Cinco medalhas. Nenhum outro brasileiro tem um desempenho tão bom em Olimpíadas quanto Torben Grael. E o recorde foi obtido da melhor forma possível, com a conquista do ouro na classe Star. Ao lado do companheiro Marcelo Ferreira, Grael foi dominante em Atenas, tanto que ganhou o título com uma regata de antecipação e se tornou, com 44 anos, o velejador mais premiado na história dos Jogos.
Dominantes, Grael e Ferreira chegam ao ouro com 42 pontos perdidos | | | | Precisando apenas de um décimo lugar para garantir o ouro com antecedência, a Grael e Ferreira ficaram o tempo todo entre os dez primeiros. Como os rivais não tinham mais chances de ameaçá-los, os brasileiros navegaram tranquilos para o ouro, terminando a regata na quarta colocação. (leia mais) Com o título, Grael se isola na condição de maior medalhista brasileiro (cinco), deixando o nadador Gustavo Borges para trás. O título também colocou o Brasil temporariamente entre os 20 primeiros colocados no quadro de medalhas (veja a classificação geral). A dupla brasileira não chegou a Atenas na condição de favorita (é apenas a 14ª do ranking mundial), mas no mar deu um banho nos rivais, ficando entre os primeiros colocados em todas as regatas. A explicação pode estar na Baía de Guanabara. Segundo Grael, as condições da raia de Atenas são bastante parecidas com as do Rio de Janeiro, onde a dupla treina. Com a conquista, Grael e Ferreira escreveram os seus nomes na seleta galeria de bicampeões olímpicos brasileiros. Eles se juntam a Adhemar Ferreira da Silva, ouro no salto triplo em Helsinque-1952 e Melbourne-56, e a Robert Scheidt, campeão na classe Laser da vela em Atlanta-96 e Atenas-04. O primeiro título olímpico de Grael e Ferreira também foi em Atlanta-96. Quatro anos depois, a dupla voltou ao pódio, com o bronze de Sydney-00. Mas Torben Grael já tinha vivido essa situação na década de 80, quando foi prata em Los Angeles-84 na classe Soling, com Daniel Adrle e Ronaldo Senfft. Quatro anos depois, em Seul-88, foi bronze na Star junto com Nelson Falcão. Amargou um 11º lugar em Barcelona-1992, única vez em que não ganhou medalha. Velejador desde os sete anos de idade, quando ganhou seu primeiro barco, da classe Pingüim, Grael disputou em Atenas a sexta Olimpíada de sua carreira, outro recorde envolvendo atletas brasileiros. Assim, nada mais justa sua escolha para carregar a bandeira nacional na cerimônia de abertura na Grécia. Ele é considerado o mais completo velejador do país. Tudo começou na baía de São Francisco, em Niterói (RJ), com os ensinamentos do avô, o dinamarquês Preben Schmidt, e dos tios Erik e Axel, dupla tricampeã mundial e representante brasileira nas Olimpíadas de 1968 e 1972. O primeiro parceiro foi o irmão Lars, com quem conquistou vários títulos da classe Snipe no início dos anos 80. Já Marcelo Ferreira começou na vela "por acaso", como mesmo define. Convidado por um amigo, velejou a primeira vez aos 12 anos. Foi paixão à primeira vista. Nunca mais abandonou os mares e não pretende fazer tão cedo. Passou pelas classes Laser e 470 até desembarcar na Star, em 1989. E, ao lado de Torben Grael, não demorou para conquistar títulos. No ano seguinte já era campeão mundial. O feito repetiria-se sete anos depois, desta vez, ao lado de Alemão. Mas as maiores glórias foram mesmo conquistadas ao lado de Grael. O bicampeonato olímpico prova isso. Leia mais. Confira como o UOL Esporte noticiou | | | | | |