O brasileiro Washington Silva foi o único que deu sorte no sorteio das chaves no torneio de boxe. O único problema foi que ele pegou o mais forte entre os possíveis adversários logo na estréia. Ele acabou derrotado por Ali Ismayilov, do Azerbaijão, e foi eliminado logo na estréia Olímpica. Washington tem uma das histórias mais inusitadas da seleção brasileira. Ele nasceu em Diadema, na grande São Paulo, mas deixou a cidade com dois anos, quando seus pais voltaram para a Bahia, para viver na cidade de Rio das Almas. Em 1997, ele resolveu voltar para a capital paulista, procurando emprego. Encontrou no Corinthians, um dos maiores clubes de cidade. Foi segurança e até gandula do clube. Ao mesmo tempo, começou a praticar boxe.
Em 1998, foi campeão da "Forja dos Campeões", torneio para lutadores que nunca tinham subido ao ringue antes, vencendo todas as suas lutas por nocaute. O título deu impulso à carreira. A partir de 2001, Washington chegou à seleção e começou a se preparar para as Olimpíadas de Atenas. Nessa época, o Corinthians teve um papel determinante em sua carreira. Ao invés de demitir o boxeador, que não poderia mais trabalhar todos os dias por causa dos treinos, o clube resolveu mantê-lo em seu quadro de funcionários, pagando seu salário, em uma espécie de patrocínio. Hoje, ele é fiscal do departamento de tênis, mas há meses não aparece no Corinthians.
O lutador superou vários problemas para conquistar sua vaga para os Jogos. Depois de ser nocauteado no Pan-Americano de Santo Domingo, ele quebrou a mão no Campeonato Brasileiro e se recuperou apenas três semanas antes do Pré-Olímpico de Tijuana, em março deste ano. Não bastasse a falta de ritmo, ele ainda pegou uma virose assim que começou a treinar para a competição. Chegou ao México mal preparado e não conquistou a vaga. E o pior: perdeu para um velho conhecido, a quem já havia superado várias vezes.