Thomaz supera ausência após suspensão e conquista bronze

Paris - Thomaz Ruan Moraes foi um dos grandes nomes da última sessão do atletismo nas Paralimpíadas de Paris-2024, ao conquistar sua segunda medalha nos 400m T47 (para amputados nos membros superiores). Depois da prata em Tóquio-2020, ele viveu um ciclo conturbado, que envolveu uma suspensão por falha de paradeiro, e só retornou aos treinamentos e competições em março deste ano. Portanto, teve apenas seis meses de preparação intensa para subir no pódio paralímpico outra vez.

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"Eu estou muito feliz. Já me senti abençoado só de poder estar competindo aqui na minha segunda Paralimpíada. Infelizmente, fiquei fora de dois Mundiais e um Parapan nesse período de preparação. Mas eu sempre falo que Deus é bom o tempo todo e Ele me abençoou na hora certa de poder ter a oportunidade de se classificar para esses Jogos. Eu me sinto muito grato ao meu treinador e à minha mãe, que foram duas pessoas que se sacrificaram muito por mim durante esse período", disse Thomaz.

Suspensão

Thomaz foi suspenso pela Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD) em dezembro de 2022. Todos os atletas precisam informar diariamente suas localizações para que as autoridades antidopagem possam realizar testes de doping surpresa. Caso ele cometa três falhas - de não informar seu paradeiro ou não estar no local indicado quando uma tentativa de exame for realizada -, dentro de um período de 12 meses, ele recebe uma punição.

Foi o que aconteceu com Thomaz, que pegou dois anos de suspensão. O período deveria acabar somente em dezembro de 2024, mas ele conseguiu reduzir a pena e pôde voltar às pistas em março deste ano. Assim, pôde se preparar para os Jogos Paralímpicos. Durante o período ausente, manteve treinamentos de força e corridas na rua, mas retornou com muita intensidade graças ao trabalho do treinador Fábio Dias. Ele disputou apenas três competições, duas nos 400m e uma nos 100m, conseguiu sua classificação paralímpica e pôde estar em Paris-2024 para conquistar mais uma medalha.

"Foi muito difícil não treinar. Eu mantinha os treinos de forma bem diferente do comum. Quando a gente voltou, foi com tudo. Eu digo que eu tenho o melhor treinador do Brasil e do mundo, ele é um cara muito inteligente. Quando eu voltei, ele já me colocou para me sacrificar. Eu me sentia cansado, às vezes bem desgastado, praticamente vomitando em todos os treinos. Mas eu sabia que seguindo o planejamento e a linha de pensamento dele, a gente ia chegar longe. Então, essa medalha também é dele", falou ele.

Retorno à glória

Por todo esse contexto, a medalha em Paris-2024 teve um gosto especial. Ele foi prata em Tóquio-2020 e, desta vez, faturou o bronze. O paulista marcando 47s97, a melhor marca da temporada. Thomaz ficou atrás de dois marroquinos: Aymane El Haddaoui, que levou o ouro com novo recorde mundial de 46s65, e de Ayoub Sadni, prata com 47s16.

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"Em Tóquio, eu me sentia mais preparado para competir a final, mas depois dessa semifinal de Paris, me deu uma confiança maior para essa medalha. Eu tinha feito duas corridas no sacrifício no Brasil e achei que ia correr no sacrifício de novo. Tem um gostinho especial por conta disso. Sei que a gente passou por um período muito complicado, eu, meu treinador e minha mãe. Estar aqui, poder representar o Brasil mais uma vez foi muito mais especial assim. Foi a minha primeira vez competindo com o estádio cheio. Me dá uma motivação a mais", disse Thomaz.

Em seu retorno, Thomaz se inspirou na velocista norte-americana Sha'Carri Richardson, que foi suspensa pelo uso de cannabis pouco antes dos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020. Ela retornou às competições e foi campeã mundial dos 100m em 2023, tendo conquistado a prata em Paris-2024. "Eu peguei muito como referência a Sha'Carri Richardson. Ela disse que não estava de volta, ela estava melhor. Me sinto do mesmo jeito. Estou melhor, com uma cabeça diferente e com pensamentos diferentes. Isso com certeza me fez muito mais forte esse período".

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