Topo

Hebert Conceição nocauteia ucraniano e conquista o ouro em Tóquio

Adriano Wilkson

Do UOL, em Tóquio

07/08/2021 03h04

Parecia improvável. O ucraniano Oleksandr Khyzhniak, atual campeão europeu, dominou os dois primeiros rounds da final dos pesos médios contra Hebert Conceição. O brasileiro de 23 anos não encontrava espaço para jogar seu estilo de boxe, e a derrota parecia iminente. Até que o baiano encaixou um espetacular cruzado de esquerda e mandou o rival ao chão no terceiro round. E foi assim, por nocaute na Arena Kokugikan, que Hebert conquistou a sexta medalha de ouro do Brasil nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020.

É a segunda medalha do boxe brasileiro em Tóquio, mas a primeira de ouro. O peso pesado Abner Teixeira conquistou o bronze nesta sexta-feira. Ainda falta, porém, a decisão do ouro no peso leve feminino. Bia Ferreira é favorita contra a irlandesa Kellie Anne Harrington. O combate está marcado para este domingo (8), às 2h (de Brasília).

Como aconteceu

Khyzhniak tomou a iniciativa do combate desde os primeiros segundos. A estratégia do ucraniano era sufocar o brasileiro, enquanto mostrava aos juízes muita intensidade e um alto volume de golpes. Sem recuar nem dar espaço a Hebert, o cabeça de chave 1 seguiu mostrando mais intensidade e volume no segundo round, enquanto o brasileiro não conseguia achar espaços para impor seu estilo mais técnico.

Depois de perder por unanimidade os dois primeiros assaltos, Hebert adotou postura mais agressiva no terceiro round, tentando encaixar uppercuts, mas parecia que não teria sucesso. De repente, na primeira abertura dada por Khyzhniak, o baiano encaixou um potente cruzado de esquerda e mandou o oponente ao chão, decretando o fim da luta imediatamente.

Ao comemorar, Hebert se jogou ao solo e depois dançou diante das câmeras. Foi muito festejado pelos outros atletas da seleção de boxe, que acompanhavam da arquibancada e momentos antes pareciam resignados com a medalha de prata. Jornalistas e comentaristas que acompanhavam a luta reagiram com surpresa diante do desfecho inesperado do combate.

Esse foi um dos poucos nocautes registrados em Tóquio, já que eles são raros no boxe olímpico.

A caminhada

Cabeça de chave 3 do torneio olímpico na categoria dos médios (69 a 75kg), o brasileiro começou sua campanha em Tóquio já nas oitavas de final - segunda fase. Sua estreia foi contra o chinês Erbieke Tuoheta, e a vitória veio por decisão dividida dos juízes. Dos cinco oficiais, três deram vantagem ao brasileiro.

Em seguida, nas quartas de final, Hebert bateu o cazaque Abilkhan Amankul, também por decisão dos juízes e novamente por 3 a 2. Ao avançar, o baiano garantiu pelo menos a medalha de bronze, já que o boxe olímpico não tem disputa pelo terceiro lugar. Ao telefonar para seu mestre, Luiz Dórea, em Salvador, para comemorar o feito, Hebert levou uma bronca (leia aqui).

Nas semis, um triunfo menos apertado. O brasileiro bateu o russo Gleb Bakshi, cabeça 2 da chave dos médios, por 4 a 1 na decisão dos juízes. Na internet, o resultado foi visto como uma vingança em cima do Comitê Olímpico Russo porque aconteceu pouco depois da derrota da seleção masculina de vôlei. Faltava, então, apenas a final olímpica.