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Medalhas: San Marino é maior exemplo da mudança de forças vista em Tóquio

Alessandra Perilli, de San Marino, ganhou o bronze no tiro ao alvo feminino - Comitê Olímpico de San Marino
Alessandra Perilli, de San Marino, ganhou o bronze no tiro ao alvo feminino Imagem: Comitê Olímpico de San Marino

Alexandre Araújo e Rafael Valesi

Da Redação

08/08/2021 14h00

A campanha em Tóquio da delegação da pequena república de San Marino, enclavada no território italiano e com apenas 61km² de extensão, é um dos retratos do que foram os Jogos Olímpicos no Japão. O país, que nunca havia conquistado uma medalha na história, faturou logo três de uma vez. O feito é um símbolo da Olimpíada mais democrática das décadas recentes, ao menos na divisão de forças esportivas.

Entre pouco mais de 200 nações que enviaram atletas aos Jogos de Tóquio-2020, 93 conquistaram medalhas, sete a mais do que na Rio-2016 (86). E não se trata de uma estatística regular. A Olimpíada de Pequim-2008, por exemplo, teve 87 nações diferentes no pódio, duas à frente de Londres-2012 (85), e uma da própria Rio-2016.

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Entre estes 93 países estiveram San Marino, Burkina Faso e Turcomenistão, delegações que quebraram tabus e ganharam suas primeiras medalhas desde a primeira Olimpíada da era moderna, em Atenas-1896.

O enclave europeu conseguiu um feito notável. San Marino conquistou três medalhas com somente cinco atletas em toda a delegação. A atiradora Alessandra Perilli brilhou no tiro esportivo e levou uma prata (ao lado do compatriota Gian Marco Berti) e um bronze para casa, mesma cor do prêmio de Myles Amine, da luta olímpica. O esforço premiou o pequeno país com a inédita 72ª colocação na Olimpíada.

A competição em solo japonês também foi mais diversificada na conquista de ouros, ao menos em comparação nas décadas mais recentes: 65 países distintos ouviram o hino nacional tocar nas arenas, contra 59 na Rio-2016, e 55 em Pequim-2008 e Londres-2012.

Noruega se recupera, e Argentina despenca

Karsten Warholm - David Ramos/Getty Images - David Ramos/Getty Images
Imagem: David Ramos/Getty Images

A medalha de ouro de Karsten Warholm nos 400m com barreiras no atletismo, com direito a um avassalador recorde mundial na prova, ficará nos livros como um dos símbolos da recuperação da Noruega nos Jogos Olímpicos.

No sobe e desce do quadro de medalhas, os nórdicos certamente estão entre os destaques positivos. Há cinco anos, na Rio-2016, a Noruega fez uma campanha bem abaixo do esperado. Com somente quatro bronzes, o país ficou apenas em 74º lugar.

Agora, em Tóquio, eles retomaram o desempenho esportivo a que estavam acostumados, e voltaram a crescer. Foram oito medalhas no total, sendo quatro de ouro, duas de prata e duas de bronze, e a 20ª posição na classificação geral.

Outras evoluções notáveis aconteceram com a República Tcheca (do 43º ao 18º lugar) e Israel (da 77ª posição para a 39ª). Também há de se ressaltar Uganda (35º) e Equador (38º), que sequer medalharam no Rio de Janeiro, e ganharam dois ouros no Japão.

Quem também pegou o elevador olímpico, mas para baixo, foi a Argentina. Da 27ª posição no Rio de Janeiro, despencou para 72º no Japão. O Cazaquistão foi outro cuja força esportiva desmoronou de maneira ainda mais dramática: desceu do 22º lugar para 83º.

Os "hermanos" celebraram a vitória na disputa pelo bronze no vôlei masculino contra o Brasil mas, no fim das contas, esta foi uma das poucas alegrias. A delegação voltará para casa sem ouros (ao contrário dos três obtidos há cinco anos), e com a mala quase vazia: apenas uma prata e dois bronzes. Apenas na América do Sul, a Argentina ficou atrás do Equador (38º), Venezuela (46º) e Colômbia (66º). Isso sem contar o Brasil.

Isaquias Queiroz no pódio após o ouro nas Olimpíadas de Tóquio-2020 - Miriam Jeske/COB - Miriam Jeske/COB
Imagem: Miriam Jeske/COB

No top 15, Brasil sobe e Coreia cai

Na parte de cima do quadro de medalhas, o sobe e desce dos países é mais sutil. No topo da tabela durante um bom tempo, a China voltou a ser protagonista após o terceiro lugar na Rio-2016 e brigou prova a prova com os Estados Unidos pela liderança. No fim, os norte-americanos conseguiram passar à frente no último dia das competições.

O Japão, país-sede da Olimpíada, subiu como esperado e passou do sexto ao terceiro lugar. Por outro lado, a queda mais significativa aconteceu com a Coreia do Sul, que saiu do top 10 (foi oitavo na Rio-2016) e finalizou os Jogos Olímpicos de Tóquio na 16ª posição, atrás até do Brasil.

A delegação verde e amarela fechou sua participação com mais motivos para comemorar. Com sua melhor campanha na história e recorde no total de medalhas, o Time Brasil subiu uma posição: de 13º para 12º.