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Bronze de Daniel mostra como paralímpicos dependem de fatores extrapiscina

Daniel Dias; bronze em sua primeira prova nas Paralimpíadas-2020 - Adam Pretty/Getty Images
Daniel Dias; bronze em sua primeira prova nas Paralimpíadas-2020 Imagem: Adam Pretty/Getty Images

Denise Mirás

Colaboração para o UOL, de São Paulo

25/08/2021 11h47

No primeiro dia de competições em Tóquio-2020, o nadador Daniel Dias chegou à sua 25ª medalha nos Jogos Paralímpicos. Aos 33 anos, conquistou o bronze nos 200m livre da classe S5, prova em que foi tricampeão a partir de Pequim-2008. Nesta edição, aquele que é considerado o maior nadador da história paraolímpica enfrenta adversários que foram reclassificados em sua funcionalidade e, como rebaixados, dificultam ainda mais os desafios do brasileiro.

Daniel Dias falou rapidamente sobre o tema e avisou que irá comentar o que considerou de equivocado na nova classificação funcional quando encerrar sua participação em Tóquio - também a última de sua carreira (nestes Jogos, ainda estará nos 50m e 100m livre e nos 50m costas e borboleta).

Na natação, as classes levam o S de swimming, em inglês. De 1 a 10 são aqueles com limitações físico-motoras; 11 a 13, com deficiência visual, e 14, com deficiência intelectual.

No caso das limitações físico-motoras, a classificação funcional é feita a partir de resíduos musculares, por meio de testes de força, mobilidade articular e testes motores, realizados dentro da água. O atleta pode ter classificações diferentes para o nado peito (SB, de breast) e o medley (SM). Vale a regra de "quanto maior a deficiência, menor o número da classe".

O debate em torno da reclassificação funcional na natação é com relação a uma vantagem que os "rebaixados" teriam, porque saem de uma classe acima, com mais capacidade motora, para uma abaixo, onde os atletas teriam mais dificuldade de competir contra eles.

O bronze de Daniel Dias veio na prova em que o vencedor foi o italiano Francesco Bocciardo, que era campeão olímpico na classe S6 e foi reclassificado para a S5 (antes da mudança, portanto, era reconhecidamente mais capacitado que o brasileiro).

A diferença nos tempos dá ideia da dimensão do impacto na reclassificação: o ouro de Bocciardo veio no tempo de 2min26s76, com o espanhol Antoni Ponce Bertrán fazendo 2min35s20 para a prata e Daniel, 2min38s61 para ficar com o bronze (11s85 de diferença).

Primeiras medalhas

A ciclista australiana Paige Greco registrou o primeiro ouro das Paralimpíadas de Tóquio-2020, na perseguição 3.000m, batendo o recorde mundial das classes C1, C3 e C3 com 3min50s81.

A primeira medalha brasileira veio na natação, com Gabriel Geraldo Araújo, mineiro de 19 anos, prata com 2min02s47 nos 100m costas da classe S2 (segunda com menor funcionalidade - sem os dois braços, o brasileiro nada impulsionado pela golfinhada do corpo). O vencedor foi o chileno Alberto Abarza, com 2min00s40.

Gabriel Bandeira, ouro para o Brasil na natação das Paralimpíadas - Miriam Jeske/CPB - Miriam Jeske/CPB
Gabriel Bandeira comemora após vencer a final dos 100m borboleta da classe S14
Imagem: Miriam Jeske/CPB

O primeiro ouro para o Brasil foi de Gabriel Bandeira, 21 anos e em sua primeira participação nos Jogos Paralímpicos. Venceu os 100m borboleta (prova estreante) da classe S14 (atletas com deficiência intelectual) com 54s76, ultrapassando o atual recordista mundial, o britânico Reece Duun, que fechou 55s12. Gabriel Bandeira ainda compete nos 200m livre, 100m peito, 100m costas, 200m medley e revezamento 4x100m livre.

Phelipe Rodrigues, 30 anos, foi bronze nos 50 metros livre da classe S10. Em sua quarta edição dos Jogos, o brasileiro chegou à oitava medalha, com 23s50, atrás do australiano Rowan Crothers, com 23s21, e do ucraniano Maksym Krypak, com 23s33.

Fases de classificação

No goalball, a seleção brasileira masculina goleou a Lituânia por 11 a 2, na fase preliminar do Grupo A. A feminina perdeu dos Estados Unidos, que fechou 6 a 4 do Grupo D.

Goalball: seleção masculina Brasil 11 a 2 Lituânia - Alex Pantling/Getty Images - Alex Pantling/Getty Images
Seleção brasileira masculina de goalball faz 11 a 2 sobre a Lituânia, nos Jogos Paralímpicos
Imagem: Alex Pantling/Getty Images

No tênis de mesa, o destaque dos brasileiros foi Israel Stroh, que conseguiu vencer o japonês Masachika Inoue por 3 a 2, pelo Grupo E da Classe 7 (andantes). David Freitas de Andrade passou com WO do sueco Alexander Oehgren no Grupo E da Classe 3 (cadeirantes). No feminino, pelo Grupo D das classes 1 e 2 (cadeirantes), Cátia Oliveira venceu a finlandesa Aino Tapola por 3 a 1. Danielle Rauen venceu a turca Neslihan Cavas por 3 a 0, pelo Grupo A da Classe 9 (andantes) já em seu segundo jogo pela fase preliminar, depois da derrota para a húngara Alexa Svitacs, que fez 3 a 1.