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"Depois de perder, continuei motivado, porque percebi que ali estava começando outra competição. Pensei: vou buscar o bronze"
O judô brasileiro manteve a tradição de há 20 anos subir ao pódio olímpico e conquistou nesta segunda-feira a primeira medalha para o país em Atenas-04. Como em Sydney-2000, a façanha coube à categoria leve (até 73 kg), com Leandro Guilheiro arrebatando o bronze.

Há quatro anos, o então desconhecido Tiago Camilo, com 18 anos, surpreendeu o mundo e obteve a prata na Austrália. Na Grécia, o paulista -também caçula da seleção, com 21 anos completos no começo deste mês- igualmente valeu-se de sua pouca fama para superar favoritos ao ouro.

O atual campeão mundial júnior (título conquistado em 2002 na Coréia do Sul) então adotou a tática de tomar a iniciativa. Assim, forçou o moldávio Victor Bivol a cometer três penalizações por falta de combatividade, resultando em um waza-ari e um koká, na definição da medalha de bronze.

As outras competições internacionais de peso que Guilheiro disputara neste ano foram duas etapas do Circuito Europeu. Assim, não teve suas características analisadas por seus rivais. "A pior coisa, para mim e para todos, é pegar um adversário desconhecido. Como não competi muito na Europa e sou pouco conhecido, posso tirar proveito disso", dissera ele antes de estrear em Olimpíadas.

O estudo dos rivais é uma das estratégias mais importantes para a obtenção de grandes resultados. O Japão, grande potência do judô mundial -já levou três das seis medalhas de ouro disputadas até agora em Atenas-, investe em olheiros que viajam por toda a Europa e filmam em detalhes todos os seus possíveis rivais.

A falta de favoritismo também o auxiliou na campanha. "Nunca fui pressionado por ninguém. Só eu me cobrava bastante."

Porém foi justamente a inexperiência que tirou a chance dourada do brasileiro. "O francês me enrolou bastante e acabei perdendo. Mas continuei motivado, porque percebi que ali começava outra competição. Pensei: 'vou buscar o bronze'", afirmou ele, referindo-se à derrota para Daniel Fernandes, atual vice-campeão mundial, nas quartas-de-final.

Guilheiro também apontou como dificuldades a técnica do espanhol Kiyoshi Uematsu, campeão europeu (primeira rodada), e a força do georgiano David Kevkhishvili (última luta da repescagem) e do próprio Bivol. "Ele tinha muito mais força do que eu. Mas a tática dele não deu certo e acabou sendo punido três vezes."

Além deles, o paulista superou o haitiano Ernerst Laraque, a quem havia vencido na etapa de Paris do Circuito Europeu, o polonês Krzysztof Wilkomirski e o israelense Yoel Razvozov, vice-campeão europeu.

Antes de Guilheiro, os irmãos Camilo haviam dominado a categoria. Tiago era o nome brasileiro na categoria até subir de peso. Depois, seu irmão Luiz venceu seletivas e passou a ser o titular -foi ouro no Pan-Americano de Santo Domingo e disputou o Mundial do ano passado. Neste ano, Luiz se contundiu e não voltou ao nível para oferecer resistência a Guilheiro.

Guilheiro é treinado em Santos por Rogério Sampaio, campeão olímpico na categoria meio-leve em Barcelona-1992, e teve aulas com Aurélio Miguel, ouro em Seul-88 e bronze quatro anos depois como meio-pesado.


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  FICHA TÉCNICA

Nome completo: Leandro Marques Guilheiro

Data de nascimento: 07/08/1983

Local de nascimento: Suzano (SP)

Altura: 1,77 m

Peso: 73 kg

Residência: Santos (SP)

Clube: São Paulo FC/AJ Rogério Sampaio

Participações em Olimpíadas: estreante

Principais conquistas: campeão do Mundial júnior de 2002


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