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Carlos Arthur Nuzman, ex-presidente do COB, é condenado a 30 anos de prisão

 Carlos Arthur Nuzman, ex-presidente do COB - OLIVIER MORIN/AFP
Carlos Arthur Nuzman, ex-presidente do COB Imagem: OLIVIER MORIN/AFP

Demétrio Vecchioli e Leandro Pinheiro

Do UOL, em São Paulo

25/11/2021 21h25Atualizada em 17/08/2022 06h19

Carlos Arthur Nuzman, ex-presidente do COB (Comitê Olímpico do Brasil), foi condenado a 30 anos e 11 meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva, organização criminosa, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. A sentença foi determinada hoje (25) pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª vara federal criminal do Rio de Janeiro.

O ex-dirigente era alvo da operação Unfair Play, que investigou a compra de votos para a escolha do Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Ele tem o direito de recorrer da sentença em liberdade.

"O Juiz condenou por esporte, sem provas. Nuzman será inocentado, seguramente. Os Tribunais da República não irão prestigiar esta violência jurídica inominável", disse ao UOL o advogado João Francisco Neto, responsável pela defesa do ex-dirigente.

Bretas tem um passado de decisões polêmicas e já sofreu reveses no STF (Supremo Tribunal Federal). Em agosto, a Segunda Turma da corte decidiu retirar do juiz os processos da operação Esquema S, um desdobramento da Lava Jato no Rio. Já em abril, o ministro Alexandres de Moraes anulou a decisão de Bretas que transformou o ex-presidente Michel Temer (MDB) e o ex-ministro de Minas e Energia Moreira Franco (MDB) em réus por supostas propinas nas obras da usina Angra 3, da Eletronuclear.

O também ministro do STF Gilmar Mendes chegou a atacar Bretas diretamente, em março, durante o julgamento da suspeição do ex-juiz Sergio Moro. Gilmar afirmou que existe um escândalo "de corar frade de pedra" na Vara comandada pelo juiz. Era uma alusão a um advogado denunciado por abordar clientes enrolados na Lava Jato e "vender facilidades" junto a Bretas. O magistrado reagiu no mesmo dia, no Twitter, e repudiou "veementemente" as declarações do ministro.

Além de Nuzman, o ex-governador Sérgio Cabral e Leonardo Gryner, ex-diretor de operações do comitê Rio 2016, também foram condenados na operação. Cabral teve pena de 10 anos e 8 meses, enquanto Gryner pegou 13 anos e 10 meses.

Em março de 2017, o jornal francês Le Monde denunciou que dirigentes do Comitê Olímpico Internacional (COI) receberam pagamento de propina três dias antes da escolha do Rio como sede das Olimpíadas. Nuzman, que foi presidente do COB por 22 anos, é suspeito de intermediar a compra dos votos dos integrantes do COI. O esquema contou com a participação do ex-governador Sérgio Cabral.

Nuzman chegou a ser preso em 2017 por agentes da Polícia Federal e do Ministério Público Federal. Posteriormente, ele deixou a cadeia e passou a cumprir prisão domiciliar. Na época, a defesa do ex-dirigente comemorou a decisão afirmando: "A decisão é justa e correta, no passo em que erigiu um muro de contenção ao apetite acusatório por arbitrária e descabida prisão preventiva. A manutenção da liberdade foi assegurada, por unanimidade, pelos Ministros da Sexta Turma. A defesa agora espera que a denúncia seja rejeitada, diante da falta de justa causa para ação penal".