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16h48 - 02/08/2003
Brasil erra, decepciona e acaba "só" com o bronze na ginástica feminina

Murilo Garavello
Enviado especial do UOL
Em Santo Domingo (República Dominicana)

"Esperávamos a prata e tínhamos condições de brigar pelo ouro com os EUA". A frase, da presidenta da Confederação Brasileira de Ginástica, Vicélia Florenzano, resume o sentimento de frustração que ficou no ar após o torneio por equipes da ginástica artística. Rendendo abaixo do que era esperado, o Brasil conseguiu "só" o bronze na competição. É a primeira medalha brasileira no Pan-Americano de Santo Domingo.

A equipe formada por Ana Paula Rodrigues, Camila Comin, Caroline Molinari, Daiane dos Santos, Daniele Hypólito e Laís Souza somou 143,372 pontos, ficando atrás dos EUA e do Canadá. Mesmo com um time B (o principal se prepara para o Mundial de ginástica, que ocorrerá ainda neste mês em Los Angeles), as norte-americanas eram as maiores favoritas e confirmaram o status somando 148,982 pontos. Já as canadenses ficaram com 144,347, bem pouco na frente do Brasil.

O Brasil não ficou em segundo lugar porque cometeu erros nas provas de solo, salto sobre o cavalo e trave. O resultado, se não era o esperado, repetiu os desempenhos de Caracas-83 e Winnipeg-99. "Mas nossa ginástica evoluiu muito desde o último Pan, então não era exagero esperar mais", disse, serena, Vicélia, após o anúncio do resultado final.

Para a chefe da equipe de ginástica feminina no Pan, Eliane Martins, as brasileiras perderam a medalha de prata nas barras paralelas. "Duas meninas erraram e isso não é comum. Principalmente porque a barra paralela é um dos nossos melhores aparelhos", disse Eliane.

Mesmo após Daiane cair duas vezes das barras e tirar uma horrível nota de 6,072, o Brasil ainda estava com boas chances, pois, em cada aparelho, competem cinco ginastas de cada país, mas são computados apenas os quatro melhores desempenhos. Então, Camila Comin se apresentou. E também acabou escorregando. Nesse momento, Eliane, visivelmente contrariada, afirmou: "Já era. Perdemos a prata", e saiu andando, deixando transparecer sua decepção. Como ela mesma revelaria mais tarde, foi para fora do ginásio, "ficar sozinha, tomar um ar, esfriar a cabeça". Camila recebeu 8,278, uma nota relativamente baixa, que teve de ser incluída na pontuação brasileira.

Erros, explicações
EUA e Canadá, os principais rivais, se apresentaram antes do Brasil, no grupo 1. Na competição por equipes, cinco países se revezam na disputa de quatro aparelhos -em eventos simultâneos, dentro do mesmo ginásio. Por isso, quando as brasileiras entraram, a pontuação das adversárias diretas já havia sido anunciada.

Na prova de solo, especialidade brasileira, Ana Paula (9,072), Camila Comin (9,187) e Daniele Hypólito (9,287 com direito a aplausos e empolgação do público) tiveram desempenhos, de certa forma, normais. Já Carolina (8,437), que havia brilhado no treino de pódio, e Daiane (8,975), que rivaliza com Daniele pelo posto de melhor brasileira nessa prova, não tiveram boas terminações em alguns saltos. "Ela não foi bem", disse, tensa, Eliane, antes do anúncio da nota. Ao final da prova, o Brasil já estava atrás de EUA e Canadá.

Em seguida, ocorreu a competição de salto sobre o cavalo. Nessa, o Brasil teve bom desempenho: Camila conseguiu 9,000, Laís, 9,325, Daniele, 9,012 e Daiane 9,262. No terceiro aparelho, as barras paralelas, a equipe foi atrapalhada pelo desempenho insatisfatório de Daiane e Camila. Carolina (9,275), Ana Paula (9,112) e Daniele (9,162) acabaram mantendo as chances de medalha.

Quando o Brasil iniciou a trave, quarto e último aparelho, já não tinha mais chances de tomar dos EUA a medalha de ouro. Para superar o Canadá precisava de 35,402 no geral. Ou seja, com quatro notas acima de 9, a prata seria brasileira. Entretanto, nenhuma delas conseguiu obter esta nota.

Ana Paula (8,937), Camila (8,625), Caroline (8,337) e Laís (8,262 após um escorregão que a fez cair) fizeram com que, para o Brasil chegar ao segundo lugar, Daniele tivesse de obter 9,4, uma nota altíssima para o aparelho, considerado o mais difícil do torneio pelas brasileiras. A estrela da ginástica nacional obteve 8,887, deixando o Brasil com o bronze.

"Decepção é uma palavra muito forte, que machuca. Mas tenho certeza que tínhamos capacidade para mais. Nos treinos, todos paravam para nos assistir, nos elogiavam no corredor", disse Vicélia. "Tenho a convicção de que elas sentiram o peso de serem favoritas. É diferente você competir com todos tendo expectativas muito altas sobre seu desempenho".

As ginastas, entretanto, negaram estarem nervosas ou pressionadas pelas notas das rivais. "A gente não sabia das notas das americanas e canadenses. Nem a nossa nota costumamos olhar, para não atrapalhar o desempenho. Então, aconteceram coisas normais. E, se ganhamos a medalha de bronze, foi porque merecemos", disse Daiane.

"Acho que trabalhamos muito para ganhar essa medalha, treinamos, fizemos tudo o que podíamos. Estou muito feliz. A gente até podia ter competido um pouquinho melhor, mas acho que está muito bom", disse Daniele Hypólito.



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