar de futebol."
"Treino individualmente. Faço corrida, até na rua", acrescentou a jogadora, que vibra quando é convocada pela seleção para ganhar 30 reais por dia, quando a competição é no Brasil, e 30 dólares diários em torneios internacionais.
"A única renda que eu tenho é da seleção", explicou.
Fã do atacante Ronaldo, ela não se intimidada em vestir a camisa 10 da seleção brasileira. "Tanto faz a 10, a 11. Isso é normal para mim."
Filha de um cabeleireiro e de uma funcionária pública, Marta sonha com melhorias das condições do futebol feminino com a conquista da medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos.
"Pode mudar não só a minha vida, mas a de todos. Se a gente ganhar o ouro, as portas vão de abrir para nós."
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