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Brasil passa susto, mas goleia Emirados no último jogo antes das Olimpíadas

Diego Carlos comemora gol pela seleção olímpica em amistoso contra os Emirados Árabes Unidos - Lucas Figueiredo/CBF
Diego Carlos comemora gol pela seleção olímpica em amistoso contra os Emirados Árabes Unidos Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Igor Siqueira

Do UOL, no Rio de Janeiro

15/07/2021 17h56

O placar de 5 a 2 até engana. Apesar dos sustos que a seleção olímpica levou, pelo menos a equipe treinada por André Jardine ganhou moral no último amistoso antes dos Jogos Olímpicos de Tóquio. O Brasil venceu os Emirados Árabes Unidos, hoje (15), na Sérvia, e agora pode focar definitivamente na estreia contra a Alemanha, dia 22, em Yokohama, às 8h30 (de Brasília).

Foi um caminhão de gols por causa de falhas defensivas brasileiras e uma reação com a mudança de postura e substituições que ocorreram no segundo tempo. Por parte do Brasil, balançaram as redes Diego Carlos, Reinier, Martinelli e Matheus Cunha (duas vezes).

Como ressalva, além da necessidade de ganhar entrosamento e evoluir na parte física, o Brasil ainda não contou com todos os jogadores convocados. Faltaram Douglas Luiz e Richarlison, que certamente serão titulares, além de Malcom, convocado por último e que se apresenta no Japão.

Quem foi bem

Antony foi a melhor alternativa ofensiva do Brasil. Ele distribuiu dribles, cruzamentos perigosos, perdeu chance clara, é verdade, mas foi o mais insinuante do time. Responsável pelas bolas paradas, bateu o escanteio que resultou no gol de Diego Carlos. Ainda precisa melhorar nas finalizações, mas o papel de articulador foi muito bem executado. A ousadia com a bola no pé pode ser importante em Tóquio para quebrar marcações bem postadas durante o torneio. Ainda no setor ofensivo, Martinelli entrou bem no segundo tempo, mostrando que pode ser boa opção. Malcon e Richarlison ainda não estiveram com o grupo.

O homem que mudou o jogo: Daniel Alves

A melhora da seleção brasileira no segundo tempo passa pela participação mais efetiva do capitão e mais experiente do grupo: Daniel Alves. Na etapa inicial, o jogador de 38 anos não foi muito à linha de fundo e tampouco conduziu a articulação na faixa mais central do campo. O time se encaixou melhor justamente quando Daniel achou seu posicionamento na faixa direita do campo, apoiando como se fosse um meia, distribuindo melhor a bola e desestruturando de vez a seleção dos Emirados.

Quem foi mal

O zagueiro Nino ainda precisa evoluir no entendimento com Diego Carlos. Os dois gols saíram na conta dele. A comunicação com o goleiro Santos também falhou, gerando um desentendimento sobre quem chegaria na bola na jogada que resultou no primeiro gol dos Emirados Árabes. Nino, contra, levou o (des)crédito pela falha. No segundo gol, deu liberdade para o toque de cabeça de Alnaqbi.

Durante a semana, em entrevista coletiva, o zagueiro do Fluminense já tinha comentado sobre a dificuldade de entrosamento e que isso só seria sanado com o tempo, em campo. Agora, falta menos tempo para compensar essa defasagem no sistema defensivo. A atuação de Diego Carlos fica com saldo melhor por causa do gol, em boa participação em lance pelo alto.

Quem pode melhorar

Convocado como lateral-direito, Gabriel Menino foi titular como volante porque Jardine ainda não contou com Douglas Luiz, que deve formar o meio-campo com Bruno Guimarães e Claudinho. Menino foi afobado em alguns lances, como no carrinho duro que deu na construção da jogada do gol adversário. A distribuição do jogo melhorou no segundo tempo, mas ele pode render mais.

