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Isaquias Queiroz comprova favoritismo e leva ouro na canoagem

Demétrio Vecchioli

Do UOL, em Tóquio

06/08/2021 23h57

Isaquias Queiroz não deu espaço para zebra no C1 1.000m, prova da canoagem de velocidade. Favorito, ele mostrou o porque de ser considerado o melhor da modalidade e conquistou a medalha de ouro nesta sexta (6), em Tóquio. Essa era a conquista que faltava no vitorioso currículo do atleta que tem tudo para se tornar o brasileiro com mais medalhas nas próximas Olimpíadas, em Paris, 2024 —Torben Grael e Robert Scheidt somam cinco e lideram o ranking.

Ele chegou na primeira colocação com o tempo 4:04.408. A medalha de prata ficou com o chinês Hao Liu com 4:05.724. O bronze, por fim, coube ao moldavo Serghei Tarnovschi, com 4:06.069.

Essa é a quinta medalha de ouro do Brasil em Tóquio. Antes Italo Ferreira, no surfe, Rebeca Andrade, na ginástica, Martine Grael e Kahena Kunze, na vela, e Ana Marcela, na maratona aquática, já haviam conquistado o topo do pódio.

Isaquias ficou na quarta colocação nos primeiros metros, mas já pulou para a terceira posição para fechar os 250m iniciais. Na segunda parcial, o brasileiro assumiu a vice-liderança, se consolidando na prova. A partir da metade da prova, o brasileiro disparou aparecendo na liderança nos 750m. A vantagem só aumentou, garantindo o ouro mais que merecido.

Após ficar na quarta colocação no C2 1000m e, consequentemente, perder a chance de conseguir duas medalhas em Tóquio, Isaquias entrou na água mordido. Queria provar que era o melhor do mundo na canoagem e que ninguém tiraria seu sonhado ouro.

Nas oitavas de final fez prova com tranquilidade e, quando se viu minimamente ameaçado, acelerou e venceu com folgas, entrando direto nas semifinais. Nesta sexta (6), novo passeio. Sem dar qualquer chance aos adversários, liderou a semifinal e mandou recado para os adversários.

Frustração nas duplas

Isaquias tem uma cabeça binária quando o assunto é resultado esportivo. Existe o ganhar medalha e o não ganhar medalha. Por isso, o quarto lugar teve gosto de último para ele, que sabia que não era favorito ao ouro na prova em duplas, mas tinha certeza que resolveria as coisas na água, como sempre fez.

Arrasado pelo resultado anterior, Isaquias saiu do canal chorando muito na terça. Mas, no dia seguinte, já estava revigorado. Nesse meio tempo, acompanhou, pelas redes sociais, o carinho dos fãs.

"Foram mais de 40 mil comentários [no Instagram]. Mensagem de apoio, 'guerreiro', nenhum ódio. Tudo de apoio. Isso deu ânimo a mais. Mas quando cheguei no quarto já percebi que o quarto não era ruim. Não é porque o Jacky é novo, nosso adversário foi melhor que a gente. Fizemos o que podíamos. Ficamos em quarto e percebi que não era ruim, mas queria a medalha."

A sonhada medalha de ouro demorou, teve uma pitada de drama com o sofrimento nas duplas, mas finalmente descansou no lugar que um país tanto esperava: o peito de Isaquias.