Topo

Ouro histórico e seleções em semifinais marcam dia do Brasil em Tóquio-2020

Yeltsin Jacques e o guia Bira, nos 1500m das Paralimpíadas: recorde cantado - Buda Mendes/Getty Images
Yeltsin Jacques e o guia Bira, nos 1500m das Paralimpíadas: recorde cantado Imagem: Buda Mendes/Getty Images

Denise Mirás

Colaboração para o UOL, de São Paulo

31/08/2021 12h02

O centésimo ouro do Brasil na história dos Jogos Paralímpicos - e recorde mundial batido com sobra até programada, para bater marcas novamente nas próximas competições -foi o maior destaque do sétimo dia de competições em Tóquio. O marco histórico foi de Yeltsin Jacques, que ao lado do guia Antônio Carlos dos Santos, o Bira, fechou os 1.500 metros da classe T11 (deficientes visuais), com 3min57s60. A diferença para os adversários foi arrasadora: a prata do japonês Shinya Wada chegou com 4min05s27 e o bronze, do russo Fedor Rudakov, com 4min05s55).

Com outras duas medalhas do atletismo e mais quatro da natação, o Brasil segue em sexto lugar no quadro de medalhas e ainda avança rumo a medalhas nos esportes coletivos - caso do invicto futebol de 5 (que venceu a França por 4 a 0 em jogo para cumprir tabela ) e das seleções masculinas de goalball (9 a 4 sobre a Turquia) e vôlei sentado (que perdeu da Alemanha mas também passa às semifinais pela diferença de pontos).

O Brasil conquistou sete medalhas - dois ouros, três pratas e dois bronzes. Soma agora 42 (14 ouros, 11 pratas e 17 bronzes) e mantém briga acirrada com a Ucrânia pelas douradas, que definem a classificação dos países. A meta do Comitê Paralímpico Brasileiro é se manter entre os top ten no geral, sendo que a melhor colocação do país foi o sétimo lugar em Londres-2021. Em Tóquio-2020, a inalcançável China está no topo do quadro, com 132 medalhas, sendo 62 ouros, 38 pratas de 32 bronzes.

Quebra de cordinhas

Jerusa Geber, do atletismo paralímpico - Miriam Jeske/CPB - Miriam Jeske/CPB
Jerusa Geber, recordista mundial, foi desclassificada
Imagem: Miriam Jeske/CPB

Sob chuva, o atletismo garantiu a festa pelo centésimo ouro brasileiros em Paralimpíadas com Yeltsin Jacques e ainda teve recorde das Américas com a prata de Raissa Rocha Machado no lançamento de dardo da classe F56 (atletas que competem em cadeira de rodas. Raissa marcou 24,39m, com ouro de Hashemiyeh Motaghian Moavi, do Irã (24,50m, recorde mundial), e bronze de Diana Dadzite, da Letônia (24,22m).

A caçula da delegação brasileira, com 17 anos, foi bronze nos 400m da classe T20 (atletas com deficiências intelectuais). Jardênia Felix fechou 57s43, atrás da norte-americana Breanna Clark (55s18, recorde mundial) e da ucraniana Yuliia Shuliar (56s18).

Nos 100m da classe T11 (atletas com deficiências visuais), o inacreditável aconteceu: as duas brasileiras foram desclassificadas pela quebra da cordinha que liga os atletas a seus guias. Jerusa Geber, recordista mundial com 11s85 - a primeira da classe a correr abaixo dos 12s00 -, correu com o guia Gabriel Garcia e se perdeu ainda nos primeiros metros. Thalita Simplício cruzou a linha em terceiro com o guia e técnico Felipe Veloso, mas também com rompimento da cordinha a um passo da chegada.

Carol: duas vezes campeã

Carol Santiago, da natação paralímpica - Ale Cabral / CPB - Ale Cabral / CPB
Carol Santiago: medalhas para a natação feminina depois de 17 anos sem pódio
Imagem: Ale Cabral / CPB

Já campeã dos 50m livre da classe S13 (atletas com baixa visão), Carol Santiago conquistou seu segundo ouro em Tóquio-2020 nos 100m livre da classe S12. Foi a quinta medalha da natação, que assim somou 14, o mesmo número dos Jogos do Rio-2016. A brasileira fechou 59s01, sobre a russa Daria Pikalova (59s13) e a britânica Hannah Russell (1min00s25).

Carol ainda brilhou na prata do revezamento misto 4x100m livre 49 pontos. O Brasil optou por começar com dois homens e deixar as duas mulheres para a segunda parte da prova. Nadaram Wendell Belarmino, Douglas Matera - que puxou a liderança -, Lucilene Sousa e Carol, que brigou com os nadadores Vladimir Sotnikov, russo, e Kyrylo Garashchenko, ucraniano. O russo fez 3min53s79, ouro e recorde paraolímpico. Carol chegou em segundo, batendo 3min54s95 à frente do adversário, que fez 3min55s15.

Gabriel Bandeira chegou à prata dos 200m medley da classe SM14 (atletas com deficiência intelectual), sua quarta em Tóquio-2020 depois do ouro nos 100m borboleta, a prata nos 200m livre e o bronze do revezamento misto 4x100m livre. Esta é apenas a segunda participação internacional do brasileiro, que ainda vai competir nos 100m costas.

A natação ainda teve o bronze de Mariana Gesteira Ribeiro nos 100m livre da classe S9 (para deficientes funcionais). Fez 1min03s39, atrás da neozelandesa Sophie Pascoe (1min02s37) e da espanhola Sarai Gascon (1min02s77)

Coletivos nas semifinais

Parazinho, da seleção de goalball - Lintao Zhang/Getty Images - Lintao Zhang/Getty Images
Parazinho, da seleção de goalball
Imagem: Lintao Zhang/Getty Images

A seleção brasileira masculina de goalball fechou 9 a 4 sobre a Turquia e está na semifinal, que será contra a Lituânia, atual campeã, às 5h30 da sexta-feira (3), pelo horário de Brasília. Na fase classificatória, o Brasil (bronze no Rio-2016) já havia enfrentado os lituanos e vencido por 11 a 2.

No feminino, o Brasil também já está nas semifinais. Enfrenta a China nesta quarta-feira (1), às 5h45.

O vôlei sentado masculino passou às semifinais pelo desempate pela diferença de pontos - e foram apenas seis —, depois de perder da Alemanha, que fez 3 sets a 1, com 25/23, 22/25, 25/19 e 25/18. Com uma vitória e duas derrotas, os brasileiros contaram com a vitória do Irã por 3 a 0 sobre a China para seguir na briga por medalha. E agora enfrentam os russos na semifinal de quinta-feira (2), às 6h30.

O Brasil já entrou classificado às semifinais no jogo contra a França, pelo futebol de 5. Venceu por 4 a 0 e segue invicto na história das Olimpíadas, brigando pelo pentacampeonato. Os gols foram de Nonato e Jardiel, com dois cada um. Enfrenta o Marrocos às 7h30 da quinta-feira (2).

Na bocha paraolímpica, Maciel Santos (classe BC2, onde atletas não recebem assistência) e José Carlos Oliveira (classe BC1, que podem contar com auxiliares) disputam bronze nesta quarta-feira (1).