Mais jovem em Tóquio, síria de 12 anos usou o esporte para superar a guerra
Participar de sua primeira Olimpíada aos 12 anos já é um grande desafio, mas não foi o maior que a mesa-tenista Hend Zaza precisou encarar na sua ainda curta carreira. Para chegar a Tóquio, a atleta dividiu o sonho de representar a Síria com o drama de viver no país que sofre com constantes guerras.
Zaza nasceu em Hama, cidade que foi destruída pela guerra na Síria. Hoje, ela mora em Damasco e encontrou no tênis de mesa uma alternativa para um futuro melhor.
"Estamos desafiando todas as condições. Somos capazes de controlar isso. Uma vez que vamos jogar, esquecemos tudo e só pensamos em jogar. Estamos treinando para que possamos desafiar o mundo inteiro e estamos à altura desse desafio", disse Hend, que também foi a porta-bandeira da Síria.
Pelo menos outra grande conquista Hend Zaza já tem. O título de atleta mais jovem na história dos Jogos Olímpicos de Tóquio. Ao fazer sua estreia hoje (23), às 21h45 (de Brasília), a garota terá 12 anos e 204 dias. Sua adversária será a austríaca Liu Jia, de 39 anos.
Antes de Hend Zaza, os atletas mais jovens a participarem de uma Olimpíada foram o espanhol Carlos Front (remo), com 11 anos, e a húngara Judit Kiss (natação), com 12, que estiveram nos Jogos de Barcelona, em 1992.
Apesar de ter se mudado para a capital da Síria, Zaza ainda sofre com a falta de estrutura no país. Além da dificuldade para conseguir os materiais, seus treinamentos são constantemente interrompidos por quedas de energia, e ela mal consegue encontrar adversários e parceiros para treinar. Realidade difícil, mas que não desanima a jovem atleta.
"Eu não vou parar de jogar. O tênis de mesa é minha vida. Passo o tempo todo jogando, exceto quando eu estudo. Estou trabalhando para ser campeã mundial e olímpica no futuro, e ser farmacêutica ou advogada com meus estudos. O esporte é vida", comenta a garota, que tem como ídolo a chinesa Ding Ning, que conquistou dois ouros (individual e por equipes) na Rio-2016.
Única representante do seu país no tênis de mesa, Hend quer agora dar um pouco de alegria aos seus compatriotas com sua presença em Tóquio. "Quero fazer o povo sírio feliz, não só eu, mas em todos os esportes que nós praticamos. Vamos dizer a eles que estamos preparados e que os amamos muito", concluiu.
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