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Assim como na época de escola, Scheffer ficou no "cantinho" e levou medalha

Beatriz Cesarini e Domitila Becker

Do UOL, em Tóquio

28/07/2021 14h00

Fernando Scheffer era aquele estudante que ficava escondido na sala de aula, lá no cantinho. E foi assim que ele conquistou uma medalha de bronze para o Brasil na prova de 200m livre na natação das Olimpíadas de Tóquio. Em conversa com os jornalistas na base do Time Brasil, o nadador falou um pouco de sua personalidade, que reflete em sua preferência pelas raias de canto das piscinas.

"Eu prefiro as beiradas, porque acho que tem a ver com minha estratégia mental de prova. Gosto de imaginar que estou ali, nadando sozinho. Consigo esquecer os atletas adversários e focar na minha prova. Finjo que estou fazendo uma tomada de treino no meu clube", falou Scheffer à reportagem do UOL. "Lá na escola era asism também, eu sentava no cantinho do fundão, bem escondido", completou.

Fernando Scheffer entrou para a história ao conquistar a segunda medalha nacional nos 200m livre, de bronze, a quarta da delegação brasileira nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020. A última vez em que o Brasil ganhou uma medalha nessa prova foi em Atlanta-1996, com Gustavo Borges, que passou para a final com o sétimo tempo e largou da baliza do outro extremo da piscina, na raia 1 —ao lado da raia 8, são as duas nas laterais, que recebem mais ondulações.

Competição sem público

Por causa das medidas de combate ao coronavírus, as Olimpíadas de Tóquio não contam com torcedores nas arenas da capital japonesa. Scheffer comentou sobre a diferença de ter a torcida vibrando em uma competição tão importante quanto essa.

"É bem diferente competir e sem público. Quando tem gente assistindo, faz muita diferença, mas acho que nosso grupo tem uma atmosfera leve. Isso ajudava a gente a ficar tranquilo para nadar sem cobrança. A galera do Brasil também torceu muito e mandou mensagem. Essa energia ajudou bastante", comentou.

Qual a chance de surgir um novo Phelps?

Scheffer também falou sobre a importância de Michael Phelps na natação. O maior campeão olímpico da história está presente nas Olimpíadas de Tóquio, só que desta vez, como comentarista da NBC, uma das maiores emissoras dos Estados Unidos. Ele se aposentou em 2016.

"O feito do Phelps é surreal. A gente sabe que o que ele fez foi extraordinário. Sempre torcemos para que apareçam mais Phelps, porque isso só enriquece a natação. Só que eu acho que ainda vai demorar para aparecer outro atleta como ele", destacou.

Sonho é realidade

A conquista da medalha de bronze ainda é como um sonho para Fernando Scheffer. Ele revelou aos jornalistas que temeu fechar os olhos e se levantar no dia seguinte sem sua premiação histórica.

"Não queria dormir ontem, porque parecia que ia acordar e não ia ter mais a medalha. Não tem nem palavras para descrever. Quando a gente que chegou lá e valeu a pena? É muito bacana. Acho que o sentimento que mais me preenche agora é gratidão. Agradeço por todo mundo que me ajudou a chegar aqui: profissionais, adversários, atletas. Ter o privilégio de competir e fazer o que a gente ama é demais", finalizou.