Paralimpíadas: 'prata da casa' reforça projeto do CPB de garimpar atletas

Em Paris, André Martins entrou para a história ao ser o primeiro "prata da casa" do Comitê Paralímpico Brasileiro a disputar os Jogos. Mas como um atleta foi revelado pelo CPB?

André tem 21 anos e foi formado na Escola Paralímpica de Esportes. Na capital francesa, competiu na bocha pela classe BC4 (para atletas que têm deficiências severas, mas que não recebem assistência).

Cada vez mais nos prova que o CPB tem que seguir essa linha de ação, que é investir no fomento, nos jovens. Isso certamente vai fazer com que tenhamos um time tão grande que os técnicos vão ter dúvida em quem levar, e isso é muito bom.
Ramon Pereira, diretor de Esportes de Desenvolvimento e Esportivo do CPB

O projeto, que começou em 2018, é realizado em São Paulo e tem o objetivo promover a iniciação no esporte de crianças e jovens, na faixa de 7 a 17 anos, nas 15 modalidades contempladas pelo programa do Comitê Internacional. A ideia surgiu após ser detectada uma lacuna na captação de atletas

Foi no ano de inauguração que André chegou ao projeto e começou a praticar bocha, e ficou por cinco anos. Ele teve diagnosticada uma distrofia muscular de Duchenne (doença neuromuscular genética) aos 5 anos.

"Tínhamos a aula de educação física no Instituto Benjamin Constant. As escolinhas eram abertas a todos os alunos. À época, tínhamos, aproximadamente, 500 alunos, e em sintonia com as seleções. Trouxemos essa experiência para o CPB. A ideia é fazer com que o aluno elegível à modalidade tenha essa vivência. Temos as avaliações funcionais e as observações dos técnicos. Isso é muito importante. Tanto que, em pouco tempo, revelamos uma recordista parapan-americana [nadadora Alessandra Oliveira]".

O investimento é de cerca de R$ 4 milhões entre corpo de profissionais, capacitação e materiais esportivos. Na estrutura atual, o limite de atendimento é de mil alunos, e a ocupação é de cerca de 65%, mas há a intenção de alcançar o teto.

"Quando planejamos esse projeto, a intenção era trabalhar para a medalha de ouro. Sem desmerecer as outras medalhas, mas a medalha de ouro é o diferencial. Essas revelações já comprovam a eficiência desse projeto.

A ideia é que muitos desses jovens possam colher frutos ao longo do ciclo e estarem presentes nas Paralimpíadas de Los Angeles-2028. "Certamente nós vamos ter muito mais representantes. Em Paris tivemos 11 novatos, e a nossa ideia é triplicar essa inserção na seleção brasileira"

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Paralelamente a isso, o CPB leva à frente um outro projeto, o dos centros de referência ao redor do Brasil. Segundo relatório de julho, nas 72 unidades ao redor do país, são quase oito mil alunos.

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