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Pandemia ajudou no garimpo de novos talentos para a ginástica artística

Treino aberto online da ginástica artística - Divulgação/CBG
Treino aberto online da ginástica artística Imagem: Divulgação/CBG

Denise Mirás

Colaboração para o UOL, em São Paulo

03/08/2021 12h00

Foi durante treinos online, durante a pandemia de covid, que o corpo técnico da Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) percebeu o quanto a ferramenta usada poderia ser ainda mais útil para o futuro do esporte. As distâncias em um país-continente para se observar talentos em potencial, que treinam mesmo com falta de infraestrutura e investimentos em cidades mais remotas, podem ser encurtadas por meio de transmissões em uma plataforma como o Zoom.

Com imagens de participantes de todo o Brasil, já foi possível identificar ao menos 30 meninas da categoria pré-infantil (9 a 11 anos) e outra 50 da infantil (até 12 anos) como possíveis candidatas ao alto rendimento, para serem observadas mais de perto, comenta Rhony Ferreira, o coreógrafo das apresentações das garotas no solo.

Foram mais de mil horas de treinos virtuais, com oportunidade para ginastas de todo o país se encontrarem com alguns dos maiores nomes de destaque no esporte. No que a CBG chamou de "maior mapeamento de ginastas da história do país", os técnicos das equipes nacionais montaram um plano de ação para seguir com o modelo de treinamento para mais de 1.500 participantes, entre atletas, treinadores e profissionais das equipes multidisciplinares.

Trabalhando diretamente com esses atletas há mais de duas décadas, Rhony diz que está sendo montado um projeto para reunir as meninas identificadas com chances de chegar ao alto nível em uma espécie de "peneira". A ideia é aproveitar o Campeonato Brasileiro de ginástica artística, que terá competições do pré-infantil até o juvenil, entre 25 e 29 de agosto, em São Bernardo do Campo.

No caso das coreografias, Rhony diz acompanhar as atletas desde pequenas, porque vai a todos campeonatos das categorias de base. Assim, é possível observar a personalidade delas desde o pré-infantil, como explica: se são mais tímidas e sérias ou mais extrovertidas, e ir pensando nas possibilidades de coreografias para quando começarem a competir mais à frente, em eventos internacionais.

solo - Ricardo Bufolin/CBG - Ricardo Bufolin/CBG
Rebeca Andrade deu show em apresentação no solo nas Olimpíadas de Tóquio
Imagem: Ricardo Bufolin/CBG

Encerrado um ciclo olímpico, começam os preparativos para o seguinte, mas algumas das coreografias seguem, por exemplo, passando pelo Mundial, que será em outubro no Japão, e seguindo até o fim do ano.

Mas na virada para 2022 já começarão a ser projetadas ideias a partir de muitas músicas, de estilos diferentes, sempre de acordo com a personalidade das ginastas e de seu físico: tamanho, se é longilínea, se é rápida, introvertida ou extrovertida... Aí, o trabalho já incluirá as ginastas que estarão chegando à equipe principal.

Às vezes, aparece um contratempo, como lembra Rhony: ele havia preparado uma coreografia para Flavia Saraiva com a música "Tico-Tico no Fubá" que passava a um trecho com instrumentos japoneses. Aconteceu que, em uma etapa de Copa do Mundo, uma ginasta espanhola se apresentou com a mesma música. Rhony teve de voltar atrás: "Ninguém ia acreditar que eu havia feito antes".