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Hospedado em foco de covid, judô do Brasil está "enjaulado" em Hamamatsu

Judô brasileiro treina em isolamento total em Hamamatsu - Gaspar Nóbrega/COB
Judô brasileiro treina em isolamento total em Hamamatsu Imagem: Gaspar Nóbrega/COB

Denise Mirás

Colaboração para o UOL, em São Paulo

15/07/2021 11h13

"Uma jaula": é essa a definição de Ney Wilson, chefe de equipe do judô brasileiro, sobre o local de treinos em Hamamatsu, na reta final de preparação do grupo para as Olimpíadas de Tóquio. Os brasileiros encontram-se totalmente isolados, na área de treinos, e também no hotel onde estão hospedados, que já teve sete casos positivos de covid-19 entre funcionários, segundo o número oficial da prefeitura. Mas que chega a 11, com a confirmação de alguns familiares também positivados - essa informação publicada inicialmente por O Globo e confirmada pelo UOL.

Apenas um dos funcionários apresentou um pouco de febre, mas a maioria está assintomática. O sistema de saúde da cidade prevê isolamento em alguns hotéis para casos leves, que são monitorados pelo centro médico, conforme apuração do UOL. A cidade de Hamamatsu, localizada a 250 km de Tóquio, é uma das nove que receberá os atletas brasileiros antes dos Jogos Olímpicos. É, também, a que terá o maior número de integrantes da delegação olímpica do Brasil. Por isso, o clima da cidade é tenso.

O hotel em Hamamatsu já está classificado como um foco de covid-19, segundo o jornal japonês Asahi Shimbun. Nesta quinta-feira (15), essa reportagem, que ainda menciona as dificuldades dos japoneses para conter a pandemia, é a mais lida do site do jornal, um dos maiores e mais tradicionais do país, com circulação de mais de 6,7 milhões de exemplares diários.

Com os casos de covid identificados, Ney Wilson, o chefe da delegação do judô, reafirmou em coletiva de imprensa realizada hoje (15), que o protocolo está sendo muito rígido. "No início, algumas coisas até chatearam, pelo rigor. Mas hoje nos sentimos seguros. Seguimos todos os protocolos, com máscaras, nada de aglomeração. No hotel, ficamos em uma área isolada, sem contato com ninguém deles, nem com a recepção. Nossa saída é especial, o elevador, exclusivo. Nem tocamos o botão dele - tem uma pessoa para isso."

Sobre o fato de funcionários do restaurante do hotel estarem entre os positivados, Ney Wilson detalhou: "Sobre a alimentação, temos um restaurante exclusivo, com culinária adaptada ao Brasil, de acordo com a área de nutrição [do Comitê Olímpico do Brasil, o COB] e o chef contratado. Mesas longas, cada pessoa fica dois metros distante da outra. São cinco fileiras e ninguém de frente para o outro. Todos olhando de frente para a parede."

Para entrar no restaurante, segundo ele, é auferida a temperatura de todos e cada um usa duas luvas plásticas para se servir. E toda alimentação é colocada antes, sem contato com funcionários. " Acredito que seja bem seguro", assinala. "Ficamos nessa área isolada, com todos os protocolos, e não tivemos nenhum caso entre o pessoal de apoio."

Estes serão Jogos "da paciência e da calma", define o chefe de equipe. Ainda assim, providências inéditas estão sendo tomadas pelo judô. "Ainda chega um segundo grupo da equipe, que ficará independente deste primeiro, que está aqui há cinco dias, até nossa entrada na Vila Olímpica, no dia 22. Por enquanto não haverá contato entre os dois grupos. Serão espaços diferentes, testagens, alimentação e treinos em horários diferentes, para dar segurança a quem já está aqui e quem está chegando. Mesmo o transporte é diferente. E no local dos treinamentos, não tem ninguém lá. Lá é uma jaula. Tem um vidro. Só podem olhar do lado de fora."