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20/09/2004 - 13h11
Ádria Santos leva o ouro e se torna maior medalhista brasileira

Lello Lopes*
Enviado especial do UOL
Em Atenas (Grécia)

Silêncio no Estádio Olímpico de Atenas. Ádria Santos e seu guia, Chocolate, se posicionam para a largada dos 100 m rasos da classe T11 (para deficientes visuais totais). São quase sete horas da noite na Grécia, mas ainda está claro. O céu, opaco, se contrasta com o azul cintilante pintado nas unhas da brasileira.

Wander Roberto/CPB Divulgação 
Correndo ao lado do guia Chocolate, Ádria conquistou o seu quarto ouro
O silêncio é quebrado pelo tiro de largada. E apenas 12s55 depois, a mineira Ádria Rocha Santos, de 30 anos, natural da pequena cidade de Nanuque, se torna a maior medalhista brasileira da história dos Jogos Paraolímpicos.

O pódio desta segunda-feira deixa Ádria com dez medalhas: quatro de ouro e seis de prata. O recordista anterior era Luiz Cláudio Pereira, também no atletismo. Nos Jogos de 1984, 1988 e 1992, o brasileiro acumulou seis ouros e três pratas, nas provas de pentatlo e de arremessos de dardo, peso e disco.

"Fico muito feliz com isso. É fruto de muita dedicação. Tenho paixão pelo que faço, pelo esporte. Fico feliz quando entro na pista", disse a campeã, bastante assediada após a conquista do ouro.

Apesar de ter largado mal, atrás das outras três adversárias da final, Ádria conseguiu se recuperar e terminou a prova com 12s55. Jing Wu, da China (12s94), Paraskevi Kantza, da Grécia (13s34) e Purificación Santamarta, da Espanha (13s49), chegaram em seguida.

EFE 
Adria e Cholocate comemoram vitória nos 100 m e o recorde de medalhas da atleta
O tempo da brasileira não foi suficiente para quebrar o recorde paraolímpico, estabelecido pela própria atleta nos Jogos de Sydney-2000 (12s34). A melhor marca mundial é de Santamarta, que correu os 100 m em 12s33, em competição disputada em Barcelona, no ano de 1997.

Para vencer a prova, Ádria também teve que superar uma lesão na coxa esquerda. A corredora passou seus últimos dias no Brasil fazendo apenas tratamento médico, e voltou a treinar somente depois de chegar em Atenas.

"Eu queria agradecer bastante a todos. Recebi três telefonemas da minha mãe no Brasil. Estava com medo de não conseguir correr hoje por causa do problema na coxa, mas todos no Brasil disseram 'vai Ádria, vai Ádria' e me encorajaram. Me esforcei muito pela medalha e acho que a mereço".

A coleção de medalhas paraolímpicas de Ádria começou em Seul-1988, com duas pratas, nos 100 m e 400 m. Em Barcelona-1992, a brasileira ganhou seu primeiro ouro, nos 100 m. Em Atlanta-1996, foram três pratas, nos 100 m, 200 m e 400 m. Já em Sydney-2000, a velocista conseguiu a vitória nos 100 m e 200 m, e o segundo lugar nos 400 m.

E o recorde pode aumentar na Grécia. Ádria vai correr mais duas provas: os 200 m, na qual é recordista mundial, e os 400 m.

Com 30 anos, a brasileira não pensa em parar tão cedo. "Penso em mais duas Paraolimpíadas. Tenho vontade de correr os 800m", disse Ádria, que ficou cega na infância devido uma retinose pigmentar e astigmatismo de nascença.

Depois da emoção da corrida, a brasileira enfrentou o silêncio do Estádio Olímpico novamente: no topo do pódio, para receber a medalha de ouro. Mas desta vez a campeã não resistiu, e chorou durante a execução do hino nacional.

* O jornalista Lello Lopes viaja a Atenas a convite do Comitê Paraolímpico Brasileiro

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