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Medalhista do tênis, Laura não sabia que estava inscrita nas Olimpíadas

Demétrio Vecchioli, Felipe Pereira e Domitila Becker

Do UOL, em Tóquio

31/07/2021 06h17

Medalha de bronze na disputa de duplas do tênis neste sábado (31), Laura Pigossi não sabia que estava inscrita para os Jogos Olímpicos de Tóquio até oito dias antes da viagem. A tenista estava prestes a jogar a semifinal de um torneio satélite em Nur-Sultan, no Cazaquistão, mas seu telefone celular não parava de tocar. O que poderia ser tão urgente para o gerente esportivo da Confederação Brasileira de Tênis (CBT), Eduardo Frick, insistir com tantas ligações?

Diante da insistência, atendeu. Do outro lado da linha, Frick perguntou se a número 188 do ranking mundial tinha vontade e disposição de pegar um avião e viajar para Japão para começar a disputar uma Olimpíada dali a exatos oito dias. Até aquele momento, Laura sequer sabia que existia essa possibilidade.

Ela descobriu que, em duplas, as 10 primeiras do ranking mundial têm lugar garantido, junto com as parceiras escolhidas, e quem vai jogar simples também pode formar duplas e se inscrever, com as vagas restantes sendo distribuídas com base do ranking somado das jogadoras.

Laura nunca achou que pudesse ter chance. Por isso, nem sequer conversou com a CBT sobre uma eventual inscrição. Sorte dela que Eduardo Frick resolveu arriscar. Sem nem avisar a jogadora, inscreveu a dupla dela com Luisa, e ficou esperando para ver o que acontecia.

No último dia de inscrições finais, a Federação Internacional de Tênis (ITF) avisou que havia sobrado uma vaga e, na lista de espera, o Brasil era o próximo. Foi aí que Frick ligou para Laura, para saber se ela queria jogar.

Faltava só uma hora para o fim do prazo de inscrição quando ela atendeu o telefone e disse que sim, claro. Já era de tarde no Cazaquistão, de manhã no Brasil, e ainda de madrugada nos Estados Unidos, onde estava Luisa Stefani. E aí veio a segunda dificuldade. Ela estava dormindo e não acordava de jeito nenhum. Acabou ouvindo o celular e recebendo a boa nova.

"Já tinha deixado para lá as Olimpíadas, queria muito ir, mas era o último dia e a gente estava fora da lista. Já tinha aceitado e estava torcendo para outros brasileiros. Aí ligaram com a melhor notícia impossível. Depois, uma das primeiras pessoas a ligar foi a Laura. As duas gritando no telefone... o resto é história", disse Luisa, logo após a conquista do bronze, em que venceram as russas Elena Vesnina e Veronika Kudermetova, atuais vice-campeãs de Wimbledon.