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"Rivais" na infância, Vittoria Lopes e Luiz Altamir vão juntos para Tóquio

Primos, Vittoria Lopes e Luiz Altamir foram "rivais" na infância e representarão o Brasil em Tóquio - Reprodução/Instagram
Primos, Vittoria Lopes e Luiz Altamir foram "rivais" na infância e representarão o Brasil em Tóquio Imagem: Reprodução/Instagram

Letícia Lázaro

Colaboração para o UOL, em São Paulo

16/07/2021 04h00

A família da triatleta Vittoria Lopes e do nadador Luiz Altamir sempre esteve ligada aos esportes. Logo cedo, os primos Vittoria e Luiz já começaram a dar suas primeiras braçadas na piscina da academia da família, em Fortaleza. Hoje, aos 25 anos, os dois disputarão os Jogos Olímpicos de Tóquio: ele, pela natação; e ela, pelo triatlo.

O sonho olímpico sempre foi compartilhado por Vittoria e Luiz. A triatleta conta que, durante a infância, a Olimpíada já era o tema central das brincadeiras entre eles. A competição pessoal entre os dois, ainda crianças, também era algo recorrente.

"A gente entrava no mar, um puxava o outro, passava por cima do outro, puxava o pé. Podia até ser o último, mas a gente queria um ganhar do outro. Ou, às vezes, queria ganhar tudo só para dizer que ganhou", divertiu-se Vittoria, relembrando a infância, em entrevista ao UOL Esporte.

Vindos de uma família em que o esporte é comum, os dois cresceram em um ambiente competitivo. Vittoria explica que essa competição sempre foi saudável.

"Sempre rolou essa competição na família. Mas a gente não via isso como um peso, era mais como coisa de criança. Fez parte da nossa criação", ela explica. "Sempre rolava, meu avô chegava nas festas e dizia: 'Esse é campeão brasileiro, essa é campeã brasileira'. Sabe aquela coisa de orgulho? Coisa de família."

Hoje a história é outra. Os dois, que "infernizavam" os tios na infância, tornaram-se grandes nomes no esporte olímpico brasileiro. Luiz é uma das esperanças na nova geração da natação brasileira. Há dois anos, conquistou a medalha de ouro no revezamento 4x100m medley nos Jogos Pan-Americanos de Lima.

Vittoria, por sua vez, é destaque no triatlo feminino brasileiro. Também no Pan de Lima, há dois anos, a triatleta ficou com a medalha de prata, fazendo uma dobradinha brasileira no pódio da modalidade com Luísa Baptista, que conquistou o ouro.

Brasileiras do triatlo fazem dobradinha no Pan-2019: Luisa Baptista (de costas), que levou o ouro, abraça Vittoria Lopes, que conquistou a prata - Marcos Brindicci / Lima 2019  - Marcos Brindicci / Lima 2019
Luisa Baptista (de costas), abraça Vittoria Lopes, que conquistou a prata
Imagem: Marcos Brindicci / Lima 2019

Apesar de terem crescido juntos, as agendas competitivas acabaram afastando Vittoria e Luiz com o passar dos anos. Mesmo assim, quando é possível, os dois se reencontram. A triatleta espera poder ver o primo na Vila Olímpica. Ter um rosto conhecido em Tóquio pode ser um alento em uma Olimpíada tão atípica devido às restrições impostas pela covid-19.

"Ano passado eu fui para o Rio me tratar de lesão e me encontrei com ele. Então nossa rotina está se reencontrando. E é muito legal. Dá aquele confortinho. Se acontecer alguma coisa, eu grito", ela disse.

Debutante olímpica

Será a primeira Olimpíada de Vittoria, que não chegou a pedir dicas para o primo, que é mais experiente na competição. Luiz esteve nos Jogos Olímpicos do Rio, há cinco anos.

"Como é minha primeira Olimpíada, eu ainda estou me descobrindo. Eu não parei ainda para relaxar e fazer perguntas. Eu pergunto mais para gente do triatlo. Mas, para o Luiz, esse bate-papo, ainda não teve."

A triatleta embarca para o Japão no próximo dia 20. Vittoria, que passou a infância competindo na natação, assim como seu primo, dedica-se totalmente ao triatlo desde 2015. Ela é filha de Hedla Lopes, ex-nadadora e primeira mulher nordestina a competir nos Jogos Pan-Americanos, em 1975, e que atualmente também é triatleta.

Vittoria teve a vaga para Tóquio anunciada em junho, mas estava no processo de somar pontos para subir no ranking olímpico e conquistar sua classificação desde 2018. Ela vai para o Japão buscando, pelo menos, ficar entre as dez melhores na competição.

"Eu sonho com medalha porque eu tenho condições. Mas, ao mesmo tempo, eu prefiro pensar de uma maneira um pouco mais pé no chão", admitiu. "É minha primeira Olimpíada. Então eu confesso que um top 10 seria um sonho para mim", concluiu.