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Rebeca já tem prata, mas o melhor deve vir na final do salto

Rebeca Andrade exibe a medalha de prata conquistada no individual geral da ginástica artística nas Olimpíadas de Tóquio Imagem: REUTERS/Lindsey Wasson

Demétrio Vecchioli

Do UOL, em Tóquio (Japão)

31/07/2021 04h00

Medalhista de prata no individual geral, Rebeca Andrade ainda tem mais duas finais para competir, no solo e no salto, e a impressão é que o resultado de quinta-feira (29) foi só o começo, e pela prova onde ela tinha menos chances. Ainda assim, fez uma apresentação quase perfeita, exceto pelos dois passos no solo, e beliscou a medalha de prata na competição mais difícil da ginástica.

Agora, é alta a expectativa pelo que ela pode fazer no salto, amanhã (1) às 05h52, sem carregar nas costas o peso de uma medalha inédita para a ginástica feminina do Brasil, que ela já conquistou, e com uma margem maior para colocar seu corpo em risco. O pódio no salto é muito provável e o ouro é possível. Se fizer o que está acostumada, ganha pelo menos uma prata.

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Rebeca é um fenômeno do salto desde criança. Aos 12 anos, já fazia um movimento raro, o Amanar, que ela deixou de executar, ao menos em competições, pela fragilidade do seu corpo, já submetido a quatro cirurgias, sendo três no ligamento cruzado anterior (LCA) do joelho direito.

Na final do salto, que vai acontecer domingo, a partir das 5h35 pelo horário do Brasil, cada atleta apresenta dois saltos, que têm que ser diferentes entre si. A nota final é composta pela nota de execução e pela nota de partida, que é definida por uma tabela de quanto vale cada elemento.

Rebeca costuma saltar um Cheng, que tem nota de partida 6,0. Tanto na classificação quanto na final do individual geral sua nota de execução foi 9,4. Quinta, porém, ela teve um desconto de 0,1. Assim, tirou 15,400 no primeiro dia e 15,300 no segundo. Melhor do que qualquer salto da norte-americana Jade Carey, que fez duas apresentações de 15,166 na classificação e uma de 15,200 na final individual.

A dúvida é o que Rebeca vai apresentar como segundo salto. Na classificação, foi um Yurchenko com dois giros, que tem nota de partida 5,4. Apesar da boa execução (9,4 nas eliminatórias), que gerou somatória de 14,800, a média pode não ser suficiente para pegar a medalha de ouro. Tanto que, na fase classificação, ela ficou atrás de Carey.

Mas Rebeca tem o Amanar na manga, que tem nota de partida 5,8, e caberá à comissão técnica decidir se vale arriscar. Uma coisa é fazer o exercício com diversos colchões em treinamento. Outra, na competição, em uma superfície mais dura, podendo colocar em risco o joelho de Rebeca.

Há mais coisas a se colocar na balança. A começar o fato de ser uma final olímpica, chance única de conquistar uma medalha de ouro inédita para a ginástica feminina do Brasil. Mas também uma prova em que, em circunstâncias normais, Rebeca é pelo menos prata, e talvez não valha a pena perder a medalha certa.

Favorita antes de a Olimpíada começar, Simone Biles anunciou hoje (31) que não vai disputar a final do salto, depois de abandonar a final por equipes exatamente depois de uma apresentação ruim exatamente nesse aparelho. "Eu não tenho ideia de como pousei em pé naquele salto, porque se você olhar as fotos e meus olhos, consegue ver como estou confusa em relação a onde estou no ar. Não acho que vocês entendem quão perigoso isso é nas superfícies de competições duras", explicou.

No lugar de Biles vai competir a americana Mykayla Skinner, que não fez nenhum salto acima de 15,000 (um de 14,800, outro de 14,933) nas eliminatórias. Depois dela, a quinta foi a sul-coreana Seojeong Yeo, com 14,600 e 15,000. Em tese, a brasileira só fica atrás de Yeo se cometer um erro significativo.

Um dia depois do salto, Rebeca ainda disputa a final do solo, onde também briga com medalhas, mas em uma disputa bem mais aberta. Biles, que ainda não anunciou se participa da final, está um nível acima de todo mundo, como mostrou na seletiva (15,366 e 14,600), mas ficou atrás da italiana Vanessa Ferrari (14,166) na fase de classificação da Olimpíada, quando tirou 14,133. Ferrari ainda fez 14,100 na prova por equipes.

A briga pela medalha também tem a americana Jade Carrey (14,100 nas eliminatórias), a britânica Jessica Gadirova (14,033 nas eliminatórias) e as russas Viktoriia Listunova (14,166 na final por equipes) e Angelina Melnikova (14,000 nas eliminatórias e 13,966 nas outras duas apresentações).

Detalhes devem definir quem vai ao pódio, e Rebeca está na briga, depois de tirar 14,066 na sua apresentação na classificação. O que ela não pode, se quiser brigar por medalhas, é repetir os dois passinhos para fora que lhe tiraram o ouro no individual geral. Sem esses descontos, ela teria repetido o 14,066 das eliminatórias, que a deixam no bolo.

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