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'Tira um urso das costas': Brasil chega a 3 medalhas no mesmo peso do judô

Chegada de Rogerio Sampaio ao aeroporto após o ouro em Barcelona-1992 - Fernando Santos/Folha Imagem
Chegada de Rogerio Sampaio ao aeroporto após o ouro em Barcelona-1992 Imagem: Fernando Santos/Folha Imagem

Denise Mirás

Colaboração para o UOL, de São Paulo

25/07/2021 08h42

Tradição é algo importante no judô. E o bronze de Daniel Cargnin nos meio-leves (66 kg) do judô hoje tira o peso da equipe brasileira de manter a série de medalhas em Olimpíadas. Nas palavras de Henrique Guimarães, "tira um urso das costas". E ele sabe do que está falando. Ele e Rogério Sampaio também lutavam nessa categoria e subiram ao pódio em Olimpíadas. Somando aos dois ouros de João Derly em Campeonatos Mundiais, a categoria meio-leve volta a ganhar importância para o judô nacional.

O peso agora é o terceiro que mais medalhas deu ao Brasil em Jogos Olímpicos. Lideram a estatística o meio-pesado (com os bronzes de Chiakii Ishii e Douglas Vieira e as duas medalhas, ouro e bronze, de Aurélio MIguel) e o leve (com a prata de Tiago Camilo e os bronzes de Luís Onmura e Leandro Guilheiro, que subiu duas vezes ao pódio).

Rogério Sampaio foi ouro em Barcelona-1992 e hoje é diretor-geral do Comitê Olímpico do Brasil (COB). Para ele, a medalha aumenta o entusiasmo do grupo: "Na hora da medalha, é uma explosão, uma alegria. Eu me sinto mito feliz por ele, por todos que podem ter a mesma emoção que senti".

Henrique Guimarães beija a medalha de bronze conquistada em Atlanta-1996 - Rio 2016/Marcos de Paula - Rio 2016/Marcos de Paula
Henrique Guimarães beija a medalha de bronze conquistada em Atlanta-1996
Imagem: Rio 2016/Marcos de Paula

Henrique Guimarães foi bronze em Atlanta-1996. Ele diz que a medalha é importante para a renovação da equipe masculina, que estava limitada desde Londres-2012. "O Daniel lutou muito consciente. Caiu numa chave favorável, que encaixava no jogo dele. Mostrou garra, o que é espírito olímpico: quando não dá na técnica, dá na vontade. Ele fez a parte dele, só perdeu para o japonês. Também é uma vitória importante porque tira o peso da equipe e aumenta o legado do judô."

"Na hora, passam todas as dificuldades pela cabeça que a gente tem antes [em referência à própria medalha]. Em 30 minutos, fica tudo pelas costas. E eu, como ele, tínhamos características fortes, mas não estávamos cotados para medalha. Acho que isso até ajuda a ter menos pressão. Não tem aquela história de já ir para as Olimpíadas com uma medalha no peito."

Rogério Sampaio fez questão de destacar que o dia de festa é de Daniel Cargnin. "É muito importante para ele, para a família dele. Um dia especial, que dá ainda entusiasmo para os próximos judocas que vão lutar. E importante porque mantém a tradição do judô, que sempre tem medalha no masculino, desde Los Angeles-1984."

Sobre o dia de sua própria medalha, em Barcelona, lembra que foi "bem longo", porque as competições começam pela manhã e a final só é disputada à noite. "A gente fica observando os adversários, qualquer informação que possa ajudar, posso auxiliar na competição. Estou muito feliz por ele, pelos outros que vejo sentindo a mesma emoção que eu senti."

Em Tóquio, Cargnin lutou pela primeira vez pouco antes da meia-noite de ontem (24) e só chegou à medalha às 7h18 da manhã.