O próprio Claudinho é outro com potencial para render mais na seleção olímpica. Ele aparenta desconforto no posicionamento em campo, sem saber se fica mais atrás para construir a jogada ou ser mais agressivo, ficando mais perto da área.

Questões físicas

Jardine já sabia que alguns jogadores, por estarem voltando de férias, ainda não estariam nas melhores condições físicas. Paulinho, especialmente, porque ficou a maior parte da temporada em recuperação da lesão ligamentar no joelho direito. O atacante atuou aberto pela esquerda, teve algumas chances de marcar na etapa inicial, mas não foi tão bem. Mentalmente, pelo menos, o jogador está em ascensão. Hoje (15) é aniversário dele. Durante o almoço, fez um discurso e lembrou que nesta mesma data, no ano passado, ele estava de muletas.

Reinier comemora gol pela seleção olímpica em amistoso contra Emirados Árabes Unidos - Lucas Figueiredo/CBF - Lucas Figueiredo/CBF
Reinier comemora gol pela seleção olímpica em amistoso contra Emirados Árabes Unidos
Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

A dinâmica do jogo

O Brasil saiu perdendo por causa do gol contra de Nino, ainda aos 20 minutos do primeiro tempo. O time ficou um pouco perdido por ter dificuldade de encaixe na frente. O empate veio pouco antes do intervalo, com Diego Carlos, de cabeça. No segundo tempo, o Brasil foi mais agressivo na frente, mas teve outra bobeira lá trás e voltou a ficar em desvantagem após cabeçada de Alnaqbi. Depois desse susto, o time se concentrou e, com as alterações de ambos os lados, deslanchou. Reinier empatou, Martinelli virou e Matheus Cunha, artilheiro da seleção olímpica, selou a goleada com duas bolas na rede.

Árbitro e o cachorro

O sérvio Marko Ivkovic, árbitro do jogo da seleção olímpica, tem uma história curiosa na carreira. Em um amistoso, ele já chegou a mostrar cartão vermelho... para um cachorro que invadiu o campo.

Música nova

A CBF lançou durante o intervalo da Globo a música que foi composta para embalar a campanha da seleção olímpica masculina na caminhada no Japão. O título é "Moleque de Seleção". Domingo, no Esporte Espetacular, está previsto o lançamento da música para a seleção feminina.

FICHA TÉCNICA
BRASIL 5 X 2 EMIRADOS ÁRABES UNIDOS

Local: Estádio Karadorde, em Novi Sad, Sérvia
Data/hora: 15/7/2021, às 16h (de Brasília)
Árbitro: Marko Ivkovic (Sérvia)
Assistentes: Nikola Rijavec e Ilija Lovre (Sérvia)
Cartões amarelos: Daniel Alves (BRA); Abdalla Alnaqbi e Rakaan Almenhali (EAU)
Gols: Nino, contra, 20'1ºT (0-1); Diego Carlos, 43'/1ºT (1-1); Alnaqbi, 21'/2ºT (1-2); Reinier, 32'/2ºT (2-2); Martinelli, 36'/2ºT (3-2); Matheus Cunha, 39'/2ºT (4-2) e 45'/2ºT (5-2)

BRASIL: Santos, Daniel Alves, Nino (Bruno Fuchs), Diego Carlos (Ricardo Graça) e Guilherme Arana (Abner Vinícius); Gabriel Menino, Bruno Guimarães (Matheus Henrique) e Claudinho (Gabriel Martinelli); Paulinho (Reinier), Antony e Matheus Cunha. Técnico: André Jardine

EMIRADOS ÁRABES UNIDOS: Rakaan Almenhali, Marwan Alwatani, Eid Alnuaimi, Yousif Almheiri e Faris Al Marzooqi; Ahmed Alhammadi (Hussain Sadeq), Khalfan Alhammadi, Abdallah Sultan, Khaled Albalushi (Yousef Almansouri) e Saeed Alkaabi (Rashed Mubarak); Abdalla Alnaqbi (Ghanem Mohamed). Técnico: Denis Silva.