Ana Marcela chora e lamenta 'abismo' do 4º lugar após ter chegado ao limite
Ana Marcela Cunha liberou toda a emoção após ter batido na trave na busca pela segunda medalha olímpica. Campeã da maratona aquática em Tóquio, ela ficou em 4º na prova nos Jogos de Paris e sentiu um misto de emoções.
De um lado, o peso do "abismo" por ter ficado fora do pódio por uma posição; do outro, a felicidade por ter se reerguido após chegar ao seu limite no esporte e quase ter desistido da natação. Demorou, inclusive, alguns minutos para se recompor do choro para falar com a imprensa após a prova.
Acho que um quarto lugar é um abismo muito grande entre ter uma medalha e não. Em 2008, quando eu fui quinta, não doeu tanto quanto agora. Mas um ano e meio atrás eu estava passando por uma cirurgia, um ano atrás eu simplesmente liguei para minha família e para minha psicóloga e falei: 'Eu quero parar de nadar'. Então, ter nadado a seletiva em Fukuoka, mesmo não tendo me classificado, foi uma vitória. Ter nadado em Doha, voltado a me encontrar, a estar feliz, eu acho que é o mais importante. Ana Marcela Cunha
A brasileira teve sua conquista máxima em 2021, mas enfrentou dificuldades na sequência do ciclo para Paris. Operou o ombro esquerdo no final de 2022 após ter nadado naquele ano no sacrifício. Ela "escondeu" a lesão para não parecer uma desculpa e ainda se sagrou hexacampeã do Circuito Mundial. Depois disso, ainda lidou com o fato de ter perdido sua felicidade na natação.
Eu cheguei no meu limite no esporte, eu não estava mais feliz, eu não estava me encontrando na natação mais. Mas graças a Deus eu tenho uma família que me apoia independentemente de qualquer coisa. Nós somos atletas, mas somos seres humanos e chega uma hora que a gente cansa. Não somos uma máquina.
Ana Marcela se reergueu, contou também com o apoio de seus patrocinadores e conseguiu a classificação para defender o ouro olímpico em Paris. A segunda medalha não veio, mas ela sai novamente com a cabeça erguida. Aos 32 anos, embora desconverse sobre a próxima edição dos Jogos, ela já projeta o próximo Mundial da maratona aquática.
Lógico que a gente queria muito uma medalha e a gente sabe o quanto treinamos. Eu mudei todo o programa, mudei para a Itália para ir em busca disso. Eu tenho que ter muito orgulho do que eu fiz, do quarto lugar, por mais que seja bem doloroso. Mas acho que eu tenho que manter a cabeça erguida, olhar pra frente. Eu preciso de talvez um, dois dias para poder ter um tempinho aí e conseguir olhar um pouco pra frente e ver o que nós vamos pensar e fazer aí
Não prometo nada pra Los Angeles, mas eu acho que tem a Copa do Mundo aí pra frente. Virar uma página e ver como é que vai ser. Estou com 32, com uma bagagem muito grande, muitas conquistas e é ver o que eu vou fazer daqui para frente. Eu estou muito feliz, óbvio que eu queria demais essa medalha, mas acho que é cabeça erguida. Ana Marcela Cunha
O que aconteceu
Ana Marcela Cunha não conseguiu repetir medalha na maratona aquática 10km em Paris. Ouro em Tóquio, ela brigou até o fim e cresceu nas últimas voltas, mas terminou a 32s de distância de um lugar no pódio e a 41s de repetir o título.
A brasileira lamentou o "abismo" de ficar em quarto. Ela comparou o peso da colocação em comparação com o quinto lugar que ocupou em sua estreia olímpica, em Beijin-2008. Na Rio-2016, terminou em décimo.
A prova da maratona no rio Sena ficou marcada pela forte correnteza. Por causa da força do fluxo da água, as atletas tiveram que fazer mais força e completaram o percurso mais lentas. Em Tóquio, Ana Marcela conquistou o ouro com tempo de 1h59min30s8; na capital francesa, a holandesa Sharon van Rouwendaal foi campeã em 2h03min34s2 — Ana Marcela fez em 2h04min15s7.
Deixe seu comentário