Paralimpíadas e Olimpíadas: dá para participar das duas competições?
Nesta semana, a jogadora de tênis de mesa Bruna Alexandre, 29, tornou-se a primeira atleta do país a disputar as Olimpíadas e as Paralimpíadas, competição destinada a pessoas com deficiência, em um mesmo ano.
A catarinense atuou em dois jogos da equipe feminina na derrota para a Coreia do Sul, por 4 a 1, nas oitavas de final das Olimpíadas de Paris 2024. Ela primeiro fez parceria com Giulia Takahashi e atuou sozinha na última partida da série.
Quem participa das Paralimpíadas pode disputar as Olimpíadas?
Atletas com deficiência podem disputar as Olimpíadas. Mas só se forem classificados.
Já aconteceu antes, no tiro esportivo. A belga Sonia Vettenburg, que é cadeirante e praticava tiro esportivo, disputou os Jogos Olímpicos de Barcelona, em 1992. Ela já havia participado de duas Paralimpíadas, em 1984 e 1988.
Esgrimista surda também já participou. A esgrimista húngara Ildiko Rejto-Ujlaki, que é surda, ganhou sete medalhas olímpicas entre 1960 e 1976, mas nunca participou das Paralimpíadas. É que as modalidades dos jogos não incluem atletas com surdez. Para estes, existem as Surdolimpíadas.
Há critérios para participar dos Jogos Paralímpicos. Eles começaram a ser disputados em 1960, em Roma. Para participar, é preciso passar por critérios de elegibilidade, em que uma equipe multidisciplinar analisa a deficiência do atleta (física, visual ou intelectual) para definir qual sua categoria paralímpica.
Cada modalidade tem um sistema próprio de classificação. Para garantir a igualdade de condições na disputa, as modalidades têm classificações próprias, com siglas em referência ao nome do esporte ou da deficiência em inglês, além de números que indicam o grau de comprometimento do atleta.
Atletas que não são deficientes também participam de Paralimpíadas. Mas de forma específica. Eles só podem participar como atleta-guia no atletismo ou goleiro no futebol paralímpico, no qual os jogadores de linha têm deficiência visual.
Conheça outros atletas que participaram de ambas edições
Oscar Pistorius. O sul-africano, que teve uma perna amputada, obteve a pontuação necessária para se classificar para as Olimpíadas. Ele disputou os 400 m rasos (chegou até a semifinal) e o revezamento 4x400 m (finalista com o time da África do Sul) em Londres 2012.
Pál Szekeres. É o único atleta com deficiência que é medalhista olímpico e paralímpico. O esgrimista húngaro foi bronze em Seul 1988 e, após sofrer um acidente, ganhou três ouros e três bronzes paralímpicos.
Craig Mcclean. O ciclista britânico que não tem deficiências é outro atleta que possui medalha nos dois eventos. Ele foi ganhou medalha de prata olímpica em Atenas 2004 e ouro nos Jogos Paralímpicos, como guia do atleta cego Anthony Kappes, em Londres 2012.
Natalia Partyka. A mesatenista polonesa, que teve que amputar a mão direita, jogou cinco Paralimpíadas e quatro Jogos Olímpicos, incluindo Tóquio 2020.
Quem é Bruna Alexandre
Dona de três bronzes e uma prata. Bruna é a maior medalhista do tênis de mesa brasileiro em Jogos Paralímpicos.
Sofreu trombose quando bebê. A atleta teve o braço direito amputado após sofrer uma trombose aos dois meses de idade, em decorrência de uma vacina mal aplicada. Aprendeu a jogar tênis de mesa na infância, por influência do irmão.
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Quero receberComeçou a competir em torneios para mesatenistas. Ela disputou as primeiras Paralimpíadas no Rio, em 2016, e depois em Tóquio, em 2020.
A atleta soube que conquistou uma vaga na seleção brasileira olímpica no início de junho deste ano. Ela já havia sido classificada no ano passado para as Paralimpíadas de Paris-2024.
Nunca pensei que viveria e resistiria a tantos desafios que a vida me impôs desde os meus dois meses de vida. Quando meus pais ainda choravam a perda do meu braço, ainda bebê, ouviram que um dia ainda os daria muito orgulho. Bruna Alexandre, jogadora de tênis de mesa
Antes da atleta, o único brasileiro a disputar Olimpíadas e Paralimpíadas foi o timoneiro Nilton da Silva Alonço, conhecido como Gauchinho. Ele disputou os Jogos Olímpicos entre 1976 e 1988. Em Pequim, em 2008, integrou a delegação paralímpica brasileira.
